COLUNA ENEM E EDUCAÇÃO

Professores relatam adaptação ao ensino híbrido e desafios da retomada do ensino presencial

Em outubro de 2020, o JC conversou com três docentes, no Dia do Professor. Um ano depois, eles relatam que mudou, o que aprenderam neste período e o que pensam do futuro no contexto escolar

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Margarida Azevedo

Publicado em 15/10/2021 às 0:00 | Atualizado em 10/01/2022 às 16:55
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Quando a retomada do ensino presencial ainda estava começando em Pernambuco, em outubro de 2020, o JC conversou com três docentes, no Dia do Professor, para que contassem como a pandemia de covid-19 estava interferindo na rotina deles como docente. E o que, naquele momento, os inquietava. Um ano depois, eles voltam para relatar o que mudou, o que aprenderam neste período e o que pensam do futuro no contexto escolar.

ADAPTAÇÃO

Foram 18 meses distante da sala de aula. Somente na última semana de setembro deste ano Danielle Jéssica dos Santos, 29 anos, voltou a lecionar presencialmente na Escola Municipal Maria Sales de Moura, que fica na zona rural da cidade de Belém de Maria, na Zona da Mata. A última vez tinha sido em março do ano passado, quando as aulas presenciais foram suspensas no Estado.

"Durante todo esse período ficou mais evidente o quanto a participação das famílias foi fundamental para que os alunos aprendessem. Muitas, mesmo em condições difíceis de acesso à internet ou financeiras para pagar o sinal, fizeram o possível para que as crianças acompanhassem as atividades remotas", diz Danielle.

"Claro que em alguns momentos eu cansei do ensino remoto. Mas nós professores nos reinventamos, buscamos estímulo e estratégias para não deixar os alunos sem aula. Aprendi que independente das dificuldades, somos capazes de nos adaptar a novas realidades", ressalta.

VÍNCULO

Para o professor de história e filosofia Fernando Chile, 51, uma das maiores alegrias, ao retornar para as aulas presenciais na rede estadual, foi perceber que não havia perdido o vínculo pedagógico com seus alunos do ensino médio da Escola de Referência Professor Ernesto Silva, localizada em Rio Doce, Olinda, no Grande Recife.

"A conquista principal foi a manutenção desse vínculo. Mesmo com as aulas totalmente remotas e depois divididas em remotas e presenciais, percebi que não houve estranhamento na relação de aluno e professor. A afetividade, a ligação com os alunos continuou", comenta Fernando. No primeiro momento de retorno para escola, um ano atrás, ele diz que havia o sentimento de medo e desconfiança por causa do coronavírus. Agora, com a desaceleração da pandemia, aos poucos a vida escolar vai voltando ao normal.

Embora a continuação do formato híbrido seja uma aposta entre educadores após a pandemia, Fernando acredita que as atividades remotas servem para complementar a aula presencial. "O ensino presencial é insuperável e insubstituível. Não se compara dar uma aula cara a cara, olho no olho. O remoto causa desinteresse. Pretendo permanecer usando o ambiente virtual, mas como uma ferramenta complementar."

REMOTO

Luís Carvalheira de Mendonça, 73, ainda permanece no ensino remoto. Professor de graduação e pós-graduação do curso de administração da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) há duas décadas, ele está satisfeito com as aulas virtuais. Diz que os alunos também estão pois há praticidade e ganho de tempo. Mas reconhece que o formato presencial é necessário para cursos e disciplinas mais práticas. "Não é o caso das matérias que leciono", atesta.

"Assim como o trabalho, a pandemia reforçou que a sala de aula pode ser remota. Será necessário repensar o ambiente físico das instituições de ensino", comenta Luís, que embora bem adaptado ao remoto afirma sentir falta de alguns encontros com os estudantes. "Percebo que a troca entre os alunos e os professores foi ampliada", destaca.

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