A visão metropolitana precisa virar premissa, também, do planejamento viário das cidades que integram a Região Metropolitana do Recife. Ou seja, de como as ruas e avenidas serão divididas e utilizadas. O fato de a gestão do transporte coletivo ser metropolitana e a do trânsito ser municipal muitas vezes impede a integração e ampliação de boa ideias para a mobilidade das cidades. É o caso das faixas exclusivas para os ônibus, transporte utilizado por 80% das pessoas que residem no Grande Recife, segundo a Pesquisa de Origem e Destino de 2018.
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As chamadas Faixas Azuis, nome criado pela gestão municipal do PSB, foram ampliadas no Recife - que chegou a 60 quilômetros em sete anos -, mas sem qualquer conexão com os municípios vizinhos. Ao contrário, a prioridade viária praticamente inexiste nas cidades da RMR. Jaboatão dos Guararapes e Olinda são as únicas a terem pequenos trechos de faixa em três vias. E, mesmo assim, é muito pouco. Propostas de conexões metropolitanas, no entanto, não faltam. Mas seguem esbarrando no individualismo das gestões municipais.
Infelizmente a proposta não avança. Percebemos que cada gestor quer cuidar apenas do seu. Sabemos das dificuldades, mas são projetos como esse que precisam avançar porque trazem benefícios metropolitanos”,Marcelo Bandeira, diretor de Inovação da Urbana-PE
Há pelo menos dois anos, a Urbana-PE, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco, tenta emplacar a proposta das Faixas Azuis Metropolitanas, corredores intermunicipais de ônibus que poderiam beneficiar, de cara, 400 mil passageiros. São quatro corredores que permitiriam a conexão do Recife com Jaboatão e Olinda por faixas exclusivas para circulação dos coletivos. E a um custo baixo, já que a implantação de Faixa Azul é barata: um quilômetro custa, aproximadamente, R$ 20 mil sem fiscalização eletrônica e R$ 40 mil com radares, segundo valores estimados pela Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU).
“Infelizmente a proposta não avança. Percebemos que cada gestor quer cuidar apenas do seu. Sabemos das dificuldades, mas são projetos como esse que precisam avançar porque trazem benefícios metropolitanos”, defende Marcelo Bandeira, diretor de Inovação da Urbana-PE. A última Faixa Azul implantada no Recife, na Avenida Agamenon Magalhães, área central da capital, é um exemplo de como a visão metropolitana ainda está distante. O equipamento poderia ter se conectado com Olinda. Essa ligação, inclusive, é uma das propostas da Urbana-PE. Não existe um projeto executivo dos corredores metropolitanos, mas o sindicato chegou a contratar uma empresa para fazer uma projeção básica, indicando as vias, o início e o fim das faixas prioritárias. Falta, apenas, a decisão política e integrada de implementá-los.
A VANTAGEM DAS FAIXAS AZUIS
Atualmente, menos de 20% dos passageiros da RMR usufruem dos benefícios da priorização viária ao transporte coletivo oferecida pelas faixas exclusivas. E olhe que eles são muitos. Há Faixas Azuis, como a da Avenida Domingos Ferreira, que tem conexão com a da Avenida Antônio de Góes, nos bairros do Pina e de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, que tiveram ganhos de 118% na velocidade dos coletivos.
Mesmo assim, a ampliação é lenta para a necessidade. Até na capital. Recife tem 2.400 quilômetros de vias e em 650 quilômetros os ônibus circulam por eles. Apenas 60 quilômetros têm algum tipo de priorização na via. Ou seja, de todas as ruas percorridas por ônibus na capital, apenas 5% contam com faixa exclusiva de circulação. Na RMR esse percentual é infinitamente menor e, na maioria das cidades, inexiste.
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Infelizmente a proposta não avança. Percebemos que cada gestor quer cuidar apenas do seu. Sabemos das dificuldades, mas são projetos como esse que precisam avançar porque trazem benefícios metropolitanos”,
Marcelo Bandeira, diretor de Inovação da Urbana-PE
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