TRANSPORTE AÉREO

AEROPORTO DO RECIFE: religamento do sistema de orientação de POUSOS dos aviões está sob análise da FAB

Nove voos foram desviados para outros terminais somente na manhã desta sexta-feira (30) devido às fortes chuvas na Região Metropolitana do Recife

Roberta Soares
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Roberta Soares
Publicado em 30/06/2023 às 15:04 | Atualizado em 30/06/2023 às 15:05
GABRIEL FERREIRA/TV JORNAL
Os desvios e cancelamentos estão sendo provocados não só pelas chuvas, mas devido à desativação do Sistema de Pouso por Instrumento (Instrument Landing System - ILS), um dispositivo fundamental para auxiliar os pilotos até obterem contato visual com a pista de pouso - FOTO: GABRIEL FERREIRA/TV JORNAL

O religamento do sistema de orientação de pousos do Aeroporto Internacional do Recife, fundamental para orientar pilotos quando está chovendo e não há visibilidade da pista, está mais perto de ser religado. Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), o projeto que prevê o reposicionamento do equipamento está sob análise do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), mas não deu prazo para que o religamento aconteça.

Somente na manhã desta sexta-feira (30/6), nove voos previstos para aterrissar no Aeroporto Internacional do Recife tiveram que ser desviados para outros aeroportos da região, provocando transtorno para passageiros e custos para as companhias aéreas.

A FAB, entretanto, alega que só recebeu o projeto básico para o reposicionamento do equipamento ILS (Instrument Landing System) no dia 27 de junho de 2023. A Aena Brasil, administradora do aeroporto, tinha informado anteriormente que a solicitação para religamento tinha sido realizada desde o dia 24.

“O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informa que recebeu o projeto básico para o reposicionamento do equipamento ILS no dia 27 de junho de 2023 e que se encontra em análise pelos setores competentes”, informou a FAB.

Sobre o religamento, a FAB não deu prazos. Apenas disse que, após a análise e aprovação do projeto básico, será realizada uma vistoria no local para validar a área após as obras realizadas pela FAB.

Somente depois dessas etapas é que a Aena Brasil poderá realocar o ILS.

“Caso não tenha nenhuma pendência e o projeto básico seja aprovado, ele será encaminhado ao Instituto de Cartografia Aeronáutica (ICA) e à Comissão de Implantação do Sistema de Controle do Espaço Aéreo (CISCEA) para que seja realizada uma vistoria do local e verificada a conformidade.

Após a aprovação dos itens verificados na vistoria, a Aena poderá iniciar as adequações de infraestrutura e a realocação física do equipamento”, finalizou.

SISTEMA DE ORIENTAÇÃO DE POUSOS DESLIGADO

Os desvios e cancelamentos estão sendo provocados não só pelas chuvas, mas devido à desativação do Sistema de Pouso por Instrumento (Instrument Landing System - ILS), um dispositivo fundamental para auxiliar os pilotos até obterem contato visual com a pista de pouso.

GABRIEL FERREIRA/TV JORNAL

Voos seguem sendo desviados, atrasados e cancelados no Aeroporto Internacional do Recife devido ao desligamento do sistema ILS - GABRIEL FERREIRA/TV JORNAL

Esse contato visual só seria possível a partir dos 200 pés de altura (o equivalente a 61 metros de altura). Até chegar a esse patamar, só é possível realizar o procedimento de pouso com o ILS.

Sem conseguir realizar a aterrissagem em dias de chuva, já que não têm a orientação do equipamento, os pilotos precisam arremeter a aeronave e seguir para outros aeroportos da região - como tem acontecido quase diariamente quando chove. Principalmente com os voos que iriam aterrissar.

Para quem não sabe, arremeter é um procedimento no qual o piloto de uma aeronave retoma o voo depois de falhas no processo de pouso ou quando o piloto não tem referência visual da pista. A arremetida pode ocorrer ainda em voo, durante a reta final ou após a aeronave ter "tocado" a pista.

SISTEMA FOI DESATIVADO DEVIDO A OBRAS NO AEROPORTO

O mais grave do processo é que, segundo a denúncia feita ao JC, a desativação do ILS pela Aena Brasi foi provocada pela interdição da cabeceira da pista que é mais utilizada no aeroporto para obras de ampliação do terminal.

Pilotos alegaram que essas obras de infraestrutura, embora importantes, poderiam ter sido antecipadas ou adiadas para um período de sol, quando o uso do ILS não fosse tão imprescindível.

Assim, pilotos afirmaram que, até o religamento do ILS, qualquer chuva que diminua a visibilidade da pista deixará as aeronaves em espera ou fará com que sejam redirecionadas para outros aeroportos. O que tem acontecido na prática.

RISCOS E CONSEQUÊNCIAS DA DESATIVAÇÃO DO SISTEMA DE POUSO

Antes que as pessoas se assustem ou se preocupem com a notícia, as consequências da desativação do ILS no Aeroporto Internacional do Recife são mais econômicas do que de segurança. É claro que, ser comunicado pelo piloto que a aeronave não poderá aterrissar no aeroporto de destino ou sentir o avião arremeter em voo, não são situações agradáveis e que, muitas vezes, provocam pânico nos passageiros.

Mas os pilotos que fizeram a denúncia ao JC foram enfáticos em destacar que o risco é pequeno. O que pesa mesmo é o custo operacional das companhias aéreas de desviar voos e o transtorno financeiro para passageiros que descem em aeroportos diferentes do destino da viagem.

ENTENDA O QUE É E COMO FUNCIONA O ILS

O ILS (Instrument Landing System), que em português significa Sistema de Pouso por Instrumento, é um dispositivo que fornece ao piloto duas informações essenciais: o eixo da pista e a trajetória ideal de planeio.

No Brasil não existem aparelhos ILS de terceira geração. O nível abaixo, o ILS-2, está presente em apenas três aeroportos, segundo a Aeronáutica do Brasil: Guarulhos (SP), Galeão (RJ) e Curitiba (PR). Os demais aeroportos de grande porte, entre eles o Aeroporto Internacional do Recife, ainda têm o ILS-1.

O Sistema de Pouso por Instrumento funciona da seguinte forma: em terra, são colocados dois transmissores em posições estratégicas em relação à pista. Um dos transmissores (localizer) fornece um sinal-guia de aproximação ao longo da linha central da pista. Enquanto o outro transmissor fornece um sinal do trajeto de descida.

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