Um dos equipamentos públicos que mais simbolizam o que o abandono da gestão pode provocar, a antiga passarela do Pina, na Zona Sul do Recife, começou a ser requalificada pela prefeitura. Enfim, após mais de dez anos completamente degradada e vandalizada ao extremo.
A passarela, que custou R$ 3,8 milhões e foi construída na segunda gestão do então prefeito João Paulo (PT), fica sobre a Avenida Herculano Bandeira, talvez a principal porta de entrada da Zona Sul da capital. Fazia parte do projeto viário da Via Mangue e teve - por pouco tempo - até elevadores e escadas rolantes, que também foram roubados e vandalizados.
Quem passa pela via observa o equipamento velho, depredado, depenado e, como se não bastasse, pichado. Nesta segunda-feira (17/4), o prefeito do Recife, João Campos, deu a ordem de serviço para requalificação e transformação do equipamento, que ganhará uma função além da mobilidade de pedestres.
Será transformada em uma moderna Biblioteca Digital. E, o que é ainda melhor, o entorno da passarela - que há muitos anos é um dos principais acessos a pé ao bairro do Jardim Beira-Rio e, principalmente, ao RioMar Shopping - será completamente urbanizado.
ENTORNO DA PASSARELA SERÁ REQUALIFICADO E TERÁ MAIS SEGURANÇA PARA QUEM CAMINHA
A promessa da prefeitura é que serão implantadas áreas de convivência e de eventos, o que deverá proporcionar mais segurança para quem circula ou reside na região. Segundo a PCR, o equipamento fará parte da Rede Compaz e oferecerá atividades com foco em cultura digital e na formação de leitores.
A requalificação da passarela e do entorno tem prazo de conclusão de oito meses e é, segundo a prefeitura, inspirada numa experiência de sucesso desenvolvida no México. Custará R$ 2,2 milhões - praticamente metade do valor que o município gastou para construí-la em 2008.
COMO FUNCIONARÁ A PASSARELA
Mesmo com a requalificação, a passarela deixará de ser uma passarela. Ou seja, as pessoas não poderão utilizá-la para sobrepor a Avenida Herculano Bandeira. Como já é desde 2009/2010. E não haverá travessia oficializada também por baixo.
A área de travessia dos pedestres da passarela será convertida em uma ampla sala de estudos (biblioteca digital), que oferecerá acesso gratuito a computadores para a comunidade.
Segundo a PCR, a decisão de implantar um centro de estudos foi baseada também na presença de várias escolas e entidades de ensino no entorno, bem como na falta de equipamentos de lazer para crianças nessas imediações.
PROJETO INSPIRADO EM BIBLIOTECA DO MÉXICO
O projeto teve inspiração na biblioteca da Praça da Colônia Álvaro Obregón, em Iztapalapa, no México, construída a partir da estrutura de um Boeing 737-200 que passou um tempo abandonado no cemitério de aviões do Aeroporto Internacional da Cidade do México. A retirada das escadas rolantes que davam acesso à passarela abrirá espaço para a criação de espaços de convivência no entorno. Haverá duas praças, uma destinada ao público infantil e a outra projetada para ser um espaço livre, capaz de abrigar eventos e atividades variadas.
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“Buscamos referências internacionais e procuramos entender qual seria o melhor uso desta área. Então, além da biblioteca, iremos fazer dois espaços de convivência. A requalificação estará pronta até o final do ano e precisamos lembrar sempre que o que é público é de todos”, disse o prefeito João Campos, em visita à obra.
A unidade contará com professores de TI, arte-educadores e computadores que poderão ser utilizados livremente pelos usuários em alguns momentos. Os equipamentos tecnológicos também se destinarão a formações para uso de ferramentas digitais, destinadas a todas as faixas etárias - crianças, jovens, adultos e idosos, além de serem usados em atividades permanentes com crianças de 6 a 11 anos.
A PRIMEIRA PASSARELA CUSTOU R$ 3,8 MILHÕES E TINHA ATÉ ESCADA-ROLANTE E ELEVADOR
A primeira versão da passarela foi construída como solução de engenharia de tráfego. O objetivo era eliminar um cruzamento semafórico que existia na interseção que a Avenida Herculano Bandeira fazia com a Rua Manoel de Brito, no Pina.
Fez parte das ações do projeto Via Mangue, que em sua primeira etapa promoveu a construção do Túnel Josué de Castro (conhecido como Túnel da Via Mangue), ligando a Avenida Antônio de Góis à Rua República Árabe Unida, além de melhorias nas outras vias de acesso da região.
Sem o túnel, a saída da Via Mangue seria comprometida. O túnel proporcionou a melhora na circulação de veículos e pedestres entre os bairros do Cabanga e Boa Viagem, entre o Pina, Jardim Beira Rio e Brasília Teimosa.
A passarela mede 59 metros de extensão por 3,5 metros de largura e 2,2 metros de altura. Foi projetada em estrutura metálica revestida em alumínio, pesando 48.000 kg. Além das escadas rolantes e elevadores, o equipamento tinha duas torres de apoio em concreto armado.
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