INFRAESTRUTURA

BR-232: conclusão das obras de alargamento da BR-232 custará mais R$ 58 milhões e ficará para 2024

Baias para os ônibus, ciclovia e passarela de pedestres, entre outras intervenções, não estavam previstas no projeto original, iniciado pela gestão PSB, sendo necessário aditivos acima dos 25%

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Roberta Soares

Publicado em 16/11/2023 às 12:22 | Atualizado em 16/11/2023 às 14:28
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As obras de alargamento da BR-232, na saída do Recife para o interior, na Zona Oeste da capital, vão custar mais R$ 58 milhões para serem concluídas. Os recursos fazem parte de aditivos ao contrato da triplicação dos sete quilômetros da rodovia que vão garantir a implantação de infraestrutura para ônibus, ciclistas e pedestres, além de outras intervenções.

A obra, anunciada pelo governo Paulo Câmara (PSB) no valor de R$ 99,8 milhões, agora custará R$ 157 milhões. Além de mais recursos, o alargamento da BR-232 também levará mais tempo para ser concluído: agora, o prazo final é abril de 2024. Antes, seria neste mês de novembro de 2023.

Os aditivos, no valor aproximado de R$ 58 milhões, tinham como objetivo a inclusão de baias de ônibus, alterações no projeto de terraplenagem, drenagem, pavimentação, sinalização e iluminação pública, realização de passarela para pedestre em frente ao Hospital Pelópidas Silveira, instalação de uma grelha sob o viaduto do Metrorec, além dos serviços de conservação e manutenção da rodovia.

Vale ressaltar que, desde o início das obras, em março de 2022, o Estado nunca informou que a infraestrutura para o transporte público, pedestres e ciclistas estava num valor à parte do contrato. A submissão dos aditivos ao TCE-PE, inclusive, teria sido solicitada pelo então secretário de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco, Evandro Avelar, já na gestão da governadora Raquel Lyra.

AUDITORIA DO TCE-PE PARA APROVAR ADITIVOS

A autorização para o aditivo foi dada pelo Tribunal de Contas de Pernambuco (TCE-PE). A Segunda Câmara julgou regular, com ressalvas, uma auditoria que analisou o termo aditivo proposto pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de Pernambuco (DER). O relator do processo (n° 23100841-7) foi o conselheiro Dirceu Rodolfo.

Guga Matos/JC Imagem
Aditivos das obras excederam os 25% e, por isso, o governo do Estado optou por submetê-lo ao TCE-PE. Na verdade, representou um acréscimo financeiro superior a 50% - Guga Matos/JC Imagem

O aditivo representará um reflexo financeiro de 58,20% no custo da obra, que, inicialmente, teria um valor estimado em R$ 145 milhões, mas foi anunciado pela gestão PSB por menos de R$ 100 milhões. As informações de bastidores são de que todas as intervenções seriam inexequíveis apenas com os R$ 99,8 milhões e que a gestão estadual passada sabia disso.

AUTORIZAÇÃO COM RESSALVAS

A auditoria (n° 23100841-7) apontou que as exigências estabelecidas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para os aditivos encontravam-se parcialmente atendidos.

No entanto, foram apontadas algumas ausências administrativas, como a carta formal da empresa contratada autorizando o aditivo; pareceres das equipes técnicas do DER/PE (Fiscalização, Diretoria, Supervisora e Gerenciadora); parecer jurídico detalhado acerca da proposta de aditivo apresentada; além do detalhamento dos elementos de superveniência e imprevisibilidade.

Ao apresentar defesa, o DER encaminhou novo material ao TCE, realizando algumas alterações e esclarecimentos, e apresentando parte da documentação exigida.

REDUÇÃO DE 35 MINUTOS NO TEMPO DE VIAGEM

BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM
Além de mais recursos, o alargamento da BR-232 também levará mais tempo para ser concluído: agora, o prazo final é abril de 2024. Antes, seria neste mês de novembro de 2023 - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

A promessa do governo do Estado é de que o alargamento da BR-232 iria reduzir em 35 minutos o tempo de viagem no trecho de quase sete quilômetros. Haveria uma redução de 58%, passando dos atuais 60 minutos para 25 minutos.

São 67 mil veículos circulando apenas no trecho e 28 mil pessoas passando no transporte público coletivo operado por 13 linhas de ônibus. No total, são 4 milhões de usuários contínuos no trecho. A BR-232 está sendo alargada em 6,8 quilômetros entre o viaduto que a conecta com a Avenida Abdias de Carvalho, no Bongi, e a bifurcação com a BR-408, no Curado, na Zona Oeste do Recife.

As obras começaram em março de 2022, ainda na gestão estadual do PSB, com a promessa de que o alargamento das pistas seria finalizado em dezembro do mesmo ano, o que não aconteceu. Naquele mês, a obra estava com pouco mais de 50% de conclusão. Somente agora essa parte, que é a mais difícil e importante de toda obra, foi finalizada.

CONHEÇA O PROJETO DA BR-232

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Além de mais recursos, o alargamento da BR-232 também levará mais tempo para ser concluído: agora, o prazo final é abril de 2024. Antes, seria neste mês de novembro de 2023 - BRUNO CAMPOS/JC IMAGEM

A BR-232 ganhou uma terceira faixa no sentido Recife-Interior e outra no sentido contrário (Interior-Recife). Além da recuperação do pavimento - de concreto nas pistas principais e centrais (onde o tráfego é mais pesado) e de CBUQ (asfalto) nas vias locais (onde o tráfego é menos pesado) -, o projeto de adequação viária da BR-232 na saída do Recife promete deixar a área urbanizada, integrada com o transporte coletivo e acessível aos modais ativos (bicicletas e pedestres).

Para isso, seria implantada uma ciclovia ao longo dos 6,8 km do trecho, localizada sempre na margem sul da rodovia (do lado do Jardim Botânico do Recife). Baias para os ônibus nos 15 pontos de embarque e desembarque, sinalização horizontal e vertical para garantir a travessia dos pedestres, e uma nova iluminação em LED também seriam instaladas.

A readequação previa a construção de duas alças em nível - sem ser elevadas, o que puxou o valor da obra para baixo -, para retorno dos veículos - algo difícil de ser feito atualmente. E, ainda, a requalificação e construção de três passarelas no trecho. O custo inicial do alargamento era de R$ 145 milhões, mas caiu para R$ 99,8 milhões - recursos do governo do Estado, dentro do Plano Retomada do PSB.

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