IFPE: das 17 unidades do instituto federal em Pernambuco, aulas seguem apenas no campus de Caruaru e Belo Jardim
Os trabalhadores do IFPE deflagraram greve desde o dia 3 de abril e afirmam que vão permanecer mobilizados por melhores condições de trabalho
Com uma pauta que vai muito além do reajuste anual dos servidores públicos federais, o técnicos administrativos e docentes do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) chamam atenção para uma série de reivindicações que contempla também a recomposição do orçamento e reajuste imediato dos auxílios e bolsas dos estudantes, reestruturação das carreiras e revogação de normas da educação federal aprovadas nos últimos setes anos.
Dos 16 campi do instituto federal no Estado (mais o EAD), apenas as unidades localizadas nos municípios de Caruaru e Belo Jardim, no Agreste do Estado, as aulas ainda seguem sendo realizadas normalmente.
“Não é uma pauta salarial que nos faz engatar uma greve neste momento. O que nos engata neste momento são as condições de trabalho que estão terríveis. Nós somos 17 campi e temos orçamento de quanto éramos nove campi. Então estamos querendo, pelo menos, o orçamento assegurado do ano de 2015 para restituir o orçamento deste ano”, explicou a professora federal Jane Ventura, que compõe o Comando de Greve do Sindicato dos Servidores dos Institutos Federais de Pernambuco (Sindsifpe).
Outro ponto colocado em discussão pela categoria se trata da reforma do novo ensino médio, que está em discussão no Senado Federal após aprovação PL 5.230/2023.
“No nosso quadro de horários tivemos que cortar disciplinas, porque partes delas são colocadas junto as disciplinas do ensino técnico. Antes os alunos ficavam integralmente na escola, de manhã cedo eram correspondentes as aulas do ensino médio e, à tarde, as aulas de formação do ensino técnico. Agora colocaram todas as aulas do ensino técnico junto com as do ensino médio e isso reduz o número de aulas de todas as disciplinas. São duas formações no tempo de uma”, criticou a docente do IFPE.
Atrelado a isso está a precariedade de equipamentos utilizados no dia a dia dos professores e estudantes em sala de aula, que possuem mais de 10 anos.
"Outro exemplo. Como o IFPE tem formação técnica associada a ele, os estudantes dessa formação obrigatoriamente têm que trabalhar (estagiar) para receber o diploma. Dentro da nossa instituição há estudantes que trabalham como monitores, pesquisadores, extensionistas. Mas, não temos dinheiro para pagar estes estudantes, que agora estão trabalhando de forma voluntária ", revelou Jane Ventura.
OBJETIVOS DENTRO DO TERRITÓRIO
O Sindsifpe tem destacado que por se tratar de uma instituição federal, há um objetivo de atuação no território para ofertar o ensino médio, a formação técnica e superior. No entanto, os potencias que os institutos possuem não estão sendo plenamente executados porque não há orçamento para tocar o básico.
"Como nós vamos dar uma formação de trabalhadores de consciência, se não estamos tendo condições de tocar as atividades dentro da sala de aula? Todas as instituições federais estão precarizadas neste sentido. Nós estamos tendo que disputar orçamento para poder tocar nossas atividades no estado", frisou a integrante do Comando de Greve IFPE.
Na última sexta-feira (19), o governo federal apresentou uma contraproposta que concede aos servidores da educação o reajuste de 9%, a partir de janeiro de 2025, e de 3,5%, em maio de 2026. Entretanto, esses recursos financeiros não contemplam a categoria.
O Sindicato dos Servidores dos Institutos Federais de Pernambuco reforçam ainda que os entraves não se resumem a um acordo de reajuste salarial. "Os profissionais estão saindo das instituições de ensino para fazerem outros concursos. Ou seja, estamos tendo uma evasão de trabalhadores muito grande na rede federal de educação, seja das universidades ou dos institutos federais", afirmou Jana Ventura sobre a urgência de se priorizar a reestruturação das carreiras.