O Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6) determinou o retorno de 60% da frota de ônibus na Região Metropolitana do Recife em horários de pico e de 40% nos demais períodos.
A determinação é para o Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco. O descumprimento por parte da categoria prevê o pagamento de multa de R$ 30 mil por dia. A decisão do TRT-6 foi tomada após análise do pedido de julgamento do dissídio coletivo ajuizado pela Urbana-PE (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco).
Uma nova audiência de conciliação foi agendada para esta quinta-feira (27/7), às 8h, na sede do Tribunal, no Cais do Apolo, Bairro do Recife, Centro da capital. A decisão que determina o retorno da frota foi do corregedor do TRT-6, desembargador Fábio Farias, que vinha tentando mediar um acordo entre as categorias.
“Esperamos que a decisão do TRT-6 seja atendida pelo Sindicato dos Rodoviários. Caso contrário, além da multa de R$ 30 mil por dia sobre a entidade, os motoristas abrem precedente para que possamos contratar novos trabalhadores”, afirmou Fernando Bandeira, presidente da Urbana-PE.
O Sindicato dos Rodoviários ainda não se posicionou. Vale lembrar que o governo de Pernambuco já havia determinado o cumprimento da frota de ônibus em proporções semelhantes - 80% da frota no horário de pico e 50% no fora pico - e não foi atendido pela entidade.
NEGOCIAÇÕES FRACASSARAM ENTRE RODOVIÁRIOS E EMPRESÁRIOS
Após uma segunda rodada de tentativa de negociação entre rodoviários e empresários de ônibus fracassar, numa reunião na terça (25), os operadores do transporte público anteciparam o pedido de julgamento de dissídio coletivo da categoria pela Justiça do Trabalho.
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O pedido foi protocolado ainda na terça. “A Urbana-PE reforça ainda que solicitou ao TRT-6 o julgamento do dissídio de greve e que fará todos os esforços necessários para cumprir as determinações legais e para manter o serviço de transporte público por ônibus em operação com segurança e responsabilidade”.
PROPOSTAS SALARIAIS RECUSADAS
Na reunião, a Urbana-PE apresentou uma contraproposta para os rodoviários de 3% de reajuste salarial, ticket de R$ 370 e gratificação pela dupla função no valor de R$ 150. Os rodoviários não aceitaram e fizeram uma contraproposta para levar à categoria de 5% de reajuste, ticket de R$ 500 e gratificação de R$ 200. Mas os empresários não aceitaram.
A proposta inicial dos motoristas de ônibus era de aumento real de 10%, além da inflação, piso salarial para os setores administrativo e de manutenção, aumento do vale-refeição para R$ 600 e da cesta básica para R$ 400, entre outras reivindicações.
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MOVIMENTO DOS RODOVIÁRIOS MOSTROU FORÇA
O cenário pode até mudar ao longo desta quarta-feira (26/7), principalmente diante das decisões judiciais para suspender o movimento - que são certas -, mas a greve dos motoristas de ônibus parou a Região Metropolitana do Recife. São 2 milhões de passageiros prejudicados diretamente.
E foi potencializada com a paralisação de 48h dos metroviários, que decidiram pelo movimento até quinta-feira, às 22h. O movimento de 2020, no auge da pandemia de covid-19 e motivado, essencialmente, pela liberação pelo governo do Estado da dupla função dos motoristas em todas as linhas de ônibus de uma só vez, não teve tanta adesão, vale ressaltar.
Não se via ônibus nas ruas nas primeiras horas da manhã desta quarta. Depois das 7h, um ou outro começou a aparecer, mas quase sempre obrigando o passageiro a esperas superiores a 1h. E, mesmo assim, sem perspectiva de que um coletivo iria passar.
“Espero há mais de uma hora e não sei se o ônibus vai passar. Mas fui orientado a chegar ao trabalho e, por isso, estou aqui. Mesmo nessa situação. Os poucos ônibus que vi estão com motoristas sem farda e são poucos mesmo”, afirmou Gustavo Silva, que aguardava um coletivo em Afogados, Zona Oeste do Recife, para tentar chegar em Ponte dos Carvalhos, no Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife.
Os transtornos não foram maiores porque, como os movimentos vêm sendo informados há alguns dias, a população se organizou. Muitos sequer saíram de casa, muitas empresas montaram esquemas de transporte para os funcionários e outros usaram aplicativos de transporte, como Uber, 99 e inDrive, que num raro gesto não exploraram o preço dinâmico, mantendo as tarifas baixas em algumas regiões.
DESCUMPRIMENTO DA FROTA NAS RUAS
As garagens das empresas amanheceram repletas de ônibus. A determinação do governo de Pernambuco - que se pronunciou apenas na véspera da greve - de manter 80% da frota em operação nos horários de pico da manhã e noite e 50% no fora pico não foi cumprida ne