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Bolsonaro mira na imprensa e atinge Mandetta

Presidente questiona amplitude do Corona Vírus e acaba desmerecendo o trabalho do ministério da Saúde na gestão da doença no Brasil.

Fernando Castilho
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Publicado em 11/03/2020 às 11:01 | Atualizado em 11/03/2020 às 13:27
JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL
''Aqui eu falei dos meios de comunicação outro dia, ficaram bravos comigo, puxaram minha orelha lá na Globo, porque eu fiz um comentário sobre a cobertura, e eu peço desculpas'', falou - FOTO: JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL

Por Fernando Castilho do JC Negóciis

O presidente Jair Bolsonaro mirou na imprensa quando disse que “muito do que tem ali [noticiado] é muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga". Mas acabou dando uma enorme pancada no trabalho de seu ministro da Saúde Luiz Fernando Mandetta.

O trabalho de Mandetta vem sendo elogiado dentro de fora do Governo a ponto de haver um consenso - como disse o coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Rivaldo Venâncio - de que o Brasil mais preparado para lidar com o Covid-19 do que estava em 2009 para enfrentar a pandemia da gripe H1N1.

De fato, mesmo com as conhecias deficiências do SUS (Sistema Único de Saúde), que é braço do poder público responsável por controlar a doença, a maioria dos cientistas concordam que o ministério, tem acertado no monitoramento da crise até o momento.

Assim, a declaração do presidente além de estapafúrdia, desacredita o trabalho do ministro e da equipe que está trabalhando duro para se preparar para o pior que deve acontecer em duas semanas.

Na verdade, como alertou o ministério, nas próximas semanas poderemos ter uma aceleração exponencial do número de infectados tanto que Mandetta pediu a cinco hospitais filantrópicos de excelência no país que usem recursos e pessoal envolvidos hoje em projetos desenvolvidos no SUS no enfrentamento da epidemia.

Mas o presidente parece não entender isso, a despeito de até ter feito um pronunciamento na semana passada sobre o problema. Parece não ter percebido o impacto desta segunda-feira, quando seguindo tendência global de queda, a Bovespa encerrou o pregão em baixa de 12%, a Petrobras perdeu R$ 91,1 bilhões de valor de mercado, a cotação do dólar atingiu R$ 4,78, mesmo com a injeção de US$ 3,5 bilhões do Banco Central no mercado para conter a escalada.

Mas porque o presidente atuar dessa maneira? Porque insiste me negar a importância de um evento de classe mundial atacando a imprensa.?Talvez a resposta esteja na própria pergunta. A imprensa é o foco do presidente. A grande imprensa que ele considera como inimiga.

Bolsonaro não atua assim porque não gosta jornalistas fazendo perguntas que ele tem dificuldade de responder. O presidente carregou para o Palácio do Planalto uma velha mágoa com a mídia que nunca o levou a sério. Ele se refugiou nas redes sociais - onde jacta-se de ter milhões de seguidores - com uma alternativa ao espeço que a mídia nunca lhe deu.

Há uma enorme diferença entre o sentimento dele com a mídia o de Donald Trump. A imprensa americana sempre tratou Trump com desconfiança pela sua atuação como empresário e porque ele nunca divulgou números de seus balanços. É uma velha briga de números, O caso de Bolsonaro é porque a mídia nunca lhe deu importância. Assim, uma vez na presidência, ele a despreza e elege interlocutores no setor que estão dispostos a apoiar o governante de plantão.

Mas no caso da negação do impacto do corona vírus, o assunto fica mais sério porque ele terá que intervir e deslocar recursos para o problema de saúde. Terá de mover grandes volumes de dinheiro mesmo se o corona vírus não tiver impacto de epidemia.

A declaração e ruim porque sinaliza dificuldades de alocação de verbas. Os governadores pediram, R$ 1 bilhão e o ministro Mandetta disse que, por ora, só tem R$ 200 milhões. Mas sabe que terá que gastar mais,

O Brasil vem tendo até agora uma elogiada atuação porque a rede do SUS e os sistema de captação de informação estão permitindo o governo dar passos no planejamento. O presidente poderia ajudar dando declarações de apoio ao trabalho de seu ministro da Saúde. Mas ele prefere uma realidade paralela que, infelizmente, não vai subsistir a dura realidade que nos espera.

E isso em poucas semanas como prevê o próprio ministro Mandetta.

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