Relógios espiões: Prefeitura do Recife recebe proposta milionária para PPP
Prefeitura do Recife recebeu proposta milionária para instalação dos relógios com câmeras de reconhecimento facial
Realizou-se nesta semana a licitação para a Parceria Público Privada (PPP) dos 108 relógios eletrônicos com reconhecimento facial, projeto revelado em primeira mão pela coluna. A medida vem sendo alvo de críticas da sociedade civil.
A licitação dá conta da instalação de relógios digitais a serem instalados em locais públicos do Recife (veja o mapa) e atraiu interesse do setor privado. Cinco dos principais atores do mercado de exploração de mobiliário urbano nacional e internacional apresentaram propostas pelo direito de implantar e operar os novos objetos.
A maior proposta, no valor de R$ 100 milhões, foi apresentada pela Eletromídia, representando um ágio de 2.757% em relação ao valor mínimo estabelecido para participação na licitação, de R$ 3,5 milhões. Agora, a concorrência segue para a etapa de verificação dos requisitos de qualificação, para que seja anunciado o licitante vencedor.
Além de Eletromídia, participaram da licitação: a JC Decaux, com proposta de R$ 42,7 milhões; a Clear Channel, com R$ 25 milhões; o consórcio VS, formado por Verssat e Shempo, com R$ 10,2 milhões; e a All Space, com R$ 7,2 milhões.
O projeto prevê que os 'relógios espiões', além de exibir a hora e mensagens de interesse público, funcionem com câmeras de videomonitoramento e reconhecimento facial já instaladas, pontos de Wi-Fi gratuito, além de medidores de qualidade do ar, temperatura e incidência de raios solares.
A concessão para instalação, manutenção e operação dos 108 relógios é um projeto elaborado e executado pela Secretaria Executiva de Parcerias Estratégicas do Recife (SEPE), sendo parte do plano de ação da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Recife (Sdecti).
Planejamento para execução do contrato dos 'relógios espiões' no Recife
Após assinado o contrato, que terá a duração de 20 anos, a empresa vencedora terá um prazo de dois anos para implantar todos os relógios eletrônicos digitais. De acordo com o secretário executivo de Parcerias Estratégicas do Recife, Thiago Ribeiro, o resultado da abertura de propostas é um marco para a cidade e ressalta a solidez do trabalho apresentado.
“Receber logo em nosso primeiro projeto de concessão um valor dessa magnitude, que poderá ser revertido numa série de serviços à população, é animador. Por um lado, indica que há interesse de grandes grupos econômicos em trazer elevados investimentos para nossa cidade; por outro, mostra que nossa unidade, criada tão recentemente, já é percebida como uma das mais sérias do Brasil, vista como um selo de garantia para bons projetos”, destacou.
O valor proposto para o Município é o que se conhece como outorga, representando o montante a ser pago pelo futuro contratado para ter o direito de explorar o serviço de publicidade dos relógios digitais, além dos investimentos previstos no escopo do projeto, que, entre custos de instalação e de manutenção dos relógios, das demais funcionalidades e de conservação das áreas públicas, totalizam cerca de R$ 102 milhões.
“São números que confirmam que entregamos um projeto que traz segurança para o setor privado. Foi a nossa primeira entrega dentro do plano de parcerias estratégicas, mas sinaliza o profissionalismo que será também aplicado em todos os outros que colocaremos na rua. Definitivamente, é um resultado que mostra que o Recife é o local para se investir e, com isso, irá proporcionar serviços melhores ao cidadão”, acrescentou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, Rafael Dubeux.
A prefeitura argumenta que o futuro contrato garantirá a conservação de mais de 7,7 mil metros quadrados de espaços públicos, entre praças, pracetas e canteiros que serão adotados pela empresa vencedora.
Todas as entregas previstas pelo novo contrato serão recebidas pela Prefeitura sem novos gastos públicos. A gestão diz que o município receberá 20% do valor de outorga no momento de assinatura do contrato e os demais 80% divididos ao longo do prazo contratual, o que viabilizará outros investimentos para a população.