UPE comemora 59 anos com lançamento de livro e homenagens a vítimas da ditadura civil-Militar
Conhecida como Fundação de Ensino Superior de Pernambuco (FESP), muitos de seus membros lutaram ativamente pela liberdade e pela democracia
A Universidade de Pernambuco (UPE) celebrou, nessa segunda-feira (25), seus 59 anos de história com uma cerimônia carregada de emoção e significados. O evento, realizado no Auditório Clélio Lemos da Faculdade de Administração e Direito (FCAP), foi marcado por uma série de homenagens e pela reflexão sobre o papel da universidade na formação de cidadãos e na luta pela democracia.
Como parte das comemorações, foi lançado o livro "Universidade de Pernambuco: Histórias, Espacialidades, Memórias e Outras Narrativas", obra que reúne contribuições dos autores Betânia da Mata Ribeiro Gomes, Carlos André Silva de Moura, Mariana Rabêlo Valença, Mário Ribeiro dos Santos e Sandra Simone Moraes de Araújo. A publicação, que resgata a trajetória da UPE, é um importante marco para a memória institucional da universidade.
Um momento de grande relevância durante a solenidade foi a entrega de diplomas a estudantes e servidores da UPE que foram vítimas de perseguições políticas durante o período da Ditadura Civil-Militar no Brasil (1964-1985). Na época, a instituição era conhecida como Fundação de Ensino Superior de Pernambuco (FESP) e muitos de seus membros lutaram ativamente pela liberdade e pela democracia.
Em seu discurso, a reitora da UPE, professora Socorro Cavalcanti, destacou o significado da cerimônia. “A diplomação e a homenagem promovidas pela UPE são atos de justiça àqueles que lutaram pela democracia em nosso país. Com esse evento, reafirmamos o nosso compromisso com a democracia e a liberdade de pensamento”, afirmou.
Entre as homenagens, destaca-se a entrega do diploma póstumo de Medicina à estudante Rosane Alves Rodrigues (In Memoriam), que foi representada por seus familiares. Rosane, que foi militante do movimento estudantil e sofreu perseguições pelo regime militar, se exilou no Chile e na Dinamarca, onde não pôde concluir seu curso devido à repressão. A homenagem simboliza a luta pelos direitos humanos.
O professor Carlos Moura, coordenador da pesquisa, ressaltou a importância do evento como um ato de reparação histórica: “A partir de um apurado levantamento documental, chegamos aos 12 nomes de estudantes e servidores que atuaram ativamente pelo retorno da democracia em nosso país. A diplomação e as homenagens se configuram como um marco histórico para a nossa universidade, com a promoção de ações de reparação e justiça”, concluiu.
A celebração dos 59 anos da UPE, além de recordar os feitos e conquistas da instituição, também representa um compromisso com o futuro, reafirmando sua missão de formar cidadãos críticos e engajados, comprometidos com a justiça social e com os direitos humanos.
Diploma da Resistência
A instituição também concedeu o Diploma da Resistência a outros 11 servidores e estudantes, mas que concluíram os cursos superiores. Foram homenageados:
Enildo Galvão Carneiro Pessoa (In memoriam), docente da Escola Politécnica de Pernambuco;
Francisco de Sales Gadelha de Oliveira (In memoriam), estudante da Faculdade de Ciências Médicas;
Ilmar Pontual Peres (In memoriam), estudante da Faculdade de Ciências da Administração de Pernambuco;
Javan Seixas de Paiva (In memoriam), docente da Faculdade de Odontologia de Pernambuco;
José Almino Arraes de Alencar Pinheiro, estudante da Escola Politécnica de Pernambuco;
José Luiz Oliveira (In memoriam), estudante Faculdade de Ciências Médicas;
José Romualdo Filho, estudante da Faculdade de Ciências Médicas;
Maria Zélia de Sousa Levy, estudante da Faculdade de Odontologia de Pernambuco;
Paulo Santos Carneiro, estudante da Faculdade de Ciências Médicas;
Rildege de Acioli Cavalcanti (In memoriam), estudante da Faculdade de Odontologia de Pernambuco;
Severino Vitorino de Lima, servidor técnico-administrativo da Faculdade de Odontologia de Pernambuco.