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No país do caminhão, aumento da gasolina vai bater no carro do ovo. Entenda isso na conta da inflação

A inflação de março foi influenciada, principalmente, pela alta nos preços dos combustíveis

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Fernando Castilho

Publicado em 08/04/2022 às 15:15 | Atualizado em 08/04/2022 às 16:24
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Um aumento de 1,62% num mês, como tivemos o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), é assustador em quaisquer país do mundo.

No Brasil, é mais preocupante ainda porque dentro da lista de segmentos que mais contribuíram está o grupo Transporte (3,02%). Ele foi influenciado, principalmente, pela alta nos preços dos combustíveis (6,70%). É ai que mora (e parece que alugou casa mesmo) o problema.

No País, o peso do grupo Transporte na medição da taxa oficial de inflação - que atende pelo nome de Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - pesa mais de um quinto do número final. Na verdade, exatos 21,6316%. Isso quer dizer que quando ele sobe impacta no índice geral de verdade.

No mês de março, ele subiu 3,02%. Foi puxado pela gasolina, que subiu quase 7% (6,95%) no mês. E é ai que o bicho pega. Nos 21,6316% do grupo Transportes, a gasolina sozinha tem um peso de 6.3805%. Ou seja, se a gasolina sobe, ela puxa o índice de Transporte que pesa mais de 20% no índice geral.

Na prática, esse aumento da gasolina vai bater no carro do ovo, que na maioria dos casos usa uma Kombi movida à gasolina.

Nesse caso, importa pouco que o ovo tenha subido entre janeiro e março quase 9% (8,93%). O peso do ovo na conta do IPCA é quase nulo (0,2475%). O que faz o homem do carro do ovo subir o preço da bandeja de 30 ovos é o preço da gasolina.

O problema é que no Brasil muita coisa é transportada em carro que usa gasolina e ela pesa muito mais que o óleo diesel.

O IBGE atribui ao óleo diesel o peso de apenas 0,2508%. Isso acontece porque um veículo que transporta alimentos, por exemplo, não é o que faz o transporte final. Assim, a importância do aumento do óleo diesel é diluída na carga geral.

É por isso que o peso do transporte do caminhão que pega o ovo na granja e entrega no depósito, por exemplo, é muito menor na conta da inflação que o dono da Kombi que pega o ovo e vai oferecê-lo no bairro porque ele usa gasolina.

Isso acontece, por exemplo, com o carro por aplicativo, que não existia na conta da inflação até cinco anos atrás e agora já tem um peso de 0,1975% na conta.

Chamar o 99, o Uber ou Maxxi tem mais importância para a inflação no Brasil hoje que o transporte escolar e transporte público, porque ele usa gasolina enquanto o ônibus e o caminhão usam óleo diesel. E em 12 meses, o preço do transporte por aplicativo já subiu 42,74%.

 

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