Fracassa primeira rodada de negociação entre professores da rede municipal do Recife e prefeitura. Greve está mantida
Professores estão em greve desde 7 de março. Reivindicam reajuste salarial de 33,24%, índice que foi aplicado no piso do magistério, para toda a carreira. Prefeitura ofereceu 23% mais um abono de 12% na primeira negociação após o início da paralisação
Atualizada às 17h40
Professores da rede municipal do Recife, em greve há uma semana (iniciou no dia 7 de março), não chegaram a um acordo com a gestão municipal. A primeira rodada de negociação entre os docentes e a prefeitura, desde a deflagração do movimento, ocorreu nesta segunda-feira (14). Começou no final da manhã e acabou por volta das 15h30. Em assembleia realizada logo após a negociação, no pátio da prefeitura, no Cais do Apolo, área central da cidade, a categoria decidiu manter a paralisação.
Os professores reivindicam o reajuste do piso salarial do magistério com repercussão em toda carreira e não somente para quem está no primeiro nível salarial. O valor do piso, que era R$ 2.886 em 2021, foi reajustado em 33,24% em janeiro pelo governo federal, passando para R$ 3.845,63 (carga horária semanal de 40 horas para docente com nível médio).
Na negociação, a prefeitura propôs aumentar os salários em 23%, a partir de abril, para o professor que hoje ganha acima do piso e tem graduação ou pós. E reajustar em 33,24% para aqueles mestres que ganham abaixo do piso e têm apenas magistério (sem nível superior).
Ainda na proposta da prefeitura, houve a oferta do pagamento de um abono de 12%, de abril até dezembro (ou seja, nove meses), mas que seria pago de uma vez só, no salário de abril.
"Essa proposta não contempla a categoria, pois enquanto outros municípios deram 33,24%, a prefeitura oferece apenas 23%", afirma a coordenadora geral do Sindicato dos Professores da Rede Municipal do Recife (Simpere), Anna Davi.
"Os 12% do abono só valem, pela proposta, até dezembro. Significa que em janeiro de 2023 nosso salário terá tido aumento apenas de 23%", comenta Anna.
ASSEMBLEIA
Os professores iniciaram uma assembleia no meio da manhã e ficaram em vigília durante todo o dia, até o término da negociação. As propostas da prefeitura foram apresentadas pela comissão de negociação para a categoria. Havia cerca de 800 docentes, segundo o Simpere. Por unanimidade, eles decidiram recusar a oferta e continuar a greve.
A última proposta da gestão, antes do início da greve, era de aumento de 13,06%. A rede municipal de ensino do Recife tem cerca de 95 mil alunos. São 325 creches e escolas e aproximadamente 5 mil professores.
Na última sexta-feira (11), segundo balanço da Secretaria Municipal do Recife, 16% das escolas estavam com funcionamento normal, 10% totalmente sem aulas e 74% com paralisação parcial. Esses índices valem para esta segunda também, conforme a secretaria.
Nesta terça-feira (15), os comandos de greve do Simpere vão visitar as escolas. Na quarta-feira (16) está previsto um ato público, convocado pelo Fórum dos Sindicatos da Educação Básica de Pernambuco e a Central Única de Trabalhadores (CUT), com o tema Dia Nacional de Luta da Educação. Será às 15h na Praça da Independência, no Centro da capital.
PREFEITURA
Por meio de nota, a Prefeitura disse que mantém as negociações junto à categoria e que na manhã de hoje fez uma nova proposta de ajuste salarial. "Os valores propostos consideram cenários futuros de orçamento e estão dentro da margem de segurança em relação à Lei de Responsabilidade Fiscal", ressalta.
"A proposta feita aos docentes municipais garante o aumento de 33,23% do piso do magistério e assegura que nenhum professor da rede receberá abaixo do piso nacional. Este aumento contemplará os professores que estão no primeiro nível de carreira. Cada hora/aula equivale a uma remuneração de R$ 19,23 para carga horária de 200 horas/aula mensais", afirma a gestão municipal.
"A proposta contempla também os professores que progrediram na carreira e já recebem acima do piso nacional. Nesse caso, a gestão municipal oferece oficialmente um aumento de 35%, sendo 23% na carreira a partir da folha de abril, e 12% de abono, que será pago integralmente também em abril.
Dessa forma, o vencimento médio dos professores ativos do Recife é de R$ 4.300,00. Com a proposta, o servidor que recebe esta média terá R$ 989,00 de aumento no vencimento", explica a prefeitura.
O abono terá um valor médio de R$ 516. Como os nove meses (de abril a dezembro de 2022) seriam pagos de uma vez, pela proposta da gestão, os professores ganhariam em abril R$ 4.644 a mais no salário (correspondente à soma de nove vezes o valor mensal do bônus).