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Combustível leva mais de 50% do lucro dos motoristas de apps como Uber e 99

Aumento do ganho dos condutores que estaria sendo dado pelas plataformas não tem sido suficiente

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Roberta Soares

Publicado em 08/10/2021 às 11:16 | Atualizado em 08/10/2021 às 11:43
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Não é novidade, mas é a constatação. Motoristas de aplicativo de transporte individual privado de passageiros, como Uber e 99, estão perdendo mais da metade do que ganham com o gasto de combustíveis para trabalhar. E essa perda deu um salto grande. Em 2020 a proporção era de 20% e, agora, subiu para 53%. Não é à toa que as plataformas têm se mexido e anunciado reposições, enquanto os motoristas parceiros reclamam e duvidam. E, no meio, está o passageiro que sofre com o serviço.

Os combustíveis veiculares ficaram em média 32% mais caros em 2021, segundo dados da Associação Nacional de Petróleo (ANP). O preço médio do litro da gasolina estava em R$ 4,57 no início do ano, alcançou R$ 6,09 e já chega a R$ 7,16 em alguns pontos do Brasil. Já o etanol custava R$ 3,17 e hoje sai por R$ 4,73. Devido a esse aumento, as plataformas de transporte foram pressionadas a aumentar os valores repassados para os condutores, o que começou de agosto para setembro, escalonadamente, pelo País. Os reajustes variam de 10% a 25% na 99 e de 10% a 35% na Uber, dependendo da demanda, do local e do horário da corrida.

ARTES JC
Confira os aplicativos de transporte coletivos - ARTES JC

As associações de motoristas de aplicativo do País se uniram em uma só voz para dizer que o reajuste não cobre o impacto dos combustíveis. “Os reajustes divulgados amplamente pelas empresas Uber e 99 não passam de pirotecnia para agradar a imprensa e os usuários. Na prática, o aumento não tem chegado ao motorista, que precisa continuar selecionando as viagens para não ter prejuízo. A Uber prometeu um aumento variável, de 11% a 18%, que na prática, não estabelece regras claras. Inclusive, o aplicativo não informa ao motorista o valor do km e do tempo. Enquanto a 99 informou que foi feito um reajuste de 10%, mas oferta aos passageiros um desconto de 10% na maioria das viagens”, critica Thiago Silva, presidente da Associação dos Motoristas e Motofretistas por Aplicativos de Pernambuco (Amape).

MAIS IMPACTO

Crise para os motoristas de aplicativos, crise para o setor de aluguel de veículos. Segundo dados da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (ABLA), 30 mil carros de aluguel foram devolvidos pelos motoristas de aplicativo no País em 3 meses. Assim como os combustíveis, o custo dos carros de aluguel subiu em 2021, afastando os motoristas de app já em crise.

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Estudo do Ipea revela que os aplicativos já são vistos como emprego real pelos trabalhadores. São 1,4 milhão no País - LARISSA ALVES/SJCC


MOTORISTAS SÃO MUITOS NO PAÍS

Apesar da crise, os motoristas de aplicativo - agora incluindo os entregadores - são uma importante força na economia brasileira. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que o Brasil tem 1,4 milhão de trabalhadores de aplicativo atualmente, sendo 1,1 milhão de motoristas e 278 mil entregadores. Esses trabalhadores correspondem a 31% do total de 4,4 milhões de pessoas que trabalham no setor de transporte, armazenagem e correio no Brasil.

CONFIRA O ESTDUDO DO IPEA NA ÍNTEGRA

O mesmo estudo, inclusive, revela que os aplicativos já são vistos como emprego real pelos trabalhadores. Menos de 5% dos entrevistados veem os aplicativos como um trabalho secundário. No estudo, o Ipea afirma que os apps formaram uma rede de segurança em tempos de crise econômica. E aponta tendências: “Uma queda inicial do número de trabalhadores no transporte de passageiros, seguida por uma recuperação; e um crescimento em meados de 2020, seguido por uma estabilização ao final de 2020 no setor de transporte de mercadorias”.

ENTENDA AS REGRAS DA REGULAMENTAÇÃO EM PERNAMBUCO, QUE AINDA NÃO ENTROU EM VIGOR DEVIDO A UMA DECISÃO JUDICIAL:

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Regras para os aplicativos no Recife - ARTES JC

 

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Regras para os aplicativos no Recife - ARTES JC

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