Pernambuco registrou, no primeiro semestre de 2020, um crescimento no número de homicídios acima da média nacional. Em seis meses, 1.962 pessoas foram assassinadas. Enquanto que no mesmo período do ano passado, foram 1.755. O aumento foi de 11,8%. Já a média nacional, que também registrou crescimento no número de mortes violentas, foi de 7,1%. Os dados, divulgados nesta segunda-feira (19), fazem parte da nova edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Depois de Pernambuco comemorar 24 meses consecutivos de queda, até em novembro de 2019, os meses seguintes foram de aumentos sucessivos no número de homicídios. A exceção foi agosto deste ano. Nem mesmo o isolamento social, provocado pela pandemia do novo coronavírus, foi capaz de contribuir para interromper o ciclo de crescimento da taxa de violência armada no Estado.
No geral, segundo apontou o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, todas as taxas ligadas às mortes violentas em Pernambuco cresceram no primeiro semestre deste ano, se comparado com o mesmo período de 2019. Os assassinatos de mulheres saltaram de 98 para 109 (+ 11,2%). Os feminicídios subiram de 28 para 32 (+24,4%). Uma exceção foi o número de latrocínios (assalto seguido de morte). No primeiro semestre de 2019, foram 63 casos. Já no mesmo período deste ano, 59.
MORTES A ESCLARECER
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública também apontou as taxas de mortes a esclarecer - que são aquelas que, inicialmente, não são caracterizadas como homicídios porque podem ser suicídio ou falecimento por causas naturais, por exemplo.
Em Pernambuco, a taxa de mortes a esclarecer também subiu. Em 2018, foram 183 registros. Já em 2019, foram 226. O aumento é de 22,7%. Os dados do primeiro semestre deste ano não foram divulgados pelo estudo.
HOMICÍDIOS EM CRESCIMENTO NO BRASIL
Depois de uma queda no número de assassinatos, entre o início de 2018 até setembro de 2019, o País também observa o aumento da taxa de mortes violentas. O Anuário apontou que 24.012 pessoas foram vítimas de homicídio no primeiro semestre de 2019. Já no mesmo período de 2020, esse número saltou para 25.712. O crescimento foi de 7,1%.
Além de Pernambuco, outros 13 estados apresentaram uma taxa acima da média nacional: Paraíba, Maranhão, Espírito Santo, Sergipe, Alagoas, Paraná, Santa Catarina, Rondônia, Tocantins, Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e São Paulo.
Seis estados apresentaram queda nos índices: Pará (-25,1%), Roraima (-23,4%), Goiás, que não disponibilizou o número de mortes decorrentes de intervenção policial para o 1o semestre de 2020 (-17%), Rio de Janeiro (-10,9%) e Rio Grande do Sul (-7,2%) e o Distrito Federal (-2,1).
SDS SE PRONUNCIA
A Secretaria de Defesa Social informa que já colocou em prática um conjunto de ações para fazer os homicídios recuarem em Pernambuco, como ocorreu nos anos de 2018 e 2019, quando o Estado destacou-se nacionalmente como a unidade da federação com maior percentual de redução nos crimes letais contra a vida. O policiamento ostensivo e especializado está sendo reposicionado em áreas estratégicas, assim como foram intensificadas operações de repressão qualificada e investigações focadas em grupos de extermínio e do tráfico de drogas. Somente no mês passado, 185 homicidas foram capturados pelas polícias.
O levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que o Nordeste foi especialmente impactado pelo crescimento dos homicídios durante a pandemia, catalisadora de crise econômica e desemprego em uma região vulnerável. Nesse contexto, as dívidas referentes ao consumo e tráfico de drogas passaram a ser cobradas com a vida. No entanto, é importante ressaltar que o Nordeste teve aumento médio de 23,4% no primeiro semestre de 2020, enquanto Pernambuco avançou 11,8% (ou seja, metade da média regional). Dos 9 estados nordestinos, todos ampliaram o número de assassinatos, e Pernambuco ficou com a terceira menor variação percentual, bem próximo à da Bahia (+10,1%) e acima da registrada pelo Piauí (+7,1%).
Durante esse período, Pernambuco completou um longo período de queda nos roubos e furtos. Tanto é que o levantamento nacional atesta uma redução dos latrocínios, que são os homicídios motivados pela subtração de bens. As forças de segurança pública estão trabalhando de forma integrada e técnica para preservar todas as vidas e fazer o crime recuar. O Anuário destacou ainda o Estado entre os quatro com menor taxa de mortalidade por uso da força policial, com índice de 0,8 por 100 mil, contra 3 por 100 mil da média nacional.
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