Proibição de celular nas aulas: o papel da escola e da família para melhorar a aprendizagem

Medida que proíbe uso de aparelhos eletrônicos dentro e fora da sala de aula é implementada em 2025 e impacta diretamente no ensino

Publicado em 28/01/2025 às 6:00 | Atualizado em 29/01/2025 às 9:57
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Em 2025, entra em vigor a lei que proíbe o uso de celulares e outros aparelhos eletrônicos em salas de aula, com exceção caso tenham fins pedagógicos. A mudança tem sido vista como positiva por grande parte dos educadores e pedagogos, já que a tecnologia tem sido, de certa forma, vilã quando se trata do processo de aprendizagem dos estudantes.

Para se ter noção, dados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2022 já alertavam sobre o uso excessivo das telas pelo alunos, revelando que 8 em cada 10 estudantes de até 15 anos se distraem com o telefone durante aulas de matemática. O desempenho com a matéria, por sua vez, piora ao longo do ano letivo.

Para Alena Nobre, diretora pedagógica e professora do Colégio Saber Viver, a implementação da medida vem também com um processo de conscientização envolvendo os alunos.

Divulgação/ Colégio Saber Viver
Alena Nobre, diretora pedagógica e professora do Colégio Saber Viver - Divulgação/ Colégio Saber Viver

"A lei vem com suas diretrizes e ela será obedecida conforme a normativa. Mas o processo de conscientização sempre vai andar de mãos dadas para que os alunos entendam o porquê do uso ou não uso do celular, ou melhor, do uso adequado do celular dentro da escola", explica.

Impactos negativos

Quando se trata de ensino e aprendizagem, o celular pode ter efeitos negativos intensos na jornada do aluno. No Relatório de Monitoramento Global da Educação, a Unesco chegou a alertar sobre os impactos diretos do uso de telefone nas escolas, descrevendo que a tecnologia pode ser uma "distração" que "prejudica a aprendizagem".

Além disso, a saúde mental do estudante também é afetada já que o tempo extenso de exposição às telas pode afetar negativamente o "autocontrole e a estabilidade emocional, aumentando a ansiedade e depressão", como descreve o documento.

Arleana Nobre acrescenta a intencionalidade e finalidade pela qual aquela tela está sendo utilizada dentro e fora da sala de aula. "O prejuízo, na verdade, está quando a gente concentra toda a nossa experiência ou mediação em uma tela", analisa. "A gente deve preservar para que as crianças estejam naquela experiência escolar, vivendo essa experiência por completo".

Família e escola

O processo de "desapego" dos celulares, a partir de agora, é de responsabilidade da escola, mas também conta com o apoio da família do aluno. "É muito importante que as famílias entendam como a gente vai conduzir esse processo de conscientização com os adolescentes, que são, em geral, os que mais trazem o celular para a escola", ressalta.

Jonas Quirino/Jc imagem
Entenda como o Colégio Saber Viver insere o voluntariado na rotina dos estudantes - Jonas Quirino/Jc imagem

Na instituição, a primeira proposição será de não levar o celular para a escola, estimulando a convivência sem telas e o que se aprende com essa experiência.

Ainda assim, a exclusão total desses aparelhos eletrônicos surge como uma missão quase impossível, ao passo de que o Colégio Saber Viver busca ressignificar o uso das tecnologias no cotidiano do aluno. Na prática, este recurso deve atender às finalidades do processo de aprendizagem, assim como a demanda de cada estudante e professor.

"A intencionalidade é de fato o que demarca os benefícios ou os prejuízos que o uso da tela pode trazer. Então a gente entende que quando a criança ou adolescente usa a tela de forma direcionada, intencional, controlada, monitorada, ela tem muitos ganhos, afinal de contas", acrescenta. "A tecnologia existe não só para facilitar a nossa vida, mas para otimizar nossas formas de pensar e nossas ações no mundo". 

Diferenciais no dia a dia

A diretora pedagógica destaca que o Saber Viver entende a importância e impacto da cultura digital entre crianças e adolescentes. A meta para 2025 é usar essas tecnologias a favor da própria instituição e do aluno, trabalhando elementos como ganho de consciência, autonomia, autocontrole e definição de prioridades.

"O nosso maior diferencial é o fato de que a gente continua acreditando que a conscientização é importante, o desenvolvimento dessas habilidades é importante e que escutar, sobretudo, esses adolescentes, essas crianças, como é que a gente pode encontrar o melhor lugar para desenvolver, a melhor forma para desenvolver essa cultura digital é também com eles. E é isso que a gente pretende fazer", finaliza.

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