TRANSPORTE PÚBLICO

Depois de um ano de promessas, PM inicia tentativa de moralização do Metrô do Recife

Policiamento, que deveria ter começado antes da pandemia, é uma tentativa de não só reduzir assaltos e furtos, mas principalmente de coibir o comércio informal. PMs estarão nas estações e trens

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Roberta Soares

Publicado em 05/01/2021 às 15:38 | Atualizado em 23/08/2021 às 17:26
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Não foi em dezembro de 2020, como prometido ao JC pelo superintendente do Metrô do Recife, Carlos Fernando Ferreira, mas foi em janeiro de 2021. Finalmente, teve início uma nova tentativa de moralizar o sistema metroferroviário da Região Metropolitana do Recife. Começou nesta terça-feira (5/01) o policiamento do Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPChoque) nas Linhas Centro e Sul do metrô, por onde passam 200 mil pessoas diariamente em tempos de pandemia - metade da demanda real. E o objetivo principal é colocar ordem no sistema. Os PMs não vão ajudar a diminuir a superlotação dos trens nos horários de pico, mas espera-se que inibam a violência e, principalmente, reduzam ou eliminem a bagunça promovida pelo comércio informal.

Confira a série de reportagens Metrôs - Uma conta que não fecha

Confira o especial multimídia Um metrô ainda renegado

BETO DLC/JC IMAGEM
A estratégia é utilizar os PMs para impor respeito e garantir a ordem no sistema - BETO DLC/JC IMAGEM
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Os policiais do BPChoque terão turnos de oito horas e comunicação direta com os seguranças e a central de monitoramento do metrô, que funciona na sede do Metrorec - BETO DLC/JC IMAGEM
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Os policiais irão atuar no policiamento do metrô nos horários de folga, dentro do Programa de Jornadas Extras (PJEs) da Secretaria de Defesa Social (SDS) - BETO DLC/JC IMAGEM
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Os efeitos já parecem surgir: na tarde desta terça (5), poucos ambulantes foram vistos na Estação Recife, por exemplo - BETO DLC/JC IMAGEM
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O convênio custará R$ 3,8 milhões por ano (R$ 318 mil/mês) - BETO DLC/JC IMAGEM
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
O convênio com a PM estava decidido desde janeiro de 2020, mas quando iria começar a ser executado, a pandemia provocou a suspensão - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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PMs não vão ajudar a diminuir a superlotação dos trens nos horários de pico, mas espera-se que inibam a violência e, principalmente, reduzam ou eliminem a bagunça promovida pelo comércio informal - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
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O objetivo principal é colocar ordem no sistema - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

O convênio com a PM estava decidido desde janeiro de 2020, mas quando iria começar a ser executado, a pandemia provocou a suspensão. Mas agora a Companhia Brasileira de Trens Brasileiros (CBTU) no Recife conseguiu viabilizá-lo junto à PM. O convênio custará R$ 3,8 milhões por ano (R$ 318 mil/mês) e envolverá um efetivo de 70 homens do BPChoque. Os efeitos já parecem surgir: na tarde desta terça (5), poucos ambulantes foram vistos na Estação Recife, por exemplo.

BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
O convênio custará R$ 3,8 milhões por ano (R$ 318 mil/mês) e envolverá um efetivo de 70 homens do BPChoque - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM


“Os PMs passaram por um treinamento para conhecer bem o sistema, saber os pontos vulneráveis, as rotas, de forma que entendam a operação. E vão atuar nas estações mais problemáticas, como Cavaleiro, Coqueiral, Jaboatão, Joana Bezerra, citando algumas. Mas eles estarão e irão onde houver necessidade”, explica Carlos Fernando Ferreira, à frente da CBTU no Recife.

Os policiais do BPChoque terão turnos de oito horas e comunicação direta com os seguranças e a central de monitoramento do metrô, que funciona na sede do Metrorec, em Areias, Zona Oeste do Recife. Por lá, o sistema consegue ter 1.380 olhos, o equivalente às câmeras instaladas nos últimos dois anos nas Linhas Centro e Sul do sistema.

THIAGO LUCAS/ ARTES JC
JC-CID0106_metro_impresso_Prancheta 1 - THIAGO LUCAS/ ARTES JC

Os policiais irão atuar no policiamento do metrô nos horários de folga, dentro do Programa de Jornadas Extras (PJEs) da Secretaria de Defesa Social (SDS). A estratégia é utilizar os PMs para impor respeito e garantir a ordem no sistema, inibindo os assaltos e, principalmente, a atuação dos ambulantes – que ainda dominam as estações e os trens.

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Os policiais do BPChoque terão turnos de oito horas e comunicação direta com os seguranças e a central de monitoramento do metrô - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

BRT
O modelo adotado pela CBTU no Metrô do Recife é o mesmo que o governo de Pernambuco adotou para o policiamento das estações do Sistema BRT, o Via Livre. O convênio com a PM, via PJEs, deu certo por um tempo, mas enfrentou dificuldades durante a pandemia, quando 25 das 46 estações de BRT foram totalmente destruídas por vândalos. O grande impacto foi no Corredor Norte-Sul, o maior, com 33 quilômetros e que liga o Recife a Igarassu, na RMR norte. Extraoficialmente, inclusive, comenta-se que a Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Seduh) ficou revoltada com o descaso do policiamento mesmo com o pagamento do convênio. O prejuízo obrigou o Estado a fazer uma recuperação de R$ 1,2 milhão nas estações.

Thiago Lucas/ Artes JC
Passageiros Transportados Em Agosto/2020 - Thiago Lucas/ Artes JC

O convênio foi uma reação do governo de Pernambuco aos assaltos e ao vandalismo que tinham dominado as estações de BRT no segundo semestre de 2019. Em outubro, o Grande Recife Consórcio de Transportes Metropolitano (CTM), a Seduh, o Conorte (consórcio que opera o Corredor Norte-Sul), a Mobibrasil (que opera o Leste-Oeste) e a SDS deram as mãos para tentar reverter a situação, depois que duas estações do Norte-Sul foram depenadas do piso ao teto, numa verdadeira “canibalização” das estruturas. Os PMs, então, passaram a substituir a segurança privada que existia no sistema até maio de 2019, quando os contratos foram cancelados pelo governo para economizar parte dos R$ 650 mil gastos mensalmente com a vigilância patrimonial das unidades do BRT. Mas com o fim do pagamento dos operadores, a presença da PM ficou comprometida.

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Os PMs não vão ajudar a diminuir a superlotação dos trens nos horários de pico, mas espera-se que inibam a violência e, principalmente, reduzam ou eliminem a bagunça promovida pelo comércio informal - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

O convênio do BRT previa um investimento diário de R$ 17 mil, o que equivaleria a aproximadamente R$ 527 mil por mês, permitindo ofertar mais de 80 policiais por dia, entre praças e oficiais (dados do pré-pandemia). Desse total, R$ 377 mil eram bancados pelo Estado, R$ 100 mil pelo Conorte e R$ 50 mil pela Mobibrasil. Os militares que atuam no PJEs da SDS recebem R$ 200 por 12 horas de trabalho (praças) e R$ 300 (oficiais) pelo mesmo turno.

 

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Operação Linha Segura é lançada no Recife, com o objetivo de coibir crimes e ambulantes no Metrô do Recife - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

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