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Veja o que revela PESQUISA sobre FLEXIBILIZAÇÃO da JORNADA de TRABALHO de MOTORISTAS de UBER e ENTREGADORES do IFOOD

O resultado do estudo realizado pelas gigantes da mobilidade e do delivery é oportuno para o momento, quando o governo federal estuda a regulação trabalhista do setor

Roberta Soares
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Roberta Soares
Publicado em 12/04/2023 às 17:07 | Atualizado em 12/04/2023 às 17:29
MARCELO APRÍGIO/JC
Pesquisa é estratégica para o momento, quando o governo do presidente Lula estuda a regulação trabalhista dos motoristas e entregadores parceiros - FOTO: MARCELO APRÍGIO/JC

Pesquisa nacional realizada pela associação que reúne as gigantes da mobilidade urbana e do delivery, como Uber, 99 e iFood, mostrou que a maioria dos motoristas e entregadores de aplicativo não só são a favor como dependem da flexibilização dos horários de trabalho do setor.

O resultado do estudo, divulgado nesta quarta-feira (12/4), é estratégico para o momento, quando o governo do presidente Lula estuda a regulação trabalhista dos motoristas e entregadores parceiros das plataformas.

O mais importante resultado da pesquisa - que com certeza foi a motivação maior para realização do levantamento - confirma o principal argumento das plataformas quando questionadas sobre a regulação trabalhista dos parceiros.

QUASE METADE DOS MOTORISTAS DE UBER TEM OUTROS TRABALHOS

Mostra que, sem a flexibilização de horários, o serviço de Uber, 99 e iFood morre. É o ponto chave da profissão porque um grande volume dos parceiros têm outros trabalhos, conciliados com os aplicativos.

A pesquisa foi realizada pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) para a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), entidade que reúne as gigantes da mobilidade urbana: Uber e 99, além do iFood e Zé Delivery.

A Amobitec já tinha se posicionado oficialmente defendendo o pagamento da Previdência para os parceiros, mas são radicalmente contra o engessamento da jornada de trabalho.

No levantamento, o Cebrap aponta que a flexibilidade de horários é o principal atrativo da atividade em apps, segundo os trabalhadores, seguido dos ganhos. Atualmente, 48% dos entregadores e 37% dos motoristas têm outros trabalhos, dos quais cerca de 50% e 40% com carteira assinada, respectivamente.

Pixabay
Pesquisa realizada pela Uber, 99, iFood e Zé Delivery mostra quem são e quanto ganha um motorista e entregador de aplicativos - Pixabay

A maioria absoluta dos trabalhadores (80% dos entregadores e 60% dos motoristas) dizem que pretendem continuar trabalhando com as plataformas.

SALÁRIOS TAMBÉM SÃO ATRATIVO PARA OS MOTORISTAS DE UBER E ENTREGADORES DO IFOOD

O salário que os motoristas de aplicativo recebem realizando viagens no País é mais um atrativo. A pesquisa aponta que os valores são sempre bem superiores ao salário mínimo, o que explica quase 2 milhões de pessoas vivendo atualmente do serviço no País. E que os valores também superam a média paga no mercado para pessoas com a mesma escolaridade.

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Estima-se que a renda líquida (ou seja, livre dos custos) de um motorista parceiro varia entre R$ 2.925 e R$ 4.756 por mês. Isso para uma jornada de 40h semanais. 

Para os entregadores, a renda líquida seria entre R$ 1.980 e R$ 3.039. Toda a pesquisa é a partir da percepção dos motoristas e entregadores parceiros. Estamos falando da movimentação de R$ 4,5 bilhões.

JORNADA DE TRABALHO DO MOTORISTA DE UBER

Mas, para chegar ao salário de, no mínimo, quase R$ 3 mil (no casos dos motoristas de aplicativo) ou de quase R$ 2 mil (entregadores), os trabalhadores têm que pegar pesado. A jornada média, segundo o levantamento, é entre 22h e 31 horas semanais.

Para os entregadores, a jornada é melhor: oscila entre 13h e 17 horas semanais. A pesquisa também constatou a rotatividade e instabilidade do trabalho ao identificar que o engajamento varia muito entre os trabalhadores. Alguns têm as plataformas como renda exclusiva, enquanto outros as têm como trabalho complementar.

A pesquisa “Mobilidade urbana e logística de entregas: um panorama sobre o trabalho de motoristas e entregadores com aplicativos” pode ser acessada AQUI.

TRABALHADOR DE PLATAFORMA É HOMEM, COM BAIXA INSTRUÇÃO E DA CLASSE C

A expressão pejorativa “uberização de tudo”, que se criou devido às condições do trabalho com as plataformas de mobilidade, também se confirmou na pesquisa. Em sua grande maioria, os motoristas e entregadores parceiros são homens, com baixa instrução e da classe C.

Quase a totalidade dos entrevisatdos são do sexo masculino (97% dos entregadores e 95% dos motoristas). A média de idade dos entregadores é de 33 anos e a dos motoristas é de 39 anos.

Em relação ao nível de escolaridade, a pesquisa revelou que o índice de instrução é baixo. Apenas 10% dos entregadores e 12% dos motoristas estão estudando. Entre os que não estudam, predominam profissionais com o Ensino Médio completo (60% entre motoristas e 59% entre entregadores).

Considerando a classe social, 83% dos entregadores estão na classe C ou inferior, enquanto 76% dos motoristas estão nesta condição. Por outro lado, 25% dos motoristas estão na classe B ou superior e entre os entregadores essa proporção é de pouco mais de 15%.

A maioria trabalhadores se autodeclara pretos ou pardos (68% entre entregadores e 62% entre motoristas).

Quase 60% dos entregadores declaram possuir renda familiar mensal acima de 3 salários mínimos. Entre os motoristas, mais de 70% têm essa renda (3 salários mínimos), sendo que quase 35% de pessoas entre as que dirigem automóveis declaram renda acima de 6 salários mínimos.

Agência Brasil
Um dos principais resultados da pesquisa é conveniente para as plataformas: mostra que a flexibilidade de horários é fundamental para o serviço, na opinião dos trabalhadores - Agência Brasil

DADOS DA PESQUISA

A Amobitec garante que os registros administrativos usados na pesquisa foram fornecidos pelas empresas associadas Uber, iFood, 99 e Zé Delivery e abrangem o período de um ano, entre maio de 2021 até abril de 2022.

Foram entrevistados por telefone 3.025 pessoas, sendo 1.507 entregadores e 1.518 motoristas.
E que a seleção de dados utilizados na pesquisa respeitou a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) - todos os dados foram compartilhados e analisados de forma agregada, sem identificação individual de cada motorista ou entregador.

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