TRANSPORTE PÚBLICO

ÔNIBUS: pesquisa nacional revela que subsídio público e prioridade viária ainda são desafios gigantes para o transporte público no Brasil

CNT e NTU realizaram, pela primeira vez, pesquisa para detalhar o perfil das empresas do transporte urbano de passageiros no País

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Roberta Soares

Publicado em 09/08/2023 às 9:00 | Atualizado em 15/08/2023 às 16:09
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A maioria das empresas que operam o sistema de transporte público por ônibus no Brasil sofrem com a falta de prioridade viária para circulação dos coletivos nas cidades, ainda não contam com qualquer tipo de subsídio público, já não têm mais a figura do cobrador e foram vítimas da violência urbana.

Essas são algumas das conclusões da Pesquisa CNT Perfil Empresarial 2023 - Transporte
Rodoviário Urbano de Passageiros, divulgada nesta terça-feira (8/8), durante o Seminário Nacional NTU 2023, em Brasília, que está sendo acompanhado pela Coluna Mobilidade. O levantamento inédito, feito com empresários do segmento, traz dados atuais, expõe os desafios e a crise enfrentada pelo setor.

O estudo foi feito pela Confederação Nacional do Transporte CNT) com o apoio da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) e detalha as características das empresas sob aspectos como frota, operação, mão de obra e investimentos.

SUBSÍDIO PÚBLICO AINDA É DESAFIO NACIONAL

Entre os desafios apontados no levantamento da CNT, o subsídio público se destaca: mais da metade das empresas (51,1%) não contam com qualquer tipo de subsídio público e 36,2% têm a tarifa paga pelo passageiro como principal remuneração.

GUGA MATOS/JC IMAGEM
Pesquisa CNT revelou que 86,8% das empresas entrevistadas revelaram não ter qualquer tipo de prioridade de circulação nas ruas e avenidas das cidades onde operam - GUGA MATOS/JC IMAGEM

“De fato, apesar dos avanços em relação ao subsídio público promovido pela pandemia de covid-19, o caminho ainda é longo para desonerar o custo do sistema do passageiro, que na maioria dos sistemas é quem paga a conta. A pesquisa comprovou isso”, explica Bruno Batista, diretor executivo da CNT e coordenador da pesquisa.

Chama atenção também a questão da violência, que tem afetado a maioria das operadoras do setor: 59,2% foram vítimas de assalto e 40,2% sofreram ato de depredação no último ano, sendo que uma em cada cinco (20,1%) teve veículos incendiados no período.

ÔNIBUS SEGUEM SEM PRIORIDADE VIÁRIA NAS CIDADES

Outro dado assustador que foi confirmado pela pesquisa CNT revela que 86,8% das empresas entrevistadas revelaram não ter qualquer tipo de prioridade de circulação nas ruas e avenidas das cidades onde operam.

Apesar disso, a informação sobre os horários dos coletivos é o item mais exigido pelos passageiros atendidos.

OS ÔNIBUS TRANSPORTAM A POPULAÇÃO BRASILEIRA

Como já sabido, o transporte rodoviário coletivo urbano é o principal responsável pelo
deslocamento de passageiros no País. O setor conta com 1.577 empresas de ônibus em operação no Brasil, que operam uma frota de 107 mil ônibus e respondem, juntas, pelo transporte de 85% da população nas cinco regiões do Brasil. O segmento é responsável pela geração de 315 mil empregos diretos.

NTU/DIVULGAÇÃO
Diretor executivo da CNT, Bruno Batista - NTU/DIVULGAÇÃO

“A presença do setor, como esperado, é predominantemente no Sudeste brasileiro, que também é a região com a maior população. 53,4% das empresas estão na região. Em segundo lugar vem o Sul (20,1%), seguido do Nordeste (13,2%). Depois vêm a região Centro-Oeste (6,9%) e a Norte (6,3%)”, explica Bruno Batista.

O investimento em tecnologia, principalmente de pagamento da passagem, é uma realidade no setor de transporte urbano e a pesquisa CNT/NTU confirmou essa constatação. Quase 100% das empresas de ônibus no Brasil (91,4%) já utilizam o sistema de bilhetagem eletrônica e 75,8% implementaram o pagamento com cartão de transporte como forma
de substituição ao cobrador.

Além disso, 90,2% operam seus sistemas sem a figura do cobrador.

CONFIRA OS NÚMEROS DA PESQUISA CNT/NTU

TARIFA

• 36,2% têm a tarifa paga pelo passageiro como a única forma de
remuneração definida em contrato
• 51,1% não recebem qualquer subsídio do governo
• 56,9% consideram a dificuldade em reajustar o valor das tarifas como
principal problema
• 18,5% dos passageiros recebem algum tipo de benefício tarifário

PAGAMENTO

• 91,4% utilizam o sistema de bilhetagem eletrônica
• 75,8% implementaram pagamento com cartão de transporte como forma
de substituição ao cobrador

SUSTENTABILIDADE

• 74,7% monitoram o uso de combustível
• 74,1% acompanham a geração de resíduos

VIOLÊNCIA

• 59,2% foram vítimas de assalto no último ano
• 40,2% sofreram ato de depredação no último ano
• 20,1% tiveram veículos incendiados no último ano

CUSTOS

• 74,1% consideram preço do diesel a principal dificuldade enfrentada
• 72,4% indicaram a manutenção do veículo como o fator que mais
sobrecarrega os custos das empresas

Período de coleta: 03 abril a 12 de maio
Amostra: 174 entrevistas realizadas
Coleta: Por meio de questionário estruturado em entrevista telefônica ou por e-mail
Abrangência geográfica: Nacional - 5 regiões, 19 unidades da federação (85% da população)
Público-alvo: Empresas do Transporte Rodoviário Urbano de Passageiros

CONFIRA A PESQUISA NA ÍNTEGRA

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