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Processo criminal de kombeiro do Caso Serrambi está parado na Justiça há um ano

Marcelo José de Lira, absolvido pelos assassinatos das adolescentes Maria Eduarda Dourado e Tarsila Gusmão, responde atualmente pelo crime de receptação qualificada

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Raphael Guerra

Publicado em 15/12/2021 às 6:30 | Atualizado em 15/12/2021 às 20:01
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Conhecido pelo famoso Caso Serrambi, o kombeiro Marcelo José de Lira é réu pelo crime de receptação qualificada desde 2015. Mas o processo ainda não foi julgado e, há exatamente um ano, está travado na Justiça. Por causa da pandemia da covid-19, a Vara Criminal da Comarca de Ipojuca suspendeu audiências de instrução e julgamento que estavam marcadas para o processo em 2020. E também, até hoje, não marcou uma nova data, já que a prioridade são para audiências com réus presos. Marcelo está em liberdade.

Entenda o processo criminal

Marcelo José de Lira foi preso em flagrante usando uma kombi roubada e com placas e chassi adulterados em 20 de outubro de 2015. De acordo com a polícia, o kombeiro foi encontrado na PE-60, em Ipojuca, onde estava usando o veículo para fazer o transporte e lotação de passageiros. Os policiais descobriram que a kombi havia sido roubada no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife. Na época, a Polícia Civil não apontou quem foi o responsável pelo roubo.

Marcelo chegou a passar três dias no Centro de Observação e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima, mas teve a liberdade provisória concedida pela Justiça, mediante pagamento de fiança.

O processo pelo qual Marcelo responde está, ainda, na fase de instrução e julgamento, ou seja, testemunhas de acusação e defesa serão ouvidas, além do interrogatório do réu. Por fim, haverá espaço para a apresentação das alegações finais do Ministério Público e da defesa do kombeiro. E, com o fim dessas etapas, o juiz poderá dar a sentença. 

CASO SERRAMBI

 

Foto: Reprodução
Superior Tribunal de Justiça confirmou decisão de dois tribunais anteriores que absolveram os acusados Marcelo e Valfrido Lira - Foto: Reprodução

Os assassinatos das adolescentes de classe média alta Maria Eduarda Dourado e Tarsila Gusmão, ambas de 16 anos, na praia de Serrambi, Litoral Sul de Pernambuco, completaram 18 anos em maio de 2021. Os irmãos kombeiros Marcelo Lira e Valfrido Lira da Silva, acusados pelo crime, foram absolvidos em júri popular em 2010. Houve recursos em instâncias superiores, mas o caso está encerrado desde dezembro de 2018, quando o processo transitou em julgado no Superior Tribunal de Justiça (STJ). 

Maria Eduarda e Tarsila estavam passando o feriado do Dia do Trabalhador com um grupo de amigos na Praia de Serrambi. Elas caminhavam sozinhas à beira-mar, no dia 03 de maio de 2003, quando não foram mais vistas. Amigos procuraram por elas, mas disseram não ter encontrado nenhuma pista. Dez dias depois,o empresário José Vieira, pai de Tarsila, encontrou os restos mortais das adolescentes em um canavial em Camela, no distrito de Ipojuca.

As investigações conduzidas pela Polícia Civil apontaram os irmãos kombeiros como os responsáveis pelo crime. Entre as provas, objetos encontrados no local do crime e na kombi de Marcelo, como fio de nailon, barbeador da mesma marca e cor usado pelo kombeiro e fios de cabelo que se assemelhavam aos das vítimas. Três testemunhas afirmaram ainda terem visto as vítimas pedir carona na Praia de Porto de Galinhas. Mas o resultado foi contestado mais de uma vez pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE).

O então promotor de Ipojuca, Miguel Sales (falecido em 2014) chegou a pedir novas diligências três vezes, colocando em xeque as investigações, que acabaram nas mãos da Polícia Federal. Mesmo após a Polícia Federal assumir as investigações do Caso Serrambi e concluir que os kombeiros eram os culpados pelas mortes, a sociedade pernambucana continuou dividida, porque surgiram vários boatos em relação à forma como as vítimas foram mortas.

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