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Lula faz discurso verde na Amazônia e no Rio, mas Petrobras foca no Pré-Sal e mira futuro Margem Equatorial

Petrobras diz estar fortemente empenhada numa pegada de investimentos de baixo carbono, mas vai gastar 67% de seus investimentos no Pré-sal.

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Fernando Castro

Publicado em 14/08/2023 às 7:30 | Atualizado em 14/08/2023 às 18:40
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Apesar de toda a festa na cúpula Diálogos da Amazônia e dos discursos de descarbonização durante a solenidade de apresentação do Novo PAC, inclusive com promessas de uma economia verde, a verdade é que a Petrobras vai destinar 83%, o equivalente a US$ 78 bilhões para exploração e Produção de petróleo, embora faça questão de dizer que está US$ 4,4 bilhões (6% de seu Plano Estratégico 2023-2027) para iniciativas de baixo carbono.

Faz sentido. A despeito de todo o discurso perseguir um caminho para a descarbonização e diversificação rentável. A Petrobras é uma empresa de petróleo. Os seus objetivos seguem com foco no Pré-sal, com dupla resiliência para sustentabilidade dos projetos porque até mesmo o discurso de transição, se acontecer, vai ser pago com o dinheiro do petróleo. Do Pré-sal e, se possível, da Margem Equatorial.

Dito de outra forma: a Petrobras vai dizer fortemente que está empenhada numa pegada de investimentos para fortalecer seu posicionamento em baixo carbono e de ter até programado investimentos US$ 2,1 bilhões em soluções de baixo carbono em novos projetos de E&P e até um fundo de Fundo de Descarbonização US$ 600 milhões ela nunca vai poder fugir de um fundamento do seu negócio que é explorar e refinar petróleo. Até porque vai gastar 67% de seus investimentos no Pré-sal.

Ricardo Stuckert/PR
Lula na Apresnetação do PAC no Rio de Janeiro. - Ricardo Stuckert/PR

Lula destacou a construção coletiva do programa, com governadores e prefeitos sinalizando prioridades, para que os projetos escolhidos sejam o reflexo dos anseios das populações de cada região. E memso quando afirma como afirmou que planeta "não aguenta mais a pressão ambiental” a Petrobras vai continuar apostando no petróleo.

De novo: Faz sentido. Hoje, a Petrobras consegue extrair um barril de petróleo do Pré-sal por apenas US$4,2. Ou seja, ela extrai um litro de óleo por exatos US$0,026 ou R$0,12. É importante esclarecer que esse é “Custo de Extração” sem o leasing dos equipamentos e as participações governamentais. E quando se paga tudo o preço final é de US$33, o barril.

É muito barato. E para a empresa representa uma rentabilidade extraordinária, embora seja o coroamento de pesados investimentos em pesquisa e produtividade. Isso talvez explique por que, no primeiro semestre, a conta-petróleo do Brasil (a diferença entre as exportações e importações de petróleo, derivados e gás natural) tenha alcançado US$9,572 bilhões, de acordo com dados da ANP.

Isso também explica por que no seu plano estratégico esteja escrito que vai perfurar 16 poços na margem equatorial, 24 nas bacias do sudeste e mais dois na Colômbia em áreas contratadas. Mesmo que a simples menção de estar se habilitando a explorar um único poço na margem equatorial deixa furibundos os ecologistas do Governo, imagina o cenário de 16?

Mas é importante esclarecer. A Petrobras não contratou o navio-sonda ODN II, do grupo Foresea, neste momento sendo direcionado para pesquisar o campo de Pitu Oeste localizado na Bacia Potiguar no extremo da margem equatorial, para atuar apenas nessa área. O interesse está na outra extremidade da área delimitada entre os estados do Amapá e Rio Grande do Norte.

A Petrobras sabe que na chamada Margem Equatorial tem um campo, pelo menos, equivalente aos campos de Tupi, Búzios e Sapinhoá já explorados na Bacia de Santos. Não estamos falando de investigar se tem ou não tem óleo. O que se discute é quando a empres apoderá começar a retirá lo. O que a empresa quer é transformar isso em reservas provadas e desenhar sua exploração o mais depressa possível.

O problema é a pressão dentro do Governo. E o desafio de compatibilizar o discurso de potência ambiental que voltou aos cenário internacional com realidade prática. E com seu viu existe a pressão dos países na região Amazônica. O duro discurso do presidente da Colômbia, Gustavo Petro, quando avisou que falar em “transição ecológica” é negacionismo da esquerda, mostrou essa contradição.

Ricardo Stuckert/PR
Lula na reunião Dialogos da Amazonia. Foto comemorativa esconde divergencias com a questão ambiental. - Ricardo Stuckert/PR

Gustavo Petró não está mesmo preocupado com a “transição ecológica”. Ele tem problemas mais sérios, como é o caso da produção de cocaína que o seu país responde por 61% de toda a entrega no mercado internacional.

E ele não está disposto a deixar Lula tirar onda da líder verde na região enquanto a violência na América Latina explode com a nova reconfiguração do tráfico na região que Lula ignora solenemente. Na verdade, na América Latina Lula deixou de ser uma unanimidade assim como na Europa seu discursos perdeu o charme.

Então, mesmo que Jean Paul Prates tenha dito que a companhia está firme na rota da transição energética, transformando suas refinarias em biorrefinarias e fortalecendo mercado do óleo vegetal no projeto avançado biodiesel verde para a Petrobras que terá 47 projetos dentro do PAC, somando R$ 323 bilhões o negócio é petróleo.

ASSISTA: LULA destaca urgência de conter DESMATAMENTO na AMAZÔNIA

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