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Preço do petróleo volta a subir e pressão de Bolsonaro, Pacheco e Lira para Petrobras baixar preços de combustíveis fica sem sentido

Nesta quinta-feira (17), os preços, mesmo na cotação do petróleo Bruto (Brent), chegaram a 106,64 o barril, fazendo crescer a defasagem dos preços da Petrobras.

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Fernando Castilho

Publicado em 17/03/2022 às 17:15 | Atualizado em 18/03/2022 às 12:02
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Se os presidentes Jair Bolsonaro, da República; Rodrigo Pacheco, do Senado, e Artur Lira, da Câmara, acreditam que a baixa de até US$ 20 dólares nos preços do barril do petróleo é motivo suficiente para a Petrobras também baixar seu preços, é bom esperar um pouco mais.

O problema é que a Petrobras não faz suas contas pelas cotações dos preços do petróleo no mercado spot, mas uma média das cotações de dezenas de tipos de petróleo que ela compra de diversos fornecedores, tirando uma média a partir de uma série de modelos matemáticos que levam em conta os preços praticados pelos membros da OPEP+, onde estão a Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã.

Dito de uma forma bem direta: o fato do preço baixo na cotação da Bolsa de Londres não quer dizer que o preço entra nas contas da Petrobras. Até porque a Petrobras não compra nessa bolsa um único barril de petróleo.

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Certamente, o presidente sabe disso, mas não poderia perder a oportunidade de transformar isso num fato político. Mas o surpreendente é que Artur Lira e Rodrigo Pacheco fazerem coro da tese sem se informarem do que acontece de fato na hora da Petrobras definir os seus preços.

Nesta quinta-feira (17) a Associação Brasileira das Importadoras de Combustíveis de o que se poderia chamar de “uma real” nos três presidentes informando que na verdade os preços da Petrobras ainda estão defasados em -4% no óleo diesel e de -9% para a gasolina.

Segundo a Abicom, que reúne as oito empresas que juntas importam todo o combustível que o Brasil compra no mercado externo para completar o que a Petrobras não é capaz de suprir, não dá para falar em baixar os preços porque a Petrobras não aplicou a correção total.

Um bom exemplo disso é o que acontece com os preços da Refinaria de Mataripe, antiga Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, vendida pela Petrobras ao fundo de investimento árabe Mubadala, já estavam custando 27,4% a mais que a estatal desde 9 de março, portanto, uma semana antes da Petrobras reajustar seus preços.

Segundo a Abicom, no 7º Dia de Vigência do Aumento Linear Médio de 24,9% nos preços domésticos a defasagem média no óleo diesel é de -R$0,20/L, variando entre -R$0,27/L a -R$0,04/L, a depender do porto de operação. No caso da gasolina essa defasagem era de -R$0,40/L, variando entre -R$0,51/L a -R$0,12/L, a depender do porto de operação.

Ainda de acordo coma entidade, a oferta apertada segue pressionando os preços futuros. No momento, os preços futuros do Brent são negociados acima dos U$103/o barril. Na terça-feira eles chegaram a US$ 104,06 o barril.

A volatilidade do mercado foi o que levou o presidente Jair Bolsonaro criticar mais uma vez a Petrobras pedindo para a empresa teria que rever o aumento dado na semana passada, já que o petróleo registrava queda. O que o presidente não contava era com fato de que o mercado poderia mudar como mudou devido às pressões da guerra da Rússia com a Ucrânia.

E como Rodrigo Pacheco Arthur Lira fez coro com o Bolsonaro também viram que a questão ainda não está resolvida. Nesta quinta-feira os preços mesmo na Cotação UKOIL - Petróleo Bruto (Brent) chegaram a 106,64 o barril.

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