TRANSPORTE PÚBLICO

GREVE ÔNIBUS SP: motoristas de ônibus marcam greve para esta sexta-feira (1º)

Movimento é provocado por disputa política na eleição da nova direção do sindicato dos motoristas

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Roberta Soares

Publicado em 30/11/2023 às 13:16 | Atualizado em 01/12/2023 às 10:40
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Matéria atualizada com a notícia do cancelamento da greve

A disputa política pelo SindMotoristas (sindicato dos motoristas e trabalhadores dos ônibus de São Paulo) vai sobrar, mais uma vez, para os passageiros. Os motoristas e cobradores de ônibus da capital paulista anunciaram que vão realizar uma nova paralisação do serviço nesta sexta-feira (1º). À noite, entretanto, a paralisação foi suspensa.

O movimento, segundo a categoria afirmou ao jornal Folha de São Paulo, é um protesto contra o cancelamento do resultado das eleições do sindicato pela Justiça. A greve afetará diretamente uma média de 4 milhões de pessoas e acontecerá dez dias depois da última paralisação, quando os trabalhadores do sistema fecharam terminais na véspera do encerramento da votação para eleição da nova diretoria.

As eleições do SindMotoristas têm tido confusões nos últimos anos. A última eleição, inclusive, foi marcada por um ataque a tiros, o roubo de uma urna e um forte aparato policial que acompanhou a apuração.

DESRESPEITO LEGAL, DIZ SINDICATO

Segundo o SindMotoristas, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) agendou e cancelou duas audiências de conciliação, o que, para o sindicato, desrespeita o estatuto da entidade e a Constituição Federal.

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Segundo o SindMotoristas, o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) agendou e cancelou duas audiências de conciliação, o que, para o sindicato, desrespeita o estatuto da entidade e a Constituição Federal - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

A suspensão do resultado da eleição atendeu a pedido de uma das chapas da disputa, o Grupo Oposição e Luta — contrário à atual direção. Segundo a apuração dos votos, a chapa que representa a atual diretoria do sindicato, Resgate Raiz (chapa 4), venceu a disputa com mais de 14 mil dos 20 mil votos.

Três das quatro chapas envolvidas na disputa haviam pedido o adiamento da votação por três meses e a substituição das cédulas de papel por urnas eletrônicas. Já a chapa 4 ressalta que o estatuto prevê que as eleições sejam realizadas com cédulas impressas.

O adiamento havia sido aprovado em reunião da categoria no dia 20, mas a Justiça do Trabalho anulou a assembleia e manteve a eleição. Diante dessa decisão, uma das chapas pediu liminar para suspender a votação.

O cancelamento da eleição foi confirmado em segunda instância pelo tribunal. Uma multa de R$ 50 mil foi imposta a cada integrante da comissão eleitoral e ao candidato que encabeça a chapa 4, Edivaldo Santiago da Silva.

"A autonomia sindical não está sendo respeitada", afirmou o sindicato ao defender a greve desta sexta.

PRESIDENTE DO SINDIMOTORISTAS NEGA CONVOCAÇÃO

REPRODUÇÃO REDES SOCIAIS
Presidente atual do SindMotoristas SP diz que não convocou movimento de greve - REPRODUÇÃO REDES SOCIAIS

O SindiMotoristas, via o presidente José Valdevan de Jesus Santos, afirmou nas redes sociais que não convocou a greve. O protesto, segundo a entidade, será realizado "pela extinta comissão eleitoral", encabeçada pela chapa 4.

"Qualquer paralisação no sistema de transporte urbano de São Paulo não terá a participação do SindMotoristas e será considerada exploração política de uma chapa de oposição que busca afrontar o poder judiciário e obter vantagens indevidas explorando a boa fé da categoria profissional", afirmou.

Valdevan, também conhecido como Noventa, foi reconduzido ao cargo de presidente do sindicato no dia 10 de novembro por meio de uma decisão judicial. O restante da diretoria, porém, permaneceu nos cargos e é favorável à chapa 4, que convocou a paralisação. O mandato desses diretores se encerra no dia 1º de dezembro.

No comunicado, Valdevan também garante que medidas judiciais serão tomadas, incluindo o pedido de aplicação da multa. O presidente diz ainda que, se insistirem em interferir no sistema de transporte, "será pedida a prisão dos responsáveis por esta paralisação ilegal e indevida".

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