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Ambiente escolar é ‘hostil’ a alunos LGBTI, diz relatório da Unesco

Neste 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho LGBT e em meio à polêmica provocada por uma escola do Grande Recife, relatório da Unesco revela que estudantes LGBT da América Latina sofrem com preconceito nas escolas

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AFP

Publicado em 28/06/2021 às 17:46 | Atualizado em 28/06/2021 às 17:52
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Com redação

Neste 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho LGBT, um relatório da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) revela que estudantes LGBTI são vitimizados e sofrem com 'um ambiente escolar hostil' na América Latina. No último sábado (26), um escola localizada em Camaragibe, no Grande Recife, fez um post numa rede social criticando uma campanha publicitária que explica, por meio de depoimentos de crianças, a sigla LGBTQIA+.

No relatório, a Unesco faz um apelo por uma maior inclusão e educação sobre a diversidade sexual. Essa situação gera insegurança e dobra a probabilidade de abandono escolar por esses alunos, levando-os a sofrer altos graus de depressão, segundo estudo realizado na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e Uruguai, publicado pela Unesco de sua sede regional em Santiago.

A maioria dos estudantes LGBTI teve uma experiência negativa devido às atitudes do corpo docente em relação à orientação sexual e expressão de gênero. Apenas dois terços dos alunos declararam que um professor interveio antes do uso da linguagem homofóbica ou transfóbica na escola.

“Isso não afeta apenas sua dignidade, mas também seu desenvolvimento socioemocional e aprendizagem, e pode fazer com que as pessoas afetadas abandonem completamente a escola”, destacou Javier González, diretor da Summa, um laboratório de pesquisa e inovação em educação que participou da pesquisa.

De acordo com o relatório, no Chile, quatro em cada cinco estudantes LGBTI não se sentem seguros, enquanto no México, 75% foram alvo de assédio verbal e insultos e 66% sofreram bullying. Enquanto isso, na Colômbia, 15% dos alunos LGBTI sofreram violência por causa de sua orientação sexual e, no Peru, 17% foram vítimas de agressões físicas.

Manos Antoninis, diretor do Relatório de Monitoramento da Educação no Mundo da Unesco, argumenta que “as escolas devem ser inclusivas” para que “a sociedade seja inclusiva”. "Ensinar que 'certo tipo de pessoa não é aceitável' afetará o comportamento de meninas e meninos em relação a outros indivíduos", acrescentou.

Os jovens LGBTI também são afetados pela falta de diversidade entre os professores e pelas disposições adotadas em países como o Brasil, onde o governo se comprometeu a eliminar conteúdos LGBTI dos livros didáticos, ou no Paraguai, onde foi proibida a disseminação e o uso de materiais educativos sobre estudos de gênero.

“Devemos preparar o corpo docente para criar ambientes escolares mais inclusivos e para que os alunos se sintam seguros para denunciar caso sejam vítimas de assédio”, afirmou Claudia Uribe, diretora do escritório de educação da Unesco na América Latina.

SAÚDE

A Unesco e a OMS lançaram os Padrões Globais para Escolas Promotoras de Saúde. A meta do pacote de recursos é melhorar a saúde e o bem-estar de 1,9 bilhão de crianças e adolescentes em idade escolar.

O fechamento de centros educacionais em todo o mundo durante a pandemia causou graves interrupções na educação. Estima-se que 365 milhões de alunos do ensino fundamental ficaram sem merenda escolar. Aumentos de estresse, ansiedade e outros problemas de saúde mental também foram observados no período.

Em comunicado, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, disse que estes novos padrões “são projetados para criar escolas que estimulem a educação e a saúde, e que equipem os alunos com o conhecimento e as capacidades para sua saúde e bem-estar futuros, empregabilidade e perspectivas de vida.”

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