TRANSPORTE

BUSER: crise chega a startup de TRANSPORTE, que DEMITE 30% dos funcionários e culpa órgãos reguladores

A imposição de regras e as dificuldades criadas para isso, estariam atrapalhando o modelo de negócios da empresa

Imagem do autor
Cadastrado por

Roberta Soares

Publicado em 09/12/2022 às 16:08 | Atualizado em 09/12/2022 às 17:04
Notícia
X

A startup de transporte Buser, plataforma de viagens rodoviárias no País, comunicou nesta quinta-feira (8/12) a demissão de 30% de seus funcionários, o equivalente a 165 pessoas. Além da crise no mercado de investimentos, a Buser responsabilizou os órgãos reguladores.

A imposição de regras e as dificuldades criadas para isso, estariam atrapalhando o modelo de negócios da Buser, que que faz e intermedia digitalmente as viagens intermunicipais e interestaduais. A Buser diz que tem mais de 8 milhões de usuários no Brasil e que as operações, apesar dos cortes, seguem normalmente.

Nem bem começou, Buser poderá ser impedido de funcionar em Pernambuco; entenda os motivos

App Buser é proibido pela Justiça de operar em Pernambuco

“Além da conjuntura desfavorável para startups, a Buser credita parte dos desafios enfrentados à morosidade dos avanços regulatórios. A jurisprudência em construção nos tribunais (como em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais) é favorável ao modelo da Buser, mas órgãos reguladores descumprem decisões judiciais e praticam blitze seletivas nas viagens da startup, gerando custos adicionais para prejudicar o fretamento colaborativo e beneficiar as grandes viações – que vêm perdendo mercado para os novos entrantes”, diz a empresa.

DIVULGAÇÃO
Em Minas Gerais, um PL foi aprovado proibindo a operação da plataforma. E o TRF da 4ª Região tem decisão contrária à operação em Santa Catarina e no Paraná - DIVULGAÇÃO

“A Buser está se reorganizando para enfrentar esses novos tempos. E realizou nesta quinta-feira (8/12) uma redução de 30% de seu time de colaboradores. É uma medida dura e difícil, mas necessária para continuarmos crescendo de forma sólida e segura”, segue afirmando.

ENTENDA por que viagens de ÔNIBUS voltaram a crescer mais do que as de AVIÃO

Marcelo Abritta, fundador e CEO da Buser, foi mais direto e disse que a empresa está sendo perseguida pelos órgãos reguladores: "Infelizmente, tivemos que fazer esse ajuste, não só devido ao cenário macroeconômico, mas também por causa da perseguição que sofremos de alguns órgãos reguladores. Esperamos que a regulação tenha avanços no próximo governo para que possamos voltar a gerar empregos de alto valor agregado”, disse.

QUESTIONAMENTOS AO MODELO DE NEGÓCIO DA BUSER

O modelo de negócios da startup, definido como "fretamento colaborativo", é questionado porque confrontaria o conceito de "circuito fechado", que define como devem operar as viagens de ônibus entre estados. Segundo o Decreto 2.521/1998, as viagens por fretamento sempre devem ocorrer com o mesmo grupo de pessoas nos trajetos de ida e volta.

A operação da Buser é diferente: o passageiro entra em um grupo de viagem para um destino e data selecionados para garantir um lugar no ônibus fretado pela Buser. E o valor da passagem vai depender da quantidade de pessoas que estiverem interessadas no mesmo trajeto.

A promessa é de uma economia de até 60% em relação às viagens tradicionais.

O modelo é questionado pelas autoridades que, em alguns estados, definem como transporte clandestino, levando a briga à Justiça. A fiscalização nacional realizada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e os Departamentos de Estradas de Rodagem (DERs) também tem sido intensificada, principalmente em 2022.

Tags

Autor