Depois de eólica, solar e hidrogênio verde, Nordeste terá turbinas no mar. Vem aí a bilionária onda offshore
Os parques eólicos offshore no Brasil ultrapassaram os 106 GW de potência. Quase três vezes os projetos de solar
Ceará, Piauí e Rio Grande no Norte já se tornaram destinos de investimentos bilionários em projetos de geração de energia eólica. Nos últimos anos, está sendo incorporada a esse negócio a produção de energia solar igualmente em megaparques solares.
A partir deste ano, a onda de produção verde caminha para a produção de energia eólica offshore, um negócio que exige muito mais investimento, embora seja também mais rentável pela colocação de turbinas bem maiores.
Segundo o último levantamento do site EPBR, especializado em energia renovável, o licenciamento de parques eólicos offshore no Brasil ultrapassou os 106 GW de potência em licenciamento no Ibama em março.
Isso depois que o governo editou um decreto para regular a geração de energia elétrica offshore, no dia 25 de janeiro.
Segundo a publicação, com a chegada de projetos da TotalEnergies (9 GW) e da Shell Brasil (17 GW), agora são 45 parques em licenciamento, em diversos estados brasileiros, do Rio Grande do Sul ao Ceará.
Todos ainda em fase inicial de desenvolvimento e que podem mudar ao longo do tempo. Mas os parques são pensados para os estados do Rio Grande do Sul (30 GW), Rio de Janeiro (27 GW), Ceará (23 GW), Rio Grande do Norte (16 GW), Espírito Santo (6 GW) e Piauí (5 GW).
De longe, a usinas eólica offshore se trata de um dos investimentos mais caros e raros no setor de energia eólica, mas isso pode mudar.
De acordo com um relatório recente na revista acadêmica Nature Energy, a energia solar possivelmente será responsável por um quarto dos investimentos offshore até o ano de 2035.
No Brasil, o total de investimentos em parques solares, por exemplo, é estimado em R$ 148 bilhões para geração de 40GW de energia
A Shell tem os maiores projetos, com 17 GW em licenciamento, seguida da Ocean Winds, joint venture da Engie com a EDP (15 GW) e a Bluefloat Energy (15 GW).
A Equinor Aracatu I e Aracatu II são os dois primeiros projetos de eólica offshore da Equinor no Brasil. Ela iniciou o licenciamento no Ibama dos parques eólicos offshore Aracatu I e Aracatu II, com 4 GW, sendo 2 GW em cada um e possibilidade de ampliação para 2,33 GW.
O plano é instalar o primeiro parque eólico no litoral do Rio de Janeiro e o segundo, entre os estados do Rio e do Espírito Santo.
O interesse por eólicas offshore no Brasil disparou de dois anos para cá e empresas nacionais e estrangeiras demonstram que a fonte, antes algo distante no planejamento energético, é agora uma alternativa promissora para mercados futuros de baixo carbono.
Para se ter uma ideia do que isso vai representar, basta dizer que a geração eólica ocorre apenas em terra no Brasil, com mais de 21 GW em operação e outros 13,5 GW outorgados, totalizando 34 GW, menos de um terço da potência em licenciamento no mar.
Ceará e Rio Grande do Norte já lideram o setor. O Rio Grande do Norte conta com quatro projetos de eólicas offshore, além da Copenhagen Offshore Partners. Segundo a governadora Fátima Bezerra, o potencial offshore é de mais 140 GW.
Na semana passada, a gigante dinamarquesa de turbinas eólicas, Vestas, assinou um memorando de entendimento com o governo do Rio Grande do Norte (RN) para estudar a viabilidade de implantação de um porto-indústria que inclua projetos de eólicas offshore e produção de hidrogênio verde.
O acordo é resultado de uma visita que a governadora Fátima Bezerra (PT) fez à Dinamarca em novembro do ano passado, onde se reuniu com representantes da Vestas e da Copenhagen Offshore Partners (COP), braço de investimento do fundo de pensão dinamarquês PensionDanmark.
A Shell Brasil divulgou em 18 de março que deu início ao licenciamento ambiental junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) de seis projetos de geração de energia eólica offshore no Brasil, que somam mais de 17 GW de potência.
Os parques eólicos da Shell estão localizados nos estados do Piauí (Piauí, de 2,5 GW), Ceará (Pecém, 3 GW), Rio Grande do Norte (Galinhos, 3 GW) , Espírito Santo (Ubu, 2,5 GW), Rio de Janeiro (Açu, 3 GW) e Rio Grande do Sul (White Shark, 3 GW).
Com isso, a Shell se torna a empresa com maior capacidade em licenciamento no Brasil, ultrapassando a Ventos do Atlântico, que soma 15 GW, em cinco projetos. Para se ter uma ideia, a soma de toda capacidade eólica onshore no Brasil hoje é de 21 GW.
Outra gigante, a TotalEnergies, uma maiores produtoras ocidentais de petróleo e gás, está desenvolvendo 9 GW de capacidade de geração eólica offshore na costa do Brasil. São três parques distribuidores no Ceará, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
A potência total está distribuída nos parques Sopros do Ceará, Sopros do RJ e Sopros do RS, cada um com 200 aerogeradores de 15 MW, totalizando 3 GW de potência instalada.