Mãe de João Henrique, 14 anos, e dos gêmeos Miguel e Vitor, 11, a professora Carla Borba escreveu um texto trazendo reflexões sobre o ano letivo de 2020, atípico por causa da pandemia do novo coronavírus.

Em meio a tantos pais angustiados com receio de que não haja tempo para concluir o ano - as aulas em Pernambuco estão suspensas desde 18 de março - Carla diz que o importante é ter a prole emocionalmente bem.

Leia, abaixo, o texto de Carla, que é professora do Departamento de Hotelaria e Turismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE):

"Eu tenho ouvido e lido vários comentários com esta frase. Será que isto é realmente o mais importante neste momento? Ou será que o importante mesmo é estarmos saudáveis fisicamente e emocionalmente? E, se o ano estiver perdido, qual o problema? Estamos correndo para onde mesmo? Por que não conseguimos respeitar certas pausas ou mesmo desfazer um planejamento que criamos em nossa mente para o ano de 2020?

Este momento da covid-19 me faz refletir sobre o que sacrificamos para alcançar alguns patamares. Eu sou totalmente a favor do suor e das conquistas. No entanto, com estatísticas de um mundo cada vez mais doente emocionalmente, depressões e suicídios atingindo números nunca vistos antes, eu penso que precisamos aprender sobre leveza.

Vamos imaginar que os meus três filhos irão perder o ano letivo. E daí? Se estiverem saudáveis e vivos, sem sequelas de nada, terão condições de seguirem tranquilos na vida. Há uma pressão incrível com o desconhecido que estamos vivendo na educação. Está correto este modelo de aula on line que os nossos filhos estão tendo acesso? Tenho certeza, como educadora, de que não, mas é o que temos para o momento. O mundo todo está assim.

Há muitos envolvidos nesta questão da educação: os professores que se esforçam em um mundo virtual desconhecido, os alunos que também passam a precisar usar ferramentas que não eram utilizadas como principais fontes de aprendizagem, pais que não conseguem dar conta da sua vida e das tarefas dos filhos. Ufa! Não há culpado, mas há muito aprendizado.

Em que seremos diferentes? Quanto deveremos cobrar de nós mesmos e dos outros ao nosso redor? Quanto tempo queremos dedicar ao trabalho e à família após esta experiência? E aos amigos e familiares? Precisamos achar que sairemos melhores, mais positivos, porque temos superado grandes e inimagináveis desafios.

Seremos mais seletivos, mais criativos, mais inovadores e, tenho fé, mais humanos".