Caso Betinho: novo laudo inocenta um dos acusados do crime

Laudo realizado por peritos federais indiciou que digitais encontradas não eram de estudantes do Colégio Agnes. Crime ocorreu em maio de 2015

Publicado em 04/12/2017 às 7:30 | Atualizado em 18/11/2024 às 10:17
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O assassinato do coordenador pedagógico José Bernardino da Silva Filho, o Betinho, 49 anos, está longe de um desfecho. Na última sexta-feira (1º), peritos do Instituto de Criminalística de Pernambuco entregaram à Justiça um novo laudo que pode inocentar um dos acusados do crime.

O documento aponta que a digital encontrada em uma das cômodas da residência onde a vítima morava, no Edifício Módulo, no Centro do Recife, em maio de 2015, não era do estudante Ademário Gomes da Silva Dantas - apontado pela Polícia Civil como um dos autores do homicídio de Betinho.

O laudo confirma o resultado de outro exame feito por peritos federais do Instituto Nacional de Identificação, confeccionado também a pedido da Justiça. O Ronda JC teve acesso com exclusividade aos novos laudos.

As digitais encontradas na casa de Betinho foram a principal prova apresentada pela Polícia Civil para afirmar que Ademário e outro suspeito - na época um adolescente de 17 anos - eram os assassinos do coordenador pedagógico. Isso porque o primeiro laudo, produzido por dois peritos papiloscópicos, identificou que as digitais pertenciam aos dois acusados.

A defesa dos mesmos contestou os resultados e, em audiências de instrução e julgamento, solicitaram uma perícia federal. Em ambos os resultados, os peritos federais contestaram o laudo estadual e afirmaram que aquelas digitais encontradas não eram dos acusados. Os dois eram estudantes do Colégio Agnes, onde Betinho também trabalhava. Ademário, inclusive, é filho de um dos diretores da instituição.

Com a divergência, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) solicitou uma terceira perícia. A Justiça atendeu ao pedido e determinou que a Polícia Científica designasse peritos para confecção do novo laudo. Dessa vez, coube ao Instituto de Criminalística o exame.

"Os peritos criminais não constataram convergência entre as impressões apostas no prontuário civil e o fragmento da impressão papilar (...) A impressão questionada encontrada no local de homicídio foi produzida pelo polegar direito do Sr. José Bernardino da Silva Filho", informou o laudo assinado pelos peritos Gilson Freitas e Enock dos Santos.

Na conclusão deles, aquela digital não era de Ademário, mas do próprio Betinho. O laudo, que já está com a Justiça, deve ser analisado nas próximas semanas pelo Ministério Público, que vai dar um parecer sobre o resultado. Só então o juiz responsável deve se posicionar sobre as novas etapas do processo - que só diz respeito à acusação contra Ademário.

A próxima audiência do caso está marcada para 23 de fevereiro de 2018. O advogado de defesa de Ademário, Jorge Wellington, informou, por telefone, que "vai pedir a absolvição sumária do réu ou o trancamento da ação penal".

O outro acusado responde perante a Vara da Infância e Juventude. Esse processo, porém, está sob segredo de Justiça. O professor, que morava sozinho, foi encontrado morto e amarrado nos pés e no pescoço, com fios de eletrodomésticos.

A perícia apontou que ele morreu devido a golpes de ferro de passar na cabeça. O crime aconteceu em 16 de maio de 2015. Supostas digitais do então adolescente foram encontradas em um ferro de passar, mas isso também está sendo contestado pela defesa. O inquérito policial foi conduzido pelo delegado Alfredo Jorge, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Na época, apesar das provas, o delegado afirmou que não conseguiu precisar qual seria a motivação do crime. Desde a conclusão das investigações, ele optou por não se pronunciar mais sobre o caso - já que o processo está com a Justiça.

PERITOS RECONHECEM ERRO

O Ronda JC também teve acesso a um ofício enviado à Justiça pelos peritos papiloscópicos responsáveis pelo primeiro laudo do Caso Betinho. O documento foi encaminhado em julho deste ano, mas só agora veio à tona. Nele, os peritos pedem para fazer uma retificação parcial do laudo.

Eles afirmam que, após tomarem conhecimento do resultado do laudo feito pelos peritos federais, fizeram uma nova análise da digital e se convenceram de que foram induzidos a um "falso positivo". Mais a frente, reconheceram o erro e confirmaram o resultado do laudo federal.

Os peritos destacaram a avançada tecnologia usada pelo Instituto Nacional de Identificação na identificação de digitais - procedimento que, segundo eles, ainda não está disponível em Pernambuco. O ofício foi assinado pelos peritos Adenaule Geber, Sidney Bezerra e Ricardo Freitas.   

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