Sob efeito da queda do preço do petróleo, presidente do Banco Central estima que deflação vai até setembro
Mas advertiu que que há incertezas fiscais adiante com as eleições, sobre qual será o arcabouço fiscal a ser adotado no próximo governo.
Numa conversa com participantes do 18º International Investment Seminar, promovido pelo Moneda Asset Management, em Santiago, Chile, o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, disse que o país pode ter três meses de deflação, o que levaria os efeitos até setembro.
Ele credita esse movimento como decorrência das medidas adotadas pelo governo para baixar o preço dos combustíveis. Mas destacou que existem outras variáveis, como questões como a redução das taxas de desemprego formal no Brasil.
As afirmações de Campos Neto estão ancoradas em dados bem atuais. Especialmente na questão do preço do barril do petróleo que nesta terça-feira chegou aos US$ 98,72 com base nas cotações da OPEP e no tipo WTI cuja cotações para outubro fechou em queda de 0,09% (US$ 0,08), a US$ 90,36 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex).
Já o tipo Brent, na Intercontinental Exchange (ICE), para o mesmo mês caiu 0,25% (US$ 0,24), a US$ 96,48 o barril.
Ele destacou esse cenário lembrando que há incertezas fiscais adiante com as eleições, sobre qual será o arcabouço fiscal a ser adotado no próximo governo.
Esse tem sido um comportamento recorrente de nas suas últimas apresentações em fóruns internacionais.
Na semana passada, falando no “BTG Pactual – Macro Day 2022”, em São Paulo, ele disse que a inflação brasileira está bastante pressionada e reforçou que a autoridade monetária está vigilante.
“Os preços administrados caem com medidas do governo, mas temos que ver no prazo mais longo. Os núcleos de inflação estão em níveis muito altos, por isso estamos vigilantes”. Nesta terça ele voltou ao tema dizendo que não podemos celebrar o recuo nos índices de inflação registrados recentemente. “Ainda há muito trabalho a fazer”, afirmou.
Na verdade, Roberto Campos Neto tem se queixado que o Governo não está ajudando muito nas ações para a redução da inflação e que essa tarefa está sendo apenas na autoridade monetária.
O presidente do Banco Central advertiu que “medidas do governo geram inércia menor, mas precisamos qualificar inflação de médio prazo. Temos olhado com cuidado porque as estimativas mais longas estão descolando das projeções do BC”, acrescentou.