Uso de motos por mulheres aumenta quase 100% em nove anos. Pandemia ajudou
O aumento mais expressivo de mulheres com CNH na categoria A - acreditem - está na faixa acima de 60 anos
A motocicleta ganhou espaço de vez entre as mulheres. E, com a pandemia de covid-19, essa realidade ficou ainda mais evidente. De acordo com dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) analisados pela Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), até novembro de 2020 havia 7.833.121 mulheres habilitadas para esse tipo de veículo no Brasil. O que representa um salto de 95,7% em comparação com 2011, quando elas somavam 4.002.094 de Carteiras Nacionais de Habilitação na categoria A.
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A explosão se deu mesmo a partir de 2017, segundo a Abraciclo. Mais de 985 mil mulheres tiveram a licença para pilotar motocicletas nesse período. Muitas passaram a fazer uso para trabalhar, principalmente com o serviço de entrega de encomendas e delivery. Segundo dados do Denatran, o grupo de mulheres com idades entre 41 e 50 anos registrou crescimento de 169,4% no número de habilitações nos últimos nove anos, passando de 574.233 em 2011, para 1.546.799 em novembro de 2020.
O aumento mais expressivo de mulheres com carteira de habilitação na categoria A - acreditem - está na faixa acima de 60 anos. Em 2011, elas eram 23.646 e em novembro do ano passado passaram a 147.460, o que representa uma alta de 523,6%. O segundo maior crescimento em termos percentuais foi na faixa etária entre 51 a 60 anos. Em 2011, havia 148.891 mulheres habilitadas a pilotar uma motocicleta neste grupo etário, e até novembro de 2020 elas somavam 609.791 habilitações, o que corresponde a uma elevação de 309,6%.
O presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, garante que as empresas estão atentas ao número crescente de mulheres que pilotam motocicletas. “É um público exigente. Por isso, o mercado precisa estar atento às suas necessidades. Hoje vemos um número crescente de mulheres que têm nas motocicletas sua fonte de renda, especialmente no cenário atual, em que os serviços de delivery passaram a ter grande papel social o que, consequentemente, deu às motocicletas mais protagonismo nas ruas e avenidas”, diz.
A motociclista Karla Carvalho confirma essa afirmação. Atuando na área desde 2015, ela criou, no ano passado, junto com três amigas, o grupo de WhatsApp Mulheres no Asfalto. O objetivo é ajudar aquelas que começaram a trabalhar nos serviços de entrega durante a pandemia. “Algumas perderam o emprego e compraram uma motocicleta para garantir o sustento da família. Trocamos informações, principalmente sobre segurança e a importância do uso de equipamentos de proteção para garantir a integridade física”, explica.
A segurança na pilotagem das motocicletas é fundamental porque as motos seguem sendo as vilãs da segurança viária. A imprudência de motociclistas no trânsito tem impacto direto na saúde pública, já que os pacientes são os que mais têm traumas e maior permanência nas unidades de saúde devido às mutilações. Lembrando que o trânsito brasileiro mata mais de 30 mil pessoas por ano (dados de 2019), mutila outras 500 mil e custa R$ 132 bilhões à saúde pública anualmente.