Investimentos privados

Governo defende concorrência em Suape e concorda com leilão de áreas do Estaleiro Atlântico Sul

Com o reparo de navios, o estaleiro emprega 500 pessoas em Suape. No passado recente, produzindo navios, eram 5 mil funcionários empregados

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Jamildo Melo

Publicado em 31/05/2022 às 12:12 | Atualizado em 31/05/2022 às 16:42
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O engenheiro Roberto Gusmão, presidente do porto de Suape, concedeu uma entrevista exclusiva ao blog de Jamildo comentando o leilão de áreas internas do Estaleiro Atlântico Sul, onde uma das maiores empresas de navegação do mundo (Maersk) planeja montar um terminal de conteineres privativo.

 

Na sexta-feira passada, com exclusividade, o blog revelou que a dinamarquesa Maersk oferecer uma proposta de cerca de R$ 900 milhões, na Justiça de Ipojuca, para arrematar um cais privativo do estaleiro, de modo a verticalizar suas operações com um terminal privativo no Estado de Pernambuco. O leilão está em aberto, outros grupos podem apresentar proposta, embora a multinacional tenha prioridade na seleção.

"O governo do Estado concorda que haja concorrência...  a vinda do armador internacional pode ser bom para Suape, ajudando que se tenha rotas marítimas estabelecidas de navios, criando um hub regional. Com estes armadores internacionais podemos ter navios toda semana", afirmou.

Sem estaleiro nos moldes antigos

O executivo explicou que a gestão estadual não trabalha com a possibilidade de retomada da integralidade das atividades do EAS e assim a venda de parte das áreas pode ajudar a atrair novos negócios para o porto.

"O EAS como era antes não vai voltar, não haverá mais a produção de cargueiros. Não somos nós que definimos assim, mas os próprios controladores do EAS e o comitê de credores, que definiu um plano de venda das áreas internas", disse.

"O plano de recuperação aprovado pelos credores, em especial o BNDES, mantém apenas a recuperação de navios. Não coloca a produção de cargueiros. Eles não vão fazer construção de navios porque não querem. .. Nem que Lula seja eleito, quem vai colocar dinheiro nesta insegurança jurídica? esqueçam, não vai ter (produção de navios de volta)". Não parou apenas aqui, parou em todo o Brasil. O governo federal mudou a política (para a indústria naval)", completou.

Papel do BNDES

Roberto Gusmão explicou que os credores estão tendo um papel importante na definição das atividades da empresa, em recuperação judicial.

"O BNDES é o maior credor do estaleiro e exige que eles façam a desmobilização de capital, para pagar parte das dívidas com os credores. No caso, o BNDES avaliou que apenas a recuperação de navios não iria gerar receita para pagar todas as dívidas, então, estão liberando áreas. O estaleiro vai continuar a fazer reparo de navios e tem fila de espera com isto. A recuperação de navios é importante porque também atrai cargas", frisa.

O presidente de Suape garante que as áreas que estão sendo licitadas não vão desmobilizar o estaleiro.

"O estaleiro estabeleceu-se em uma área de 250 hectares, maior do que ele precisava, de olho em expansões futuras. Assim, o que está sendo vendido agora não atraplha o estaleiro, no reparo de navios. Eles podem receber cargas em outros duas ou três aárea de cais. Para a produção de navios é o suficiente"

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Reprodução de área do Atlântico Sul posta à venda em leilão judicial - Blog Imagem

Concorrência saudável

Gusmão afirma que Suape defende concorrência com condições de competição entre as partes como a questão mais importante, no momento.

"Vamos brigar (junto à Antaq), com o Tecon Suape, para dar reequlíbrio de modo que eles possam competir. Do contrário seria tirar um monopólio para colocar outro. O Tecon Suape está se habiltando e vai ser ruim (para Suape) se eles participarem. Seria trocar seis por meia dúzia. Se eles tiverem sucesso, vão ter que escolher entre a atual área no porto organizado ou esta nova área, fora doporto organizado, em um terminal privativo. Se for o caso, a gente vai ter que fazer uma nova licitação para o Tecon"

"A Antaq em Abril do ano passado negou o provimento do reequilíbrio, mas após recurso feito reviu a aceitou a proposta, concordando em reequilibrar o contrato por mais investimentos no terminal. A decisão final cabe a Secretaria Nacional de Portos, que representa o governo federal e dentro do porto organizado de Suape é o poder concedente"

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