Nunca foi tão caro se deslocar de transporte público no Brasil. Principalmente para a população que sobrevive com o salário mínimo atual de R$ 1.320. Esses passageiros estão comprometendo pelo menos 15% do orçamento mensal.
E esse percentual vale para o usuário que paga apenas duas passagens por dia e considerando 20 dias úteis de trabalho - ou seja, trabalhando apenas de segunda à sexta-feira. Nessas condições, este cidadão estará gastando R$ 192 mensalmente com o transporte público coletivo no País.
O cálculo foi realizado pela plataforma de descontos online Cuponation, que levantou o valor das tarifas do transporte público no Brasil e no mundo. O levantamento é feito a partir de dados da companhia alemã Numbeo, que anualmente divulga a lista das 100 nações com o bilhete mais caro do globo.
O Brasil aparece na 49ª posição este ano, cobrando em média R$ 4.80 por cada passe de ida. Em 2020, ocupava o 55º lugar no ranking, ou seja, as tarifas do transporte público passaram a pesar ainda mais para o brasileiro.
RANKING MUNDIAL DAS TARIFAS MAIS CARAS
As pessoas que pagam mais caro para andar de transporte público são os moradores da Suíça, desembolsando quase R$ 20 a cada viagem.
Ocupando o segundo e terceiro lugares da lista, estão a Noruega e a Holanda, que cobram R$19.32 e R$18.58, respectivamente, a cada bilhete vendido.
Os países onde usar o transporte público é mais barato no mundo são o Cazaquistão e o Nepal, que ficaram em penúltimo e último lugar no ranking, nesta ordem. O Cazaquistão cobra apenas R$ 1, enquanto o Nepal é ainda mais barato: R$ 0.96.
PERDA HISTÓRICA DE PASSAGEIROS
O transporte público por ônibus segue sofrendo as mazelas provocadas pela pandemia de covid-19. Levantamento atualizado da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU) aponta que o setor acumulou, nos últimos três anos, uma perda financeira na ordem de R$ 36 bilhões. O rombo seria referente ao período entre 2020 e 2023.
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Os ônibus, assim como os sistemas sobre trilhos, amargaram uma perda de demanda de passageiros que chegou a 80% e, mesmo agora, três anos depois do início da crise sanitária, ainda não conseguiram recuperar o volume de antes da pandemia.
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O levantamento da NTU aponta que a situação está menos ruim no pós-pandemia, mas que a recuperação foi apenas parcial. E que, diante da demora do retorno dos passageiros, a expectativa é de que eles tenham deixado o sistema de vez, cada um por uma razão.
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Entre elas, as principais são a crise econômica - que dificulta o pagamento do valor da tarifa -, os aplicativos de mobilidade urbana e o avanço do home office. De acordo com os estudos realizados, a demanda atual atingiu 82,8% dos níveis verificados na pré-pandemia.
TRENS E METRÔS TAMBÉM SOFREM
Além dos ônibus, o transporte público sobre trilhos também sofre com os efeitos da pandemia de covid-19. Embora tenha registrado um aumento de 28% na demanda de passageiros em 2022, a rede de metrôs, trens, VLTs e monotrilhos do País ainda não conseguiu recuperar o passageiro de antes da crise sanitária.
A perda de demanda em relação a 2019 chega a 43%. Em 2022, os sistemas de transporte metroferroviário transportaram mais de 7,8 milhões de pessoas por dia, o que significou um aumento de 28% em relação aos 6,1 milhões de passageiros transportados/dia em 2021.
Em 2022 foram transportadas 2,3 bilhões de pessoas por ano. Mas, quando o movimento é comparado com 2019, a diferença se destaca. Naquele ano, 3,3 bilhões de passageiros foram transportados. Ou seja, 11 milhões a mais.
Os dados são da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos).
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