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Indisposição de Eduardo Paes com Murilo Cavalcanti começou em fevereiro, após evento no Rio; entenda

Após ser chamado de 'malandro' pelo prefeito do Rio, secretário do Recife diz que Eduardo Paes fez 'baixaria'

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Rodrigo Fernandes

Publicado em 31/03/2024 às 15:57 | Atualizado em 31/03/2024 às 15:59
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A indisposição do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), com o secretário de Segurança Cidadã do Recife, Murilo Cavalcanti, a quem chamou de "malandro" e "cara de pau" na manhã deste domingo (31), teve início no mês de fevereiro deste ano, quando o líder da pasta recifense participou de um evento da Fundação Getúlio Vargas, na capital carioca.

O evento tinha como objetivo encontrar soluções em vários segmentos do Rio de Janeiro, e contou com participação de grandes nomes do entorno jurídico nacional, como o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, o ministro Gilmar Mendes e a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, além do próprio Eduardo Paes.

ENTENDA: Eduardo Paes detona secretário de João Campos por texto sobre violência no Rio: 'olha pro seu umbigo, malandro'

O secretário do Recife foi convidado para participar do painel "Questões fundiárias e ações estruturantes", no período da tarde.

Durante a manhã, antes da participação de Murilo, portanto, uma pesquisadora da FGV fez críticas à gestão de Paes, afirmando que não havia diálogo com a prefeitura sobre estratégias de combate à violência.

Murilo Cavalcanti contou ao blog de Jamildo que, incomodado com o comentário feito pela pesquisadora, Eduardo Paes listou as capitais mais violentas do Brasil e apontou o Recife como mais violento do que o Rio de Janeiro.

O mandatário também teria orientado os presentes a perguntarem a Murilo, que participaria do evento à tarde, quais eram as estratégias usadas na capital pernambucana, despertando incômodo no secretário recifense.

"Fiquei incomodado com aquilo e falei que ele tinha sido deselegante com o prefeito João Campos, de quem ele é amigo", disse Murilo.

No seu momento, à tarde, o secretário do Recife comentou a situação: "Quem não quer resolver um problema, foge do problema, porque tanto o prefeito quanto o governador dizem que a sensação de segurança é maior que a insegurança".

Após o evento, ainda no hotel, Murilo escreveu o artigo que despertou a ira de Eduardo Paes na manhã deste domingo. O texto foi publicado no último sábado (30), no jornal O Globo.

Entenda o caso

No artigo que gerou o entrevero, Murilo Cavalcanti aconselhou autoridades do Rio de Janeiro, incluindo o prefeito da capital, a visitar a cidade de Medellín, na Colômbia, para conhecer projetos que poderiam ajudar a acabar com a violência na cidade maravilhosa.

Entre outras coisas, o secretário do Recife disse que as equipes do Rio poderão "aprender como estruturar uma nova polícia que respeita os direitos da população" e que o "territórios vulneráveis precisam de arte-educadores, escolas públicas de primeiro mundo e equipamentos de convivência".

Eduardo Paes esqueceu da amizade que cultiva com o prefeito do Recife, João Campos (PSB), e foi às redes sociais detonar o artigo do secretário municipal.

"O sujeito é secretário da oitava capital mais violenta do Brasil (o Rio é a 20ª) e tem coragem de querer dar conselhos aqui. Olha pro seu umbigo malandro", disparou Paes, se referindo ao ranking divulgado no 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, de 2023.

Em outro post, Paes acrescentou: "É muita cara de pau. Não vem de gracinha com o Rio não que a coisa fica ruim!".

Ainda nas redes, o prefeito do Rio escreveu diretamente para Murilo: "Rapaz, olha pro seu umbigo antes. Você cuida da segurança da oitava capital mais violenta do Brasil, com índices de violência muito piores que o Rio e acha que vai dar lição aqui. Toma vergonha nessa cara e vai trabalhar".

Murilo Cavalcanti afirmou que o prefeito do Rio de Janeiro baixou o nível da discussão. "Baixaria do prefeito. Lamentável que o prefeito de uma cidade tão linda como o Rio de Janeiro baixe o nível da discussão. Se ele discorda de mim, é um direito dele, mas não com baixarias".

O secretário do Recife também respondeu diretamente ao prefeito: "Não há no planeta uma cidade com tantos territórios sob o domínio do tráfico e da milícia como tem o Rio de Janeiro. Se entrar em favelas com metralhadora, fuzil e caveirões resolvessem o problema da violência, o Rio seria o lugar mais seguro do mundo!", disparou.

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