Lula teme reforma ministerial e acabar ficando fragilizado no Congresso Nacional

Entre decisões do Judiciário, quando o assunto é o julgamento dos envolvidos no 8 de janeiro, agora percebe-se que um morador de rua permanece preso

Publicado em 26/12/2024 às 20:40
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REFORMA SÓ APÓS ELEIÇÕES NO CONGRESSO
O presidente Lula da Silva (PT) tem dito a poucos interlocutores que recebem autorização da “patroa” para visitá-lo, que só pretende fazer mudanças na equipe, após a Câmara e o Senado realizarem eleições para seus comandos. Além dos cargos de presidentes, cada uma das duas Casas Legislativas elege dez integrantes nas respectivas mesas diretoras, a partir de 3 de fevereiro.

'E AGORA, JOSÉ?’
Ao fazer uma análise da angústia existencial do sentido da vida, Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) adverte que “algo se perdeu”. Oito décadas depois, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), começa a sentir o gosto do café frio como quem está no fim do mandato: “não veio a utopia/e tudo acabou/e tudo fugiu/e tudo mofou.”

MANOBRAS
Duas semanas após usar o poder de quem tem a caneta, o ainda presidente da câmara confidenciou que está “difícil fazer entregas.” Um dia antes, Lira tinha cancelado o funcionamento das comissões e “se apropriado” das emendas dos colégiados e as distribuido no grupo dos líderes dos partidos. Agora, o ministro Flávio do Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), quer transparência no emprego das emendas e explicação para os recursos que as comissões perderam o poder de fazer a destinação. Na linguagem popular, que o sertanejo bem conhece, “nem mel nem cabaça”.

MORADOR DE RUA
Enquanto a militância gourmet se estica toda para justificar argumentos de que o termo “em situação de rua” é o mais apropriado para quem nela montou residência, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, faz ouvido de mercador e não libera o morador de rua Jefferson Figueiredo, preso, injustamente há mais de um ano, sob acusação de “haver participado dos atos antidemocráticos” de 8 de janeiro de 2023. Nem mesmo o parecer do procurador-geral da República, Paulo Gonet, foi suficiente. Moraes não tem uma prova sequer que aponte a participação de Jefferson Figueiredo nos protestos do ano passado.

NEM TANTO
Em tom ríspido, o alto comando do Exército negou que tenha havido “qualquer descumprimento das regras que tratam da visitação de militares”. O ministro Alexandre de Moraes quis saber do Exército em que circunstâncias militares presos a mando do STF receberam visitas nos últimos dias. “Nesta toada, esta Divisão de Exército esclarece que não há que se falar em visitação diária por ocasião da custódia do Gen Bda R/1 Mario Fernandes, tampouco do Gen Ex R1 Walter Braga Netto. Neste sentido, salvo outro juízo, não houve desrespeito ao regulamento de visitas estabelecido nesta OM [organização militar].

CARTAS MARCADAS
A defesa do general Walter Braga Netto disse à coluna Política em Brasília que “já era previsível” a decisão negativa do ministro Alexandre de Moraes que manteve a prisão preventiva do militar. O general Mario Fernandes também não recebeu autorização para aguardar o julgamento em casa.

‘IGREJEIROS’ RECLAMAM
O ministro Paulo Teixeira, da Reforma Agrária, se ofereceu à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para fazer a ponte com o governo do presidente Lula (PT). “Nascido e criado” nas pastorais sociais, na área de moradia em São Paulo (SP), Teixeira esteve com lideranças cristãs e admitiu que é necessário “intensificar o diálogo com as religiões”.

PENSE NISSO!
É claro que alguns gestores estaduais têm uma dificuldade danada de fazer um questionamento público ao presidente Lula. Seja por ser aliado ou por não ter disposição para comprar briga, mas os governadores precisam se reunir - para ontem - e definir uma posição conjunta sobre as normas da Justiça a respeito da segurança pública.

Alguns governadores já “abriram o bico”, considerando uma intromissão do governo federal, outros não estão nem aí, mas um dia o caldo entorna tanto para quem é contra como para aqueles chefes de Executivo estaduais que aplaude o Planalto a qualquer custo.

Pelo o que a coluna ouviu, constitucionalistas engajados consideram um erro jurídico do Planalto, que conta com a chancela do ministro aposentado do STF, Ricardo Lewandowski. Se bem que o ministro da Justiça e Segurança Pública não é das melhores referência quando assunto é interpretar a Constituição Federal.

É só voltar o calendário para a tarde de 31 de agosto de 2016. Naquela data, o então presidente do Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), e o próprio Lewandowski, que presidia o julgamento da presidente Dilma Rousseff (PT), tramaram deixá-la com os direitos políticos preservados, mesmo perdendo o mandato, após o impeachment.

Pense nisso!

 

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