Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
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Coluna Jc Negócios

Bolsonaro não mira só seus seguidores sarados e com cabelos bem cortados

Dono de um negócio de R$ 50 bilhões em 2019, o setor de beleza não viu a crise nos anos de 2015 e 2016 . Já o universo de saúde e exercícios movimenta mais de 34.500 academias no Brasil

Fernando Castilho
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Fernando Castilho
Publicado em 12/05/2020 às 11:10 | Atualizado em 12/05/2020 às 11:40
Foto: Bernardo Soares/JC Imagem
Academias estão fechadas há quase três meses - FOTO: Foto: Bernardo Soares/JC Imagem

Por Fernando Castilho da Coluna Jc Negócios 

Ao incluir como atividade essencais as academias de ginástica, salões de beleza e babearias o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não está apenas fazendo uma provocação aos governadores e prefeitos, cada vez mais aflitos com a pandemia de coronavírus e, consequentemente, gerando forte reação em cadeia de diversos chefes de executivo.

O presidente sabe que, além de seus seguidores nas redes sociais, está falando para dois segmentos que estão aflitos, em milhares de casos desesperados, e aposta numa desobediência civil que seguramente vai ao longo desta semana aproveitar e estimular.

O presidente sabe melhor que ninguém que o STF decidiu por unanimidade que são os governadores e prefeitos quem podem decidir o que abre o que fecha e exatamente por isso é que decidiu apostar no confronto da população e dos profissionais.

Não vai abrir um salão ou academia onde o governador ou prefeito não permita, mas vai levantar o debate da contestação das decisões locais. E qualquer que seja o ruído é bom para ele e seus seguidores.

O problema é que sua decisão tem aderência nos dois segmentos. O Brasil se destaca no cenário mundial de beleza, sendo o 3º país do mundo, atrás apenas de EUA e Japão quando o assunto é consumo de cosméticos.

Dono de um negócio de R$ 50 bilhões em 2019, o setor de beleza não viu a crise nos anos de 2015 e 2016, quando o PIB do Brasil caiu 3,8% e 3,6% respectivamente.

No Brasil existem mais de 500 mil estabelecimentos do setor, incluindo salões de beleza e clínicas de estética, e um alto número de profissionais impulsiona a atividade da indústria. Metade dos profissionais, que gira em torno de três milhões de pessoas do setor, são cabedeleiros.

Um estudo realizado pelo SPC Brasil revelou que em momentos de crise, o brasileiro prefere cortar gastos com lazer em vez de cortar seus investimentos em bem-estar e imagem. Ou seja, corta o cinema, o show, mas cuida da aparência.

O mercado da beleza segue firme em meio à crise, sendo o único segmento em crescimento mesmo com a recessão econômica atual do país. No ano de 2019, a expectativa é de um crescimento de 10%, segundo o Sebrae, com números que ultrapassam os R$ 107 bilhões de reais.

Depois de um mês de confinamento as mulheres perceberam que não podiam mais deixar expostas as mechas de cabelos brancos e começaram a pressionar a indústria e o varejo por soluções de entrega de tinturas, esmalte e soluções, de modo a melhorar o visual e o alto-astral. Praticamente exigindo que o e-commerce e o delivery do setor se reinventassem para atender um mercado ávido de soluções domésticas devido ao isolamento.

"A indústria e o varejo não estavam preparados para isso", diz a empresária Marcelle Sultanum, da Rishon que, além de reorganizar a empresa em termos de pessoal precisou reorientar as suas demonstradoras em consultoras de beleza e a seguir em vendedoras no e-commerce e o delivery da loja virtual, enquanto reforçava o site criando projetos de apoio a cabeleireiros para que não percam os contatos com suas clientes.

Os homens também entraram de vez no mercado, engrossando os números do setor: o faturamento da categoria mais que duplicou nos últimos cinco anos e aumentou também o número de estabelecimentos em 78%, com a chegada de novos tipos de negócio, como as barbearias modernas.

