TRANSPORTE PÚBLICO

ÔNIBUS: quase 8 milhões de passageiros deixaram os ÔNIBUS em três anos no Brasil

Como já se sabe, crise no transporte público brasileiro foi potencializada com a pandemia de covid-19

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Roberta Soares

Publicado em 08/08/2023 às 9:00 | Atualizado em 15/08/2023 às 16:06
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A crise no transporte público brasileiro persiste e, como já se sabia, foi potencializada com a pandemia de covid-19. Entre 2019 e 2022, o sistema de ônibus urbano registrou queda de 24,4% na demanda de passageiros. Ou seja, isso significa dizer que deixaram de ser realizados quase 8 milhões de deslocamentos de pessoas por dia, em média, no período.

Enquanto antes da pandemia, em 2019, eram realizadas 33 milhões de viagens por passageiros pagantes por dia em todo o Brasil, em 2022 caiu para 25 milhões de viagens. Mesmo com um aumento de 12,1% na demanda de passageiros transportados e de 10,3% na produtividade (calculada pelo número de passageiros transportados por quilômetro rodado) em 2022, na comparação com 2021, o segmento não recuperou os patamares pré-pandemia.

RADIOGRAFIA DO SISTEMA DE ÔNIBUS NO BRASIL

Os cálculos integram o Anuário 2022-2023 da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), apresentado na abertura da 36º edição do Seminário Nacional NTU, que acontece nesta terça (8/8) e quarta-feiras (9), em Brasília, e que está sendo acompanhado pela Coluna Mobilidade do JC.

A publicação traz a série histórica do desempenho do setor nos últimos 30 anos, além de dados sobre investimentos em infraestrutura, cidades com subsídios e que adotam a tarifa zero. É uma das mais amplas radiografias do setor, vale ressaltar.

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Muitos dos passageiros que deixaram o transporte coletivo na pandemia não voltaram - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

“A demanda atual está muito distante do desempenho observado no início da série histórica da NTU. E o setor acumula uma queda de 30% no índice de produtividade ao longo do tempo”, observou o presidente executivo da NTU, Francisco Christovam.

“A recuperação da demanda de passageiros pós pandemia já chegou a 84% do transportado em 2019, mas há muito a ser feito para alcançar o nível registrado antes da crise sanitária”, segue, numa referência ao temor do setor de haver uma estagnação nesse patamar de 84% e jamais retornar aos 100%.

“Temos observado os sinais de recuperação, mas é preciso lembrar que a pandemia provocou uma perda acumulada de quase R$ 40 bilhões para o setor, e ainda enfrentamos as consequências negativas deixadas pela crise sanitária. Desde a redução de mais de 90 mil empregos diretos até a impossibilidade de renovação da frota, devido à baixa da demanda e queda na arrecadação das empresas, que ainda dependem muito da tarifa cobrada do passageiro”, ressaltou Francisco Christovam.

SUBSÍDIO PÚBLICO AO SISTEMA DE TRANSPORTE COLETIVO CRESCEU, MAS AINDA É INSUFICIENTE

O número de cidades que passaram a subsidiar os sistemas de transporte público cresceu com a crise sanitária, mas ainda é minoria. Segundo o Anuário NTU, há atualmente 63 sistemas de transporte público por ônibus que possuem subsídios definitivos. Esses sistemas atendem 163 dos 2.703 municípios que possuem serviços organizados de transporte público por ônibus em todo o País. Ou seja, é muito pouco mesmo.

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Crise continua aos olhos do poder público e da sociedade - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

DADOS DO ANUÁRIO DO TRANSPORTE PÚBLICO

Os 11 indicadores do Anuário NTU foram calculados com base em nove dos maiores sistemas de transporte público por ônibus, tanto municipais como metropolitanos, que operam em diversas capitais do País.

São elas: Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, que reúnem 32,5% da frota nacional e 34,1% da demanda de passageiros transportados no Brasil.

NTU_Anuario_2022-2023 by Roberta Soares on Scribd


 

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