Policiais suspeitos de agressão a garota, no Recife, seguem trabalhando normalmente
Polícia Militar se nega a informar se os PMs foram identificados
Apesar das imagens chocantes que circulam nas redes sociais há dias, além da divulgação na imprensa, os policiais militares investigados por agressão a uma adolescente negra de 15 anos seguem trabalhando nas ruas normalmente. O episódio lamentável foi registrado no bairro da Mangueira, Zona Oeste do Recife, na última sexta-feira (1º).
Um dos policiais que aparece no vídeo chega a imobilizar a garota com o joelho sobre seu pescoço - movimento semelhante que levou à morte de George Floyd, nos Estados Unidos, no ano passado, e que despertou manifestações contra o racismo ao redor do mundo.
A Polícia Militar de Pernambuco foi questionada pela coluna Ronda JC, nesta quarta-feira (06), se os policiais que aparecem no vídeo foram identificados, mas não houve resposta. Em uma breve nota, a corporação disse apenas que "a Corregedoria Geral da SDS (Secretaria de Defesa Social) instaurou Investigação Preliminar para apurar possível infração disciplinar cometida por servidores da segurança pública. Caso haja elementos suficientes, poderá ser instaurado um Procedimento Administrativo Disciplinar".
A PMPE completou a nota dizendo que "do ponto de vista interno, a PM também está conduzindo investigação, tendo a adolescente sido ouvida duas vezes, sempre na concordância e companhia de sua representante legal, pela Delegacia de Polícia Judiciária Militar, com intuito de garantir a celeridade da apuração e preservação das garantias da jovem, assim como o direito ampla defesa e ao contraditório dos envolvidos".
ENTENDA O CASO
A adolescente contou que sofreu a agressão após questionar os policiais do motivo de estarem prendendo o irmão dela, de 21 anos. "Fui perguntar o que estava acontecendo com meu irmão. Ele (o policial) disse para eu sair, chamei minha tia, que pegou o documento dele, mas nessa abordagem ele queria colocar meu irmão algemado dentro da mala, quando estávamos perguntando o motivo começou a agressão no meu irmão, aí eu disse para não bater nele, pois não pegaram ele com nada, e ele me agrediu também. Deu uma rasteira em mim, puxou meu cabelo, fiquei deitada, com as mãos para trás. Ele colocou o joelho no meu pescoço", afirmou, em entrevista à TV Jornal.
Após a cena, ela disse ainda ter sido colocada na viatura e ameaçada de morte. "Eu chorava muito, pedia ajuda, minha tia tentou me ajudar e foi empurrada, meu tio também foi empurrado, ele é idoso. Me colocaram na mala (do carro), ficaram fazendo malícia comigo, ameaçando, dizendo que iam matar eu e meu irmão. Fiquei com medo, passei sábado e domingo com medo de sair na rua", concluiu a adolescente.
A adolescente está com dificuldades para andar por conta dos hematomas. O caso também é investigado pela Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA), no âmbito criminal.