A saúde dos cabelos é preocupação constante das brasileiras, que tradicionalmente investem em produtos e serviços especializados para tratar as madeixas. As consumidoras querem fios bonitos e saudáveis.

O fato mais recente no setor é tendência para os cuidados com o look das unhas, onde o design substitui a famosa “filha única” por um par pintado às avessas do restante da mão. Se a cor principal é escura, dois dedos unidos ficam com cor clara, e vice-versa.

Marcelle não está sozinha. No Brasil inteiro, milhares de empresas que empregam 11% do pessoal ligado ao setor também foi à luta. Nas primeiras semanas ficamos paralisados. Mas em seguida vimos que realmente havia uma demanda reprimida e corremos para o delivery. Já estamos operando forte, diz Marta Farias da rede Bazar do Cabeleireiro.

Mariana Moraes, da rede Mundo do Cabeleireiro, também não ficou parada. "Com as lojas fechadas começamos a receber muita cobrança dos clientes nos canais virtuais. Foi um desafio. Somos uma em empresa que cliente vai à loja. Quebramos a cabeça reformatamos os sites e já habilitamos o delivery no Recife e em, São Paulo."

O outro segmento a que Bolsonaro focou e o de academia e fitness. Ele sabe onde quer chegar ao incluir esse setor no seu decreto.

De acordo com o levantamento de 2018 da (International Health Racquet & Sportsclub Association ) IHRSA, associação internacional de fomento ao universo de saúde e exercícios, há mais de 34.500 academias no Brasil. Isso faz de nós o segundo país do mundo com maior concentração de estabelecimentos do tipo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Juntos, esses espaços somam 9,6?milhões de clientes — apenas Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido têm números maiores no mundo.

Com mensalidades que custam em média R$ 100 e estrutura enxuta, elas seguem crescendo. Empresas como a Smart Fit, tem aproximadamente dois milhões de clientes em mais de 550 unidades na América Latina, vem aumentando a oferta de aulas em suas unidades, com destaque para a dança.

Outra companhia no setor, a Bluefit fechou o ano de 2018 com faturamento de R$ 100 milhões chegou a uma centena de endereços em 2019, além de expandir para a Argentina e a Colômbia.

Os números mais recentes da Organização Mundial da Saúde sobre sedentarismo no Brasil são alarmantes: 47% da população não pratica o mínimo de atividade física recomendado pela instituição para manter-se saudável — 150 minutos por semana.

Se por um lado a informação é preocupante, por outro soa como música para um importante segmento da economia, o fitness.Embora ruim, a estatística demonstra um enorme potencial para quem atua nesse mercado.

Quando alguém decide adotar um estilo de vida mais saudável, não são beneficiadas apenas as academias. Diversos negócios saem ganhando, como os de nutrição esportiva (suplementos), tecnologia (monitores de condicionamento), moda (roupas e tênis para malhar) e até beleza (cosméticos específicos para esportistas).

Hoje, a indústria de atividades físicas movimenta R$ 12 bilhões no Brasil — a receita é a maior da América Latina e a terceira das Américas. No ano passado, o país deixou o ranking dos dez que mais lucram com o fitness. Mas isso não significa que não haja oportunidades no setor, pelo contrário.

Um fator considerado relevante para esse segmento é o envelhecimento da população. O aumento da expectativa de vida dos brasileiros — hoje de 76 anos, segundo o IBGE — vem influenciando a área fitness.

Métodos e rotinas de treinamento focados em força, mobilidade e equilíbrio, visando a saúde, a autonomia e a prevenção de acidentes entre o público mais velho, são as principais tendências apontadas pelo American College of Sports Medicine (ACSM).

Até a população acima de 60 anos representa hoje 13% dos brasileiros, e a estimativa é que alcance 32% até 2060. Se malhadores idosos não chegam a 10% do público nas academias convencionais, na B-Active eles são maioria: 70%.

 

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