Motoristas e empresários de ônibus voltam a sentar para tentar chegar a um acordo que evite a greve aprovada a partir da 0h da quarta-feira (26/7) pelos rodoviários da Região Metropolitana do Recife. Uma segunda reunião, mediada pela Justiça do Trabalho, está programada para acontecer nesta terça-feira (25), às 8h, mais uma vez na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT 6ª Região), no Cais do Apolo, Bairro do Recife, área central da capital pernambucana.
O TRT-6 tenta evitar a paralisação dos ônibus da Região Metropolitana do Recife, que poderá afetar 1,8 milhão de pessoas. E se o movimento acontecer em conjunto com uma possível greve dos metroviários do Metrô do Recife - que realizam uma assembleia às 18h também desta terça -, o número de passageiros prejudicados chega a 2 milhões por dia.
PRIMEIRA REUNIÃO PARA EVITAR GREVE FRACASSA
Rodoviários e empresários de ônibus estiveram reunidos nesta segunda-feira (24), também sob mediação do TRT-6, mas não houve avanços e um segundo encontro foi marcado. O clima entre rodoviários e empresários, inclusive, segue pesado, mesmo com a tentativa de mediação da Justiça do Trabalho.
Após a reunião desta segunda, o Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco alegou que a Urbana-PE, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco, mais uma vez não apresentou uma contraproposta às reivindicações da categoria.
“É aquilo que a gente vem falando. A Urbana-PE mais uma vez não apresentou nenhuma proposta. Teremos uma nova reunião nesta terça-feira, às 8h, mas não acreditamos que os empresários apresentem algo. O Tribunal e o Ministério Público do Trabalho perceberam a intransigência dos empresários em avançar nas negociações. Assim, a greve desta quarta está mantida”, afirmou Aldo Lima, presidente dos Rodoviários.
EXPECTATIVA DE CONTRAPROPOSTA
Enquanto a Urbana PE apenas informou, por nota, que ficou acertado um novo encontro para esta terça para discutir exclusivamente as cláusulas econômicas da negociação coletiva.
“A Urbana-PE informa que, em reunião intermediada pela corregedoria do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região e pelo Ministério Público do Trabalho nesta segunda-feira (24), foi acordado um novo encontro amanhã para discutir exclusivamente as cláusulas econômicas da negociação coletiva da categoria dos trabalhadores rodoviários. Caso se alcance um consenso, continuarão válidas as demais cláusulas da convenção coletiva celebrada em 2022.
Os rodoviários querem aumento real de 10%, além da inflação, piso salarial para os setores administrativo e de manutenção, aumento do vale-refeição para R$ 600 e da cesta básica para R$ 400, entre outras reivindicações.
Já os empresários alegam que não têm condições de dar um reajuste acima da inflação. “É inviável. Não tivemos realinhamento tarifário este ano e a demanda de passageiros ainda não se recuperou desde a pandemia de covid-19, o que dificulta a situação”, argumentou Fernando Bandeira de Mello, presidente da Urbana-PE.
CRÍTICAS À INDIFERENÇA DO GOVERNO DE PERNAMBUCO
Os motoristas de ônibus voltaram a criticar a ausência do governo de Pernambuco nas negociações, alegando que, como gestor do sistema de transporte público da Região Metropolitana do Recife, deveria estar presente.
O Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), que gere o sistema de ônibus, e a Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco (Semobi) - pasta a qual o CTM está subordinado - foram convidados pelo TRT-6 para a audiência desta segunda, mas não compareceram.
“A marca negativa da reunião (além da falta de proposta da Urbana-PE) foi a ausência do governo do Estado, mesmo convidado a participar da reunião. O governo Raquel Lyra não enviou nenhum representante”, criticaram os rodoviários.
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Por nota, o CTM já havia informado que, por enquanto, está apenas acompanhando o desenrolar das discussões. Mesmo assim, na semana passada o órgão encaminhou ofício ao Sindicato dos Rodoviários alertando sobre a necessidade de respeitar a garantia da prestação do serviço essencial - onde o transporte público se enquadra -, apesar dos direitos de greve. Lembrando a Lei 7.783/1989 e informando que poderá, sim, agir judicialmente contra o movimento.
VAI TER GREVE dos RODOVIÁRIOS? Entenda
NEGOCIAÇÃO NO TRT-6 É ESPONTÂNEA
Autor da iniciativa do encontro, o desembargador Fábio Farias conduziu a audiência, na busca de encontrar uma solução consensual entre trabalhadores e trabalhadoras e empresas de transporte urbano. “Nossa preocupação foi possibilitar um espaço de diálogo. Não podemos ficar assistindo a uma greve se formar sem tomarmos alguma iniciativa, afinal, esse é o principal papel da Justiça do Trabalho: o da pacificação social", pontuou o magistrado. O TRT-6 fez questão de frisar que não existe um processo instaurado e, por isso, as negociações são espontâneas.