Partidos oferecem legenda a Bolsonaro. Desde que fique longe do fundo eleitoral
Com dinheiro do fundo eleitoral, partidos que têm dono já negociam verbas para a campanha para engordar bancada e fundo partidário
Maior estatal da América Latina, a Petrobras (PETR3; PETR4) aprovou no dia 4 de agosto o pagamento de R$ 31,6 bilhões em dividendos relativos aos resultados obtidos em 2021. Desse dinheiro, a companhia vai pagar antecipadamente R$ 11,6 bilhões em dividendos à União pelo resultado do fechamento de 2021. Este ano, o Tesouro ficará com R$ 15,4 bilhões.
É um negócio extraordinário para o Governo. Mas existe uma outra "empresa" que é tão ou bem melhor para o controlador que a Petrobras: Podemos chamá-la de Partidos Políticos Ltda. Eles controlam, cada um, duas subsidiárias altamente rentáveis chamadas de "Fundo Eleitoral S.A"., que a gente pode chamar de FESA4 e "Fundo Partidário S.A.", que também podemos chamar de FPSA3 se adotando a linguagem da Bolsa de Valores do Brasil para as empresas do Novo Mercado.
Ironias à parte, o fato é que no exercício de 2020, essas "empresas" distribuíram dividendos de 841,6 milhões na "subsidiária" Fundo Partidário e R$ 2.03 bilhões para a "subsidiária" Fundo Eleitoral. Este ano, a mesma "subsidiário" Fundo Partidária deve distribuir R$ 895,0 milhões. Já o Fundo Eleitoral tem uma previsão de R$ 5,7 bilhões, caso o presidente Bolsonaro não vete o valor estimado pelo Congresso.
Poucas companhias no Brasil têm a capacidade de, em dois anos, distribuir dividendos no valor de R$ 1,736,6 bilhões aos 23 acionistas como o Fundo Partidário, e menos ainda, empresas com rentabilidade para pagar com pagou em 2020 e pagará, em 2022, tanto dinheiro aos 33 acionistas do Fundo Eleitoral.
É literalmente um negócio da China. Fundo Partidário não paga imposto nem precisa de nota fiscal para prestar contas.
O PSL, controlado pelo deputado Luciano Bivar ver cair na conta do partido, todos os meses, R$ 8.713.238,90. O PT tem creditados R$ 7.719.705,55. Mas o mais interessante é ver o que acontece nos demais partidos.
Na conta do PTB. de Roberto Jefferson cai, todo mês, R$ 1.671.722,01; Na do PDT de Carlos Luppi, R$ 3.561.456,94; No DEM, de ACM Nero, mais R$ 3.581.104,94. E no Progressistas, de Ciro Nogueira R$ 4.253.143,09.
Para quem não tem mandato é melhor ainda pois o partido pode fixar quando paga aos membros da executiva nacional. E o presidente, naturalmente, tem suas despesas bancadas pela agremiação.
Os partidos nem sempre conseguem gastar tudo e guardam esse dinheiro para a eleição.
Na eleição de 2020, o PSL de Bivar - que elegeu a maior bancada na calda do fenômeno Bolsonaro - recebeu quase R$ 200 milhões (R$ 199.442.419,81). O PSD de Gilberto Kassab R$ 138.872.223,52.
Mas uma coisa é o DEM (R$ 120.810.759,08) o MDB (R$ 148.253.393,14R) e o PT (R$ 201.297.516,62) onde existe uma briga de foice e faca pelas verbas nas campanhas eleitorais.
Outra, bem diferente, são os partidos que tem "donos" como a maioria que podem definir onde alocar o dinheiro.
Nesta quarta-feira (10), num gesto simpático, o deputado André Ferreira do PSC de Anderson Ferreira (prefeito de Jaboatão dos Guararapes) ofereceu o partido ao presidente Jair Bolsonaro.
Mas a questão é: O presidente de honra do PSC e na verdade o controlador da legenda, Pastor Everaldo está disposto a entregar o partido ao presidente com o caixa de R$ 1.479.553,41 e os R$ 93,07 milhões que caberiam ao partido se os R$ 5,7 bilhões fossem aprovados?
Essa quantidade de dinheiro do contribuinte alocado pelos partidos é o que esta fazendo os donos de legendas começarem a mapear deputados com mandatos na Câmara e candidatos a reeleição com alguma chance para se filiarem na próxima legenda eleitoral.
Isso quer dizer que os donos dos partidos vão disputar candidatos com potencial de eleição para fortalecer o percentual do fundo partidário de 2023 e 2024.
Todo mundo já sabe que, em 2022, o fenômeno do PSL - que elegeu a segunda maior bancada da Câmara e tem a segunda maior dotação dos dois fundos - não se repetirá.
Isso quer dizer que os donos dos partidos já estão mapeando deputados que já tem base de deputados e prefeitos nos estados para trazê-los para as legendas.
Partidos como o PSB, PDT, PSD e PSL, entre outros, podem assegurar a deputados em legendas sem grandes possibilidades de permanecerem no jogo a oportunidade de uma eleição mais segura com dinheiro que assegure o mandato e, por consequência a verba partidária dos seus controladores.
O que significa dizer que a onda que elegeu uma penca de novatos na onda Bolsonaro será substituída por uma eleição de nomes que perderam a eleição para os novatos e pela manutenção do atuais deputados distribuídos pelas legendas com maior dotação do Fundo Eleitoral e do Fundo Partidário.