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Queda nas vendas de 2022 não tira otimismo da indústria de eletrodomésticos, que aposta no 5G e na Copa do Mundo

Historicamente, quando tem Copa do Mundo, compra-se mais TVs, com a desculpa de que "a da sala já está com tecnologia atrasada"

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Fernando Castilho

Publicado em 12/07/2022 às 6:40 | Atualizado em 12/07/2022 às 8:18
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Festa da indústria nacional dos fabricantes de produtos eletroeletrônicos, a Eletrolarshow é uma dessas feiras onde o lojista tem uma percepção do que vai ser o segundo semestre - considerado período de safra, seja pela Black Friday, seja pelas vendas de Natal, quando a família resolve dar um presente coletivo que vai da TV de LED ao fogão de seis bocas, passando pelo ar-condicionado e lavadora que também seca.

O problema é que, este ano, o segmento que deve faturar R$ 120 bilhões apresenta queda de 24% nas vendas ao varejo nos primeiros cinco meses de 2022 sobre 2021. Foram comercializados 31,49 milhões de unidades, contra 38,99 milhões em igual período do ano passado.

As explicações passam pela inflação de dois dígitos, juros explodindo, falta de componentes e queda na renda do freguês.

O presidente executivo da Eletros, Jorge Nascimento, tem outras esperanças para o setor de eletroeletrônicos e eletrodomésticos este ano. Ele aposta no início das operações do 5G que, segundo ele, estimulará os lançamentos em série de produtos conectados.

Para ele, “o consumidor precisa se sentir mais confiante sobre o que poderá esperar do próximo governo e de sua política econômica. A melhora nos indicadores do emprego é, de fato, uma boa notícia. Esperamos que não apenas se mantenha, como alcance resultados ainda melhores”.

Faz sentido. Eventos externos, como a Guerra da Ucrânia, escalada nos preços do petróleo e o aumento nos fretes internacionais, não estavam no radar do setor e passaram a preocupar toda a indústria.

Mas como, segundo a tradição do comércio, todo dia o varejista acorda pensando em vender mais, a expectativa de 2022 está na Copa do Catar. Historicamente, quando tem Copa do Mundo, compra-se mais TV, com a desculpa de que "a da sala já está com tecnologia atrasada".

Nem sempre é verdade, mas este ano, a expectativa é de que ao menos 10 milhões de aparelhos sejam comprados.

Jorge Nascimento tem feito uma pregação otimista sobre o futuro do setor de Eletros no Brasil, esclarecendo que o setor que sustenta 150 mil empregos deu uma extraordinária resposta na pandemia - quando o consumidor passou a cuidar mais das coisas da casa.

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O cooktop virou item essencial na casa dos jovens que montam seu primeiro apartameento - FERNANDO CASTILHO

De fato, os números começaram a explodir já em 2020, quando todo mundo resolveu trocar TV, geladeira, fogão, máquina de lavar e computador. Não foi um fenômeno só de TI, foi de consumo mesmo, já que todos estavam confinados.

Tem curiosidades relacionadas aos eletrodomésticos. No ano passado, as vendas de ar-condicionado cresceram 40% no primeiro semestre, impulsionadas pelos fatores climáticos. Este ano, o País sente os efeitos do “La Niña”

O setor de Linha Marrom, que inclui predominantemente os televisores, registrou queda de 19% nas vendas entre janeiro e maio de 2022, na comparação com 2021. Mas esse é o quadro geral. Chineses e coreanos expulsaram as japonesas do Brasil.

No segmento de portáteis, na série histórica de 5 anos, em média, foram comercializados 24,47 milhões de unidades entre janeiro e maio dos anos de 2018 a 2022, o que indica que as vendas neste ano estão 11% abaixo da média.

O setor de portáteis, que abrange 29 categorias de produtos, registrou queda de 17% nas vendas entre janeiro e maio de 2022, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Esse é um segmento de ticket menor e que acaba sendo muito influenciado pela perspectiva de melhoria na renda do consumidor. São produtos (fora celular) que as pessoas compram por necessidade de atualização, mas por impulso.

Esse é um segmento que as indústrias da linha marrom e branca oferece como complemento da linha branca, ancorando sua marca nos itens, e é muito "presenteável". Mas ele também sofre com a queda na renda do consumidor, que passa a racionalizar a compra de uma nova cafeteira, um liquidificador ou se precisa mesmo de um mix ou de um ferro elétrico mais moderno.

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A assitente virtuaal Alexa está cada vez mais presente da casa moderna conectada - FERNANDO CASTILHO

Uma coisa que chama a atenção numa feira como a Eletrolarshow, cuja âncora de 2002 é a expressão All Conected, é que ela antecipa tendências.

O CEO do Grupo Eletrolar e realizador da Eletrolar Show, Carlos Clur, faz um balanço do que esperar da 15ª edição da feira, que é realizada entre 11 e 14 de julho no Transamérica Expo Center, com uma avaliação bem interessante.

"Os produtos Premium são tendência, são restritos às famílias com renda mais alta. Mas com a alta dos preços, os produtos com especificações mais simples – melhor custo X benefício, mesmo pertencendo à classificação premium, são mais procurados pelo consumidor. Mas o consumidor não deixa de sonhar com o Premium. Isso abre uma avenida possibilidades".

Um exemplo clássico é o cooktop, tanto a gás como por indução, uma tendência “gourmet” que deve permanecer pelos próximos anos, com o lançamento do cooktop com o forno elétrico acoplado.

Mas no público jovem que está montando seu primeiro apartamento, esse é um item essencial. Isso abre grandes possibilidades na indústria de eletrodomésticos, que está agregando conectividade a ele na onda da casa conectada.

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Depois do cooktop, a panela eletrica é o item cada vez mais presente nas cozinhas. - FERNANDO CASTILHO

E essa parece ser mesmo a tendência. Mais tecnologia contribuiu para isso com um menor consumo de energia. A tendência é de produtos cada vez mais sustentáveis. O crescimento da categoria deve chegar a U$S 19 bilhões até 2025.

E se possível, com ajuda da Alexa, uma das figuras virtuais mais presentes nessa feira de consumo.

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Novas Linhas de Celular 5G - FERNANDO CASTILHO

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