Escolas criam grupos de apoio e treinam professores para acolherem estudantes com sofrimento psíquico
Professores são capacitados para que saibam como funcionam a ansiedade, a depressão e o TDAH
Diante do aumento de transtornos mentais e de suicídios entre crianças e adolescentes, escolas têm buscado formas de acolher estudantes em sofrimento psíquico com grupos de apoio e capacitação de professores. O Instituto Ame Sua Mente vem oferecendo treinamento para docentes de escolas de todo o País sobre problemas de saúde mental mais prevalentes nessa faixa etária e dicas de como os educadores devem lidar com o problema.
"É uma formação do professor para lidar com questões básicas de saúde mental, para que saibam como funcionam a ansiedade, a depressão, o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), explicando como essas dificuldades acontecem e como manejá-las", diz Gustavo Estanislau, psiquiatra da infância e da adolescência e pesquisador do instituto.
Desde 2020, já foram capacitados mil professores de 241 escolas. Os educadores também têm à disposição um aplicativo com orientações. "Outra frente da capacitação é o fortalecimento de projetos escolares de desenvolvimento de competências socioemocionais, que acabam funcionando como fatores protetores para transtornos mentais", diz o especialista.
ESTUDANTES
O Colégio Bandeirantes, em São Paulo, tem grupos formados pelos próprios estudantes dos ensinos fundamental e médio para dar apoio emocional a outros alunos. Os jovens que integram os grupos recebem capacitação sobre as condutas que podem ser adotadas para ajudar colegas que estejam passando por problemas ou sofrimento psíquico.
"Esses alunos da equipe de apoio são escolhidos pelos pares e aprendem como se aproximar, como intervir e como se afastar, criando uma convivência baseada na confiança", diz Estela Zanini, diretora de convivência do Bandeirantes.
Entre as atribuições das equipes de ajuda estão promover atividades de integração, atuar ativamente contra o bullying e reportar aos profissionais da escola casos de autoagressão ou ideação suicida.
De acordo com Estela, a escola já promovia ações direcionadas para "um clima escolar mais positivo" desde 2015, mas as iniciativas de apoio à saúde mental foram ampliadas a partir de 2018, quando dois estudantes do colégio se suicidaram.