Entrevista de Campos Neto reduz a núcleo do PT discurso de que taxa de juros tem que baixar "na marra"
Eu vou explicar quantas vezes for necessário. Os juros são altos, e essa é uma questão legítima para a sociedade".disse o presidnete do BC sobre o convite para or ao Congresso Nacional.
Na entrevista que concedeu ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira(13), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto repetiu, por mais de uma vez que "ninguém gosta de juros elevados, nem o Banco Central."
A frase comum na boca de toda população foi colocada para todas as perguntas em que foi instado a falar da alta taxa básica de juros que está em 13,75% ao ano. Todo mundo quer uma taxa Selic baixa. O problema é que ela não acontece por acaso ou por que o Comitê de Política Monetária (Copom), nas suas reuniões da cada 45 dias decide por conta e risco definir se sobre ou não.
Mas, a julgar pela repercussão das informações, e consistência nas respostas, parece claro que a defesa de uma queda apenas por pressão política do presidente Lula, aos economistas desenvolvimentista liderados pelo professor e ex- ministro Bresser Pereira e à presidente do PT, Gleise Hoffman para a qual “não há técnica nem razão inquestionável nas decisões econômicas”.
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Há sim. E o que Campos Neto fez foi ampliar para um número maior de pessoas, especialmente políticos no Congresso, a começar pelos presidentes das duas casas que, “na marra” a Selic não baixa. Assim como não se reduz a inflação apenas por vontade dos pesquisadores do IBGE quando vão às ruas medir a variação do IPCA.
Além disso, Roberto Campos Neto, ao ser perguntado sobre a intenção de parlamentares do PT de convocá-lo para dar explicações no Parlamento sobre juros respondeu o óbvio que desarma o discurso de inquisição:
“É meu trabalho, vou quantas vezes precisar. Eu vou explicar quantas vezes for necessário. Os juros são altos, e essa é uma questão legítima para a sociedade”.
É aí que mora o perigo para o discurso do PT.
Como é sabido que nenhum dos chamados economistas desenvolvimentistas está no Congresso, não será o líder do PT na Câmara, Zeca do PT, nem o veterano José Guimarães quem vão debater com um especialista e corre o risco de passar vergonha com a tempestade de informações que Roberto Campos Neto tem na condição de BC.
O que ficou claro na entrevista é que o presidente do BC pode ser bem didático e explicar o que os economistas já sabem e vem defendendo. No fundo, a entrevista ampliou o arco de apoio a atuação independente do BC, não entre economistas que detém as mesmas informações que é ele, mas fora desse grupo.
É importante não achar que inflação de 5,79% prevista para o ano de 2023 não assusta nem preocupa. Preocupa. Assim como uma taxa Selic de 13,75% ao ano seja confortável. Como disse o presidente da instituição, o Banco Central “quer fazer o melhor possível, ter os juros o mais baixo possível e ter o crescimento mais sustentável possível, mas a gente entende que é muito importante preservar esse ganho da inflação sob controle.”
Campos Neto lembrou que, em dezembro, o cenário-base dizia que a "meta (de inflação, de 3,25%) era exeqüível, com corte de juros a partir de junho". Segundo ele, porém, "ruídos" teriam alterado o cenário.
Ele se referia às críticas de Lula e de aliados do governo em relação à atuação do BC, que manteve a taxa de juros em 13,75% na última reunião do seu Comitê de Política Monetária (Copom).
“Ruidos” è uma forma educada de se referia às críticas de Lula e de aliados do governo em relação à atuação do BC, especialmente depois que o Copom manteve a taxa de juros em 13,75% na sua última reunião.
E disse com aquela linguagem de economistas que “ocorreu por um aumento de prêmios de risco, já que o IPCA tem se mostrado melhor no curto prazo.
“Aumento de prêmios de risco” é uma forma educada de dizer que as declarações do presidente Lula é que estão prejudicando a criação de um cenário mais positivo.
A sabedoria popular diz que contra fato não há argumentos. Mas também é verdade que os argumentos é que explicam os fatos. Se o presidente Lula, o PT e os economistas desenvolvimentistas queriam forçar uma baixa da taxa Selic apenas por vontade e objetivo político fazendo barulho terão buscar um discurso mais consistente.
Todo mundo acha péssimo uma taxa de inflação beirando os 6% e uma Selic beirando 14% mas a questão que agora ficou mais evidente é como o Governo Lula pode ajudar para esfriar a temperatura?