UBER E 99: Por que a taxa de aceitação dos apps de corrida está menor? Veja o que dizem empresas e motoristas

Uma das principais heranças da pandemia no Brasil foi o aumento de motoristas que passaram a utilizar o próprio automóvel como fonte de renda e de usuários que dependem de aplicativos de corrida, como Uber e 99, para se deslocar entre as cidades.

Apesar disso, muitos usuários continuam a reclamar da alta taxa de rejeição das corridas solicitadas.

Mas, afinal de contas, o que está acontecendo? Leia a matéria até o fim e veja o que dizem as empresas de viagem por aplicativo.

PRESIDENTE DE ASSOCIAÇÃO DOS MOTORISTAS DE APP CULPA PREÇO DOS COMBUSTÍVEIS POR QUEDA NA ACEITAÇÃO DE CORRIDAS

De acordo com Eduardo Lima, presidente da Associação dos Motoristas de Aplicativo (Amasp), o aumento do preço dos combustíveis é uma das razões para a dificuldade de se conseguir corridas.

Apesar da Agência Nacional do Petróleo demonstrar que o preço médio da gasolina no país é de R$ 5,04, vários postos de combustíveis ainda vendem o litro a mais de R$ 6.

Em entrevista para a colunista Paula Gama, do UOL Carros, ele explicou que o aumento no preço da gasolina também faz com que os motoristas de aplicativo deem preferência a corridas mais econômicas, ou seja, com trajetos menores.

"Antes dos aumentos, por dia, eu gastava entre R$ 100 e R$ 110 de gasolina por dia, com o aumento, passei a gastar R$ 140. Multiplicando essa diferença pelos dias do mês, o valor a mais é um absurdo, e as tarifas não estão subindo junto com o combustível", explicou.

O presidente da associação também justificou o motivo dos muitos cancelamentos.

"Atualmente, os aplicativos mostram o destino e o valor da corrida antes de aceitarmos, mas - muitas vezes - essas informações aparecem quando ainda estamos com o cliente no carro. Se não vale a pena, o jeito é cancelar", explicou.

Uma outra reclamação recorrente dos motoristas de aplicativo é a respeito do valor que é repassado pelas plataformas.

Segundo o motorista Gutemberg Pedro, os preços repassados pelas empresas são muito baixos, o que faz com que os colaboradores optem por viagens curtas e com maior rentabilidade.

"Para se ter uma ideia, em uma corrida de 18 km recebemos R$ 15, enquanto o cliente paga, pelo menos, R$ 35", explicou. 

EMPRESAS DE VIAGEM POR APLICATIVO JUSTIFICAM BAIXA NA ACEITAÇÃO DE CORRIDAS

A Uber, uma das principais empresas de aplicativo do mercado, justificou que a taxa de rejeição das corridas se dá pelo aumento desproporcional da demanda e dos colaboradores. Confira a nota da empresa na íntegra.

“Com a pandemia, pessoas que antes não usavam a Uber no dia a dia passaram a optar pelo app com mais frequência. Nesse cenário de demanda crescente por viagens, os usuários estão tendo que esperar mais tempo por uma viagem porque, especialmente nos horários de pico, há momentos em que há mais solicitações do que motoristas parceiros disponíveis para atendê-las", argumentou.

Em relação aos cancelamentos, a Uber alegou que os motoristas têm total independência para aceitar ou cancelar as viagens quando acharem necessário.

"Cancelamentos excessivos, porém, representam abuso do recurso e configuram violação ao Código da Comunidade Uber por mau uso da plataforma, pois atrapalham o seu funcionamento e prejudicam intencionalmente a experiência dos demais usuários e motoristas".

"A Uber tem equipes, processos e tecnologias próprias que revisam constantemente os cancelamentos para identificar violações e, quando comprovadas, desativar as contas envolvidas", disse a empresa.

A 99, outra empresa do ramo, diz que implementou diversas ações no sentido de reduzir os gastos dos motoristas desde a crise econômica e o aumento dos combustíveis.

"Recentemente [a 99], colocou em funcionamento a taxa semanal garantida, ou seja, para os condutores que realizarem a partir de 10 corridas na semana pela plataforma, a taxa aplicada pela companhia é de até 19,99%", explicou a empresa em nota.