Veto de João Campos a embutimento de cabos revela falta de cuidado com Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural do Recife
Prefeito parece desconhecer a memória de ruas, bondes, praças, dos costumes e tradições do passado social do Recife.
O prefeito João Campos precisa arruar. Mas antes, precisa ler o livro do mesmo nome do escritor Mário Sette, que num trabalho de investigação minuciosa, resgata a memória de ruas, bondes, praças, dos costumes e tradições do passado social do Recife. Jornalista e escritor, Sette pode oferecer ao jovem Campos uma percepção panorâmica e riqueza de conceitos da história da capital pernambucana.
João Campos precisa entender e expandir sua visão além da tela do seu smartphone de onde pilota suas ações, em especial, as relacionadas a covid-19, cuja vacinação assumiu integralmente os informes, com destaque para aquelas relacionadas às datas de vacinação dos grupos.
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Arruar lhe fará bem. Especialmente relação às ações que precisa tomar sobre cuidados com a cidade. Após nove meses, está na hora de começar a mostrar personalidade nas ações que a população percebe.
Na última sexta-feira (03), ele vetou integralmente um projeto de lei aprovado pela Câmara de Vereadores que obrigaria empresas e concessionárias que operam com cabeamento elétrico e de telecomunicações a embutir de forma subterrânea os fios aéreos existentes em toda a extensão das Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural (ZEPHs).
O prefeito não vetou a esculhambação que acontece nesse setor na cidade que administra. Vetou um projeto relacionado às Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural (ZEPHs).
O prefeito alegou necessidade de estudos aprofundados para evitar obrigações abusivas às empresas. O prefeito teme exigir obrigações abusivas das empresas sem levar o que de abusivo essas empresas fazem com o Recife.
O projeto de autoria do vereador Eriberto Rafael (PP) havia sido aprovado em 10 de agosto pelo plenário da Câmara e o vereador alegava que o projeto buscava suprir uma lacuna existente na legislação municipal, que o prefeito já deveria estar cuidando.
Desde 2014, o Recife tem uma norma que torna obrigatória a substituição e instalação subterrânea de todo o cabeamento aéreo do município. Mas a lei, de número 17.984/2014, teve o dispositivo que disciplinava o prazo para o embutimento dos cabos que curiosamente foi vetado pelo então prefeito Geraldo Julio (PSB).
Parece claro que as restrições ao embutimento de cabos é uma questão partidária das administrações do PSB. Campos estaria, neste caso, seguindo o entendimento do seu antecessor. Embora seja difícil saber a ligação ideológica que possa existir entre as teses socialistas e a estética das cidades.
Isso explica a necessidade do prefeito João Campos arruar. De preferência com os secretários e secretárias que estão alheios a esse problema.
A questão do embutimento de cabos das linhas de operadoras de telefonia, de fato, está no vácuo de legislação nacional que estimula a entrega de serviços de acesso à internet, sem definir os critérios. Certamente, na frente do prédio onde mora, o prefeito pode observar que há um total abuso das empresas do setor sem que o município tome providencias.
Talvez embutimento seja um sonho. Mas uma administração mais conectada poderia definir regras básicas. Não dá para ficar esperando como desde 2014 estudos sobre o tema. Prefeitos atuantes, atuam independentemente da falta de legislação federal e encaminham soluções.
O problema a que se refere o texto do vereador Eriberto Rafael (PP) é mais sério. Está relacionado às Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural (ZEPHs). Estamos, portanto, tratando de um espaço que o prefeito precisa estar atento.
E aí cabe um gesto de busca na internet dele a partir de seu celular. No bairro do Recife um acordo da PCR e as companhias no Governo João Paulo permitiu que fosse ali colocada a cabeação para que no bairro, a ilha do Recife Antigo não tivesse fios à mostra. Isso pode ser feito em relação aos prédios classificados como edifícios Especiais de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural.
Basta um pouco de ação e atenção com as coisas da cidade. Mas para isso é preciso que o prefeito siga as sugestões de Mario Sette. Passar a arruar para conhecer a memória de ruas, bondes, praças, dos costumes e tradições do passado social do Recife.
Os instrumentos disponíveis nas redes sociais podem ajudá-lo buscar referências da importância do que representa para a cidade cada um desses edifícios e locais. Embora nada substitua uma caminhada pelas ruas da sua cidade.
Ajudará, inclusive, como exercício físico.