TRANSPORTE PÚBLICO

TARIFA ZERO: enquanto o Brasil estimula a compra de carros, Nova York testa a Tarifa Zero nos ônibus

Proposta será adotada como um projeto piloto na cidade-símbolo da modernidade americana

Roberta Soares
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Roberta Soares
Publicado em 18/07/2023 às 16:50 | Atualizado em 21/07/2023 às 15:57
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Nova York vai experimentar a Tarifa Zero nos ônibus para atrair passageiros - FOTO: DIVULGAÇÃO

Enquanto o governo brasileiro comemora o lançamento de um pacote de R$ 900 milhões para estimular a compra de ‘carros populares’, Nova York - talvez o maior símbolo da modernidade americana - vai experimentar a Tarifa Zero no transporte público. Será um programa piloto do governo estadual, pensado para valorizar o transporte coletivo e promover a inclusão social.

Segundo informações da mídia americana, a partir de 2024, uma linha de ônibus em cada um dos cinco distritos de Nova York será gratuita por pelo menos dois anos. O projeto vai ser implantado mesmo com o setor de transporte ainda afetado pelos impactos da pandemia. O anúncio foi feito pela governadora de Nova York, Kathy Hochul, nesta segunda-feira (17/7).

Atualmente, o número de passageiros de ônibus e metrô em todo os EUA ainda corresponde a apenas 70% dos níveis pré-pandêmicos - situação que se repete na maiori parte dos sistemas de transporte. A situação contribuiu para a grave crise financeira em que se encontra a Metropolitan Transportation Authority (MTA), responsável pela operação do transporte público em Nova York.

EXPECTATIVA É DE ATRAIR MAIS PASSAGEIROS PARA O SISTEMA

A expectativa é de que, ao liberar as catracas, mais pessoas passem a utilizar o sistema de transporte público. Mesmo que em apenas cinco das mais de 300 linhas de ônibus da cidade. A MTA ainda vai decidir quais linhas participarão do programa piloto e deve analisar os resultados da experiência antes de decidir por uma medida definitiva.

Segundo informações da CNN, defensores do programa acreditam que esse é o caminho para que os sistemas de transporte público nos Estados Unidos dependam menos da tarifa paga pelos passageiros e mais de outras fontes de investimento. Dessa forma, mais pessoas, principalmente de baixa renda, conseguiriam ter acesso aos trens e ônibus.

CRÍTICAS AO QUE CHAMAM DE DESPERDÍCIO DE RECURSOS

Já os críticos da ideia acreditam que o projeto apenas desvia recursos já escassos de problemas mais urgentes, como a qualidade do serviço oferecido à população. Alguns especialistas também acreditam que há outras maneiras de incentivar as pessoas a trocarem os carros pelo transporte público sem afetar a receita da MTA, como restringir vagas de estacionamento nas ruas e adotar pedágios.

Com quase 70 bilhões de dólares em auxílio federal repassado às agências estaduais de trânsito, cidades em todo o País começaram a implementar programas de gratuidade do transporte público a partir de 2020. O projeto-piloto de Nova York, inclusive, foi inspirado neles. Em Boston, por exemplo, cidade que liberou as catracas de três linhas de ônibus, o número de passageiros nas rotas cresceu 35%.

TARIFA ZERO CRESCEU NO BRASIL DEPOIS DAS ELEIÇÕES 2022

YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM

A expectativa é de que, ao liberar as catracas, mais pessoas passem a utilizar o sistema de transporte público. Mesmo que em apenas cinco das mais de 300 linhas de ônibus da cidade de Nova York - YACY RIBEIRO/ JC IMAGEM

Nas Eleições 2022, o Passe Livre ou Tarifa Zero virou um sucesso nacional, principalmente para o segundo turno. Levantamento de entidades que lutam pela prática como política de inclusão social - muito além das estratégias eleitorais - apontou que 335 cidades não cobraram a tarifa dos passageiros no domingo (30/10).

A estimativa era de que 98,2 milhões de pessoas foram beneficiadas. E, o que é mais gratificante sob a ótica da desigualdade social, todas as 27 capitais do País aderiram ao movimento. Até mesmo São Paulo, cuja gestão resistiu à medida o quanto pôde, cedeu. E incluiu, além dos ônibus, o transporte sobre trilhos. Os metrôs e trens, vale ressaltar, não tiveram a mesma adesão que os sistemas de ônibus.

SUCESSO DA TARIFA ZERO TAMBÉM EM PERNAMBUCO

Em Pernambuco, números apresentados pela Urbana-PE (o sindicato das empresas de ônibus e quem ainda controla o sistema de bilhetagem eletrônica dos coletivos do Grande Recife) mostraram que a demanda aumentou 115% em relação aos domingos comuns e 59% na comparação com o primeiro turno, quando o governo de Pernambuco não ofereceu gratuidade e uma tímida oferta de transporte.

Segundo a Urbana-PE, foram transportados 725.843 passageiros no domingo. No primeiro turno tinham sido 529.625 pessoas. A opção pelo controle do acesso dos passageiros aos coletivos - no lugar de apenas liberar as catracas, como a maioria das 378 cidades e capitais que aderiram ao Passe Livre no segundo turno - também se mostrou positiva.

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