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Veto de João Campos a embutimento de cabos revela falta de cuidado com Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural do Recife

Prefeito parece desconhecer a memória de ruas, bondes, praças, dos costumes e tradições do passado social do Recife.

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Fernando Castilho

Publicado em 06/09/2021 às 10:55 | Atualizado em 06/09/2021 às 12:28
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O prefeito João Campos precisa arruar. Mas antes, precisa ler o livro do mesmo nome do escritor Mário Sette, que num trabalho de investigação minuciosa, resgata a memória de ruas, bondes, praças, dos costumes e tradições do passado social do Recife. Jornalista e escritor, Sette pode oferecer ao jovem Campos uma percepção panorâmica e riqueza de conceitos da história da capital pernambucana.

João Campos precisa entender e expandir sua visão além da tela do seu smartphone de onde pilota suas ações, em especial, as relacionadas a covid-19, cuja vacinação assumiu integralmente os informes, com destaque para aquelas relacionadas às datas de vacinação dos grupos.

Arruar lhe fará bem. Especialmente relação às ações que precisa tomar sobre cuidados com a cidade. Após nove meses, está na hora de começar a mostrar personalidade nas ações que a população percebe.

Na última sexta-feira (03), ele vetou integralmente um projeto de lei aprovado pela Câmara de Vereadores que obrigaria empresas e concessionárias que operam com cabeamento elétrico e de telecomunicações a embutir de forma subterrânea os fios aéreos existentes em toda a extensão das Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural (ZEPHs).

O prefeito não vetou a esculhambação que acontece nesse setor na cidade que administra. Vetou um projeto relacionado às Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural (ZEPHs).

ANTÔNIO EDUARDO/VOZ DO LEITOR
Sem supervisão da Celpe, as empresas de telefonia colocam os fios nos postes do jeito que querem. Se existe, é porque o projeto foi aprovado pela companhia. A Celpe deu 30 dias para as empresas arrumarem a fiação. Vamos ver. - ANTÔNIO EDUARDO/VOZ DO LEITOR

O prefeito alegou necessidade de estudos aprofundados para evitar obrigações abusivas às empresas. O prefeito teme exigir obrigações abusivas das empresas sem levar o que de abusivo essas empresas fazem com o Recife.

O projeto de autoria do vereador Eriberto Rafael (PP) havia sido aprovado em 10 de agosto pelo plenário da Câmara e o vereador alegava que o projeto buscava suprir uma lacuna existente na legislação municipal, que o prefeito já deveria estar cuidando.

Desde 2014, o Recife tem uma norma que torna obrigatória a substituição e instalação subterrânea de todo o cabeamento aéreo do município. Mas a lei, de número 17.984/2014, teve o dispositivo que disciplinava o prazo para o embutimento dos cabos que curiosamente foi vetado pelo então prefeito Geraldo Julio (PSB).

Parece claro que as restrições ao embutimento de cabos é uma questão partidária das administrações do PSB. Campos estaria, neste caso, seguindo o entendimento do seu antecessor. Embora seja difícil saber a ligação ideológica que possa existir entre as teses socialistas e a estética das cidades. 

Isso explica a necessidade do prefeito João Campos arruar. De preferência com os secretários e secretárias que estão alheios a esse problema.

A questão do embutimento de cabos das linhas de operadoras de telefonia, de fato, está no vácuo de legislação nacional que estimula a entrega de serviços de acesso à internet, sem definir os critérios. Certamente, na frente do prédio onde mora, o prefeito pode observar que há um total abuso das empresas do setor sem que o município tome providencias.

Talvez embutimento seja um sonho. Mas uma administração mais conectada poderia definir regras básicas. Não dá para ficar esperando como desde 2014 estudos sobre o tema. Prefeitos atuantes, atuam independentemente da falta de legislação federal e encaminham soluções.

O problema a que se refere o texto do vereador Eriberto Rafael (PP) é mais sério. Está relacionado às Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural (ZEPHs). Estamos, portanto, tratando de um espaço que o prefeito precisa estar atento.

E aí cabe um gesto de busca na internet dele a partir de seu celular. No bairro do Recife um acordo da PCR e as companhias no Governo João Paulo permitiu que fosse ali colocada a cabeação para que no bairro, a ilha do Recife Antigo não tivesse fios à mostra. Isso pode ser feito em relação aos prédios classificados como edifícios Especiais de Preservação do Patrimônio Histórico-Cultural.

Basta um pouco de ação e atenção com as coisas da cidade. Mas para isso é preciso que o prefeito siga as sugestões de Mario Sette. Passar a arruar para conhecer a memória de ruas, bondes, praças, dos costumes e tradições do passado social do Recife.

Os instrumentos disponíveis nas redes sociais podem ajudá-lo buscar referências da importância do que representa para a cidade cada um desses edifícios e locais. Embora nada substitua uma caminhada pelas ruas da sua cidade.

Ajudará, inclusive, como exercício físico.

Foto: Ashelley Melo / JC Imagem
As operações são executadas, geralmente, nos fins de semana e não interrompem o funcionamento de energia - Foto: Ashelley Melo / JC Imagem

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