PORTAS FECHADAS

Colégio da Sagrada Família, no Recife, confirma encerramento das atividades pedagógicas

A escola comunicou o encerramento das atividades nesta segunda-feira (26)

Carolina Fonsêca
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Carolina Fonsêca
Publicado em 26/10/2020 às 17:46 | Atualizado em 26/10/2020 às 17:54
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O Colégio da Sagrada Família tem 115 anos de existência. - FOTO: REPRODUÇÃO/FACEBOOK

O Colégio da Sagrada Família, localizado no bairro de Casa Forte, na Zona Norte do Recife, vai fechar as portas. Em um comunicado enviado aos pais e responsáveis pelos alunos, nesta segunda-feira (26), a instituição oficializou que encerrará as atividades no dia 31 de dezembro de 2020. O colégio tem 115 anos de história. 

A escola tem, hoje, cerca de 260 alunos matriculados da Educação Infantil ao 9º anos do Ensino Fundamental. Começou o ano com um número maior, mas o quadro foi reduzindo por causa da pandemia. Mesmo com o encerramento das atividades anunciados, a escola cumprirá a etapa restante do ano letivo.

A carta à comunidade escolar afirma que a estrutura antiga do colégio demandou várias reformas para responder as exigências das leis de mobilidade e para melhorar o acesso dos alunos. Somou-se a essa necessidade a inadimplência recorrente nos últimos anos, além da chegada da pandemia da covid-19 e seus efeitos econômicos. 

"A redução do quadro de alunos, os descontos de 20% nas mensalidades, a inadimplência que já vinha nos acompanhando nestes últimos anos, as exigências de leis e normas a serem cumpridas e a incerteza quanto ao futuro, obrigamo-nos a uma tomada de decisão mais radical", lista a carta. 

Em entrevista ao JC, a vice-diretora Rejane Albuquerque, lamentou a situação. "Agradeço toda a confiança por esses anos, a escola é centenária, infelizmente chegou nesta situação. Mas a gente agradece a cada família pelo apoio, compreensão e parceria, assim como aos professores e funcionários", disse. 

Esperança em reverter a situação do colégio 

Mãe de dois alunos da escola, a psicóloga e escritora Alinne Gama foi pega de surpresa pelo comunicado. "Para mim, em particular, foi muito de surpresa. Hoje pela manhã teve aula normal, depois recebemos essa carta e ficamos muito impactados. Uma escola que faz tanto, honra tanto a caridade, está precisando, agora, receber. Acho que a maioria dos pais, não posso falar por todos, mas acho que o sentimento que fica, de quem realmente acredita no trabalho deles, é esse, de que agora chegou a nossa vez de ajudar a escola. Sou mãe de três crianças e duas estudam lá. Eu busco ensinar meus filhos os valores do amor e da caridade. E por isso acredito no trabalho do Sagrada Família", disse. 

Para Alinne, a situação do Sagrada Família pode ser revertida se houver mobilização. "Acredito que qualquer mobilização que venha buscar mudar esse cenário, por tudo que o Sagrada Família representa, em relação a tudo que eles fazem de caridade, uma escola que não atua pelo lucro, é muito mais em prol do próximo, o olhar humano. A quantidade de crianças que são assistidas ali, por conta da questão da deficiência, da inclusão social, de vida de fato dentro do ambiente escolar. O contexto da escolar no sentido da humanidade, do amor, da caridade. São 115 anos de escola, então assim, é tão angustiante, é um sentimento muito doloroso imaginar que vai fechar as portas por falta de dinheiro. Quem sabe a gente mobilizando pessoas de bom coração e generosas possam ajudar com o que for necessário. Acredito muito na união e nessa organização no sentido do bem maior", acrescentou. 

Por parte da escola, porém, há menos otimismo. "Eu diria que hoje não [há a possibilidade de reverter o cenário]. Mas tudo pode acontecer. Hoje não temos essa visão, mas tudo pode acontecer, não é?", completou. 

 

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