Tudo o que o Brasil não precisa é flexibilizar regras de gestão em empresas altamente lucrativas para o país
Pode-se até falar em aplicação social dos recursos advindos dos dividendos dessas empresas, mas torna-se necessário que elas funcionem sem intervenção da mão leniente dos governantes
Ainda é cedo para se dizer que os dois pré-candidatos Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estarão frente a frente na disputa final pelo cargo de presidente da República, mesmo que as pesquisas apontem isso, mas em um quesito, ao menos em um, Lula e Bolsonaro têm o mesmo objetivo, que é a intervenção nas empresas estatais, como a Petrobras, por exemplo.
- Deputado bolsonarista quer apresentar decreto legislativo que prevê que maioria no Congresso poderia anular decisões do STF
- Lei Aldir Blanc: parlamentares não analisaram veto de Bolsonaro, enquanto artistas estão à míngua
- Governistas, bolsonaristas, oposição: ninguém quer CPI da Petrobras. Pelo menos agora
Enquanto em Brasília, aliados do governo, comandados pelo líder maior do “Centrão”, Arthur Lira (PP-AL), defendiam a edição de uma medida provisória modificando a Lei das Estatais — uma herança boa do governo do presidente Michel Temer (PMDB) — em São Paulo, o ex-presidente Lula disparava telefonemas para correligionários no Congresso Nacional animado com a possibilidade de voltar a fazer da Petrobras gato-sapato, como ocorreu entre os anos de 2003 e 2016, quando o Partido dos Trabalhadores (PT) dava as cartas no jogo político, a partir do Palácio do Planalto e escancarava o proselitismo e a temerária administração na empresa.
Bolsonaro e Lula querem uma Petrobras subserviente, amedrontada, acuada, comandada por uma diretoria e um conselho que fazem o que o governo bem entender.
Digamos, um pouco mais prudente, o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), rechaçou a iniciativa que anima os dois pré-candidatos à frente nas pesquisas. “Não me parece que seja a solução [modificar a Lei das Estatais] diante de um problema circunstancial, em função do aumento dos preços dos combustíveis, alterar regras que deram independência e poder de governança às estatais”, disse.
Tudo o que o país não precisa para enfrentar a crise internacional que determina o valor dos combustíveis é flexibilizar regras de gestão em empresas altamente lucrativas para o país. Pode-se até falar em aplicação social dos recursos advindos dos dividendos dessas empresas, mas torna-se necessário que elas funcionem sem intervenção da mão leniente dos governantes.
Pense nisso!