O tão esperado dia para que Michelle Bolsonaro desse seu grito de independência, jogasse fora a personagem de quem surgiu no cenário na política em função do marido [Jair Bolsonaro] é coisa do passado e agora a ex-secretária que chegou à Câmara dos Deputados disposta a “até lavar a louça do gabinete”, hoje é uma das mulheres mais influentes da política feminina conservadora.
Michelle Bolsonaro não é mais a moça da Ceilândia, cidade do Distrito Federal, distante 30km do Congresso Nacional, que um dia sonhou ser assistente social para prestar serviço no Sesi (Serviço Social da Indústria) que ficava próximo à sua casa. Ela hoje é principal estrela do PL. É bem remunerada, deve receber por mês R$ 33.763.00, os mesmos vencimentos de um deputado federal, vai contar com uma equipe de assessores de dar inveja a muito diretor executivo de multinacional e um partido político que está disposto a gastar o que não tem [e essa é uma expressão, pura e simples. Porque o PL tem dinheiro] para levar à política às mulheres dos quatros cantos do Brasil.
O projeto Michelle Bolsonaro prevê um discurso conservador, mas sem ser piegas. Uma mulher independente, sem ser libertária, uma líder que cativa seguidoras sem ter um causa social com elas. Michelle quer atrair o maior número de mulheres para a política. “Quero dar voz, ser a voz, compartilhar as dores e as alegrias. Quero ser elas com elas”, filosofa.
Mas afinal, “o que ela tem que as outras não têm?” perguntou um líder liberal na reunião do partido que traçou a estratégia de lançá-la de corpo e alma na política. “Não pode ser um marido político que [Jair] Bolsonaro nem de longe assusta mais ninguém”, destacou outro líder influente no partido. “Ela diz às mulheres o que elas querem ouvir. Não é uma linguagem rebuscada, engajada. Michelle não tem uma causa. A causa é a política”, diz Valdemar Costa Neto, presidente do PL que conheceu Michelle antes mesmo que o marido dela.
É claro que não dá para ficar tecendo loas para Michelle Bolsonaro se a perspectiva for a de ver mulheres independentes, altivas, donas do próprio nariz - e da própria conta bancária se destacando na política, nos estudos, nas pesquisas científicas. Essa não é a “praia” de ex-primeira dama. Mas os R$ 70 milhões anuais que o PL pretende investir na ala feminina tem metas definidas. Dobrar o número de filiadas, de militantes, de candidatas e prefeitas eleitas. E esse é apenas um objetivo de curto prazo. O prazo mais longo tem a ver com as eleições de 2026. Ainda é cedo, mas Michelle - no longo prazo - estará sendo preparada para disputar uma vaga no Senado Federal. Ainda não tem conteúdo. Quem sabe adquire.
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