BUSER: crise chega a startup de TRANSPORTE, que DEMITE 30% dos funcionários e culpa órgãos reguladores
A imposição de regras e as dificuldades criadas para isso, estariam atrapalhando o modelo de negócios da empresa
A startup de transporte Buser, plataforma de viagens rodoviárias no País, comunicou nesta quinta-feira (8/12) a demissão de 30% de seus funcionários, o equivalente a 165 pessoas. Além da crise no mercado de investimentos, a Buser responsabilizou os órgãos reguladores.
A imposição de regras e as dificuldades criadas para isso, estariam atrapalhando o modelo de negócios da Buser, que que faz e intermedia digitalmente as viagens intermunicipais e interestaduais. A Buser diz que tem mais de 8 milhões de usuários no Brasil e que as operações, apesar dos cortes, seguem normalmente.
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“Além da conjuntura desfavorável para startups, a Buser credita parte dos desafios enfrentados à morosidade dos avanços regulatórios. A jurisprudência em construção nos tribunais (como em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais) é favorável ao modelo da Buser, mas órgãos reguladores descumprem decisões judiciais e praticam blitze seletivas nas viagens da startup, gerando custos adicionais para prejudicar o fretamento colaborativo e beneficiar as grandes viações – que vêm perdendo mercado para os novos entrantes”, diz a empresa.
“A Buser está se reorganizando para enfrentar esses novos tempos. E realizou nesta quinta-feira (8/12) uma redução de 30% de seu time de colaboradores. É uma medida dura e difícil, mas necessária para continuarmos crescendo de forma sólida e segura”, segue afirmando.
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Marcelo Abritta, fundador e CEO da Buser, foi mais direto e disse que a empresa está sendo perseguida pelos órgãos reguladores: "Infelizmente, tivemos que fazer esse ajuste, não só devido ao cenário macroeconômico, mas também por causa da perseguição que sofremos de alguns órgãos reguladores. Esperamos que a regulação tenha avanços no próximo governo para que possamos voltar a gerar empregos de alto valor agregado”, disse.
QUESTIONAMENTOS AO MODELO DE NEGÓCIO DA BUSER
O modelo de negócios da startup, definido como "fretamento colaborativo", é questionado porque confrontaria o conceito de "circuito fechado", que define como devem operar as viagens de ônibus entre estados. Segundo o Decreto 2.521/1998, as viagens por fretamento sempre devem ocorrer com o mesmo grupo de pessoas nos trajetos de ida e volta.
A operação da Buser é diferente: o passageiro entra em um grupo de viagem para um destino e data selecionados para garantir um lugar no ônibus fretado pela Buser. E o valor da passagem vai depender da quantidade de pessoas que estiverem interessadas no mesmo trajeto.
A promessa é de uma economia de até 60% em relação às viagens tradicionais.
O modelo é questionado pelas autoridades que, em alguns estados, definem como transporte clandestino, levando a briga à Justiça. A fiscalização nacional realizada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e os Departamentos de Estradas de Rodagem (DERs) também tem sido intensificada, principalmente em 2022.