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Bike PE aumenta número de estações, mas quantidade de bicicletas segue a mesma, deixando muita gente sem pedalar

O JC chegou a anunciar a expansão, mas nem a Tembici nem a Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Pernambuco (Seduh), gestora pública do projeto, informaram, na época, que as bicicletas não chegariam

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Roberta Soares

Publicado em 01/11/2021 às 7:00
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Lembra da expansão do sistema de compartilhamento de bicicletas públicas Bike PE, que aconteceu no início de 2021, após dez anos de operação, e foi anunciada pelo governo de Pernambuco, a Tembici e o Banco Itaú - estes dois últimos os operadores e financiadores do projeto? Ela não aconteceu como deveria. As dez novas estações, de fato, foram implantadas no sistema, mas as bicicletas que deveriam acompanhá-las não chegaram. E ainda não há uma previsão confiável para isso acontecer. O JC chegou a anunciar a expansão, mas nem a Tembici nem a Secretaria de Desenvolvimento Urbano de Pernambuco (Seduh), gestora pública do projeto, informaram, na época, que as bicicletas não chegariam.

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Após dez anos, Bike PE se expande e ganha novas estações nas Zonas Norte e Oeste do Recife

As dez novas estações deveriam ter sido instaladas com 160 novas bicicletas. A expansão do Bike PE, vale destacar, além de demorada, foi tímida. Em abril de 2021, como prometido e determinado na renovação do contrato de prestação de serviço entre o Itaú Unibanco, a Tembici e o poder público, o Bike PE foi expandido. Ganhou dez novas estações, sendo a primeira ampliação desde que o sistema foi criado em Pernambuco, em outubro de 2011. A expansão chegou a apenas alguns bairros das Zonas Norte e Oeste do Recife. Lembrando que, até abril deste ano, o sistema já tinha registro de mais de 3 milhões de viagens no Recife e nas duas cidades em que têm poucas estações: Olinda e Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife.

BOBBY FABISAK/JC IMAGEM
Estação da Bike PE. - BOBBY FABISAK/JC IMAGEM


As estações foram distribuídas nos bairros de Casa Amarela (que ganhou a maioria - 4), Tamarineira (1), Parnamirim (1), Madalena (2) e Água Fria (2). As novas localizações, como explicou a Tembici na época, foram escolhidas para complementar a integração - ou pelo menos tentar - das bikes públicas com o transporte público na RMR, tendo sido aprovados pelo Escritório da Bicicleta, colegiado que traça o caminho da ciclomobilidade em Pernambuco. O escritório é composto por representantes do poder público (Estado e municípios da RMR) e representantes da sociedade civil.

Com certeza, essa falha do processo de expansão é a principal razão para as queixas e reclamações cada vez mais frequentes entre os usuários do Bike PE - pontualmente nos fins de semana e, principalmente, aos domingos e feriados. Muitos têm enfrentado dificuldades para conseguir uma bicicleta nos dias mais concorridos, situação que lembra o passado do sistema, quando ele começou a definhar com uma operação irregular e nada confiável. Na época, ele era operado pela pernambucana Serttel, foi abandonado pelo governo de Pernambuco e pelo Itaú. Logo na sequência, o sistema foi assumido pela Tembici e melhorou infinitamente. Mas agora, como definiu um usuário à reportagem, as pessoas voltaram a sentir “ansiedade antes de sair de casa para pedalar porque não sabem se vão encontrar uma bicicleta”.

“É o que está voltando a acontecer, de fato. É visível que o número de bicicletas do Bike PE está sendo insuficiente nesses dias, que são os dias em que todos querem pedalar, a cidade estimula a atividade com as ciclofaixas de turismo e lazer, e que são os dias que dão visibilidade ao projeto do Itaú. É muito ruim essa sensação de não ter confiança no sistema, sem saber se vamos ou não conseguir uma bicicleta. É frustrante. Conheço pessoas, por exemplo, que estão saindo de carro para tentar localizar uma estação com bikes porque não conseguem achar perto de casa. Isso é muito ruim”, critica o engenheiro químico Cláudio Marinho, que adora usar o Bike PE para pedalar aos domingos e feriados.

O Bike PE funciona no Recife, em Olinda e em Jaboatão dos Guararapes. Das 100 estações, mais de 80 estão na capital pernambucana. No último ano, 73% das viagens foram feitas em dias de semana, o que comprova o uso cada vez maior da bicicleta como transporte.

RESPOSTAS E ARGUMENTOS

A Tembici confirmou que as bicicletas não chegaram com as dez novas estações. Alegou que a pandemia de covid-19 dificultou o envio dos equipamentos, afetados pela ausência de peças. “O cronograma de importações do fornecimento de peças foi impactado, influenciando diretamente na montagem das novas bicicletas do sistema - fator que tem impactado a obtenção de suprimentos em escala global”. A Tembici alegou, ainda, que a demanda do Bike PE só voltou a crescer aos patamares de antes da crise sanitária neste mês de outubro. Mas também não informou esses números.

Já o governo de Pernambuco respondeu apenas depois de muita insistência. Por nota, afirmou estar acompanhando todo o processo para fazer as cobranças das adequações necessárias. E que aguarda o estudo sobre a demanda de usuários do Bike PE. A Seduh, no entanto, omitiu a informação de que as 160 bicicletas não estavam disponíveis para a população nas duas reportagens feitas com o JC sobre a expansão e os problemas do Bike PE.
 

BOBBY FABISAK/JC IMAGEM
Estação da Bike PE. - BOBBY FABISAK/JC IMAGEM

Confira o posicionamento oficial da Tembici:

“A Tembici, líder em tecnologia para micromobilidade na América Latina, informa que a expansão do Bike PE teve início desde o dia 27/03 com 10 novas estações em funcionamento distribuídas pela zona norte de Recife. O projeto prevê o recebimento de 160 novas bikes no primeiro semestre de 2022. A empresa ressalta que devido à pandemia, o cronograma de importações do fornecimento de peças foi impactado, influenciando diretamente na montagem das novas bicicletas do sistema - fator que tem impactado a obtenção de suprimentos em escala global.

No entanto, a empresa se adiantou e distribuiu as 800 bikes já existentes em todas as estações. A decisão tomada pela Tembici para que nenhum usuário seja prejudicado até o recebimento das peças para montagem das novas bikes está alinhada com a Seduh (Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação de Pernambuco) e o Escritório da Bicicleta.

Cabe ressaltar que, somente este ano, o Bike PE trouxe diversos ganhos para a mobilidade urbana da região. Além disso, o sistema não registrou crescimento na procura durante o primeiro semestre de 2021. Os patamares de utilização do Bike PE só retornaram ao estágio pré-pandemia em outubro deste ano, apenas aos finais de semana, graças à flexibilização das medidas de restrição.

Expandimos o projeto para a zona norte de Recife para complementar a integração modal de bikes e transporte público na região. Em julho, registramos um recorde histórico de 5 mil viagens em um único dia e somente no primeiro semestre, o projeto contribuiu com a economia de mais de 150 toneladas de CO2, equivalente ao plantio de mais de 1.100 árvores. O projeto vem contribuindo desde 2014 proporcionando melhores condições no deslocamento das pessoas, levando Recife, Olinda e Jaboatão dos Guararapes para o caminho das cidades inteligentes”.

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