Quatro homens viram réus pela morte do menino Jonatas em Barreiros, Mata Sul de Pernambuco
Investigações concluíram que detento queria as terras onde vivia a família da criança, por isso houve a ordem para que o pai fosse assassinado
Quatro homens - incluindo um detento do sistema prisional de Pernambuco - foram denunciados pelo Ministério Público e, agora, viraram réus na Justiça pelo assassinato do menino Jonatas de Oliveira dos Santos, de 9 anos. O crime chocante foi na cidade de Barreiros, Mata Sul do Estado, em 10 de fevereiro de 2022.
As investigações conduzidas pela Polícia Civil, e acompanhadas pelo Ministério Público, apontaram que o alvo dos criminosos era o pai da criança, o líder rural Geovane da Silva Santos, que se negou a negociar com traficantes para repassar as terras do Engenho Roncadorzinho - onde também viviam cerca de 70 famílias.
A coluna Ronda JC teve acesso a novos detalhes das investigações.
"Constatou-se que o denunciado e chefe do tráfico de drogas da cidade de Barreiros-PE, Antônio Carlos da Silva, vulgo Buchudo, possuía interesse na aquisição das terras pertencentes a vítima Geovane da Silva Santos. Terra esta que se encontra em litígio judicial com os proprietários da Agropecuária Javari. Ocorre que o Geovane negou-se a vender o imóvel e, por esse motivo, Buchudo deu a ordem, de dentro do presídio, para que seus comparsas fossem até a casa da vítima e o assassinassem", pontuou a denúncia do Ministério Público.
Segundo as investigações, os três homens que receberam a ordem e mais quatro adolescentes - todos encapuzados e armados - invadiram a casa. Durante o crime, Jonatas estava deitado no sofá da sala. Ele chegou a ser agredido fisicamente e correu para debaixo da cama da mãe. Mesmo assim, foi morto a tiros na frente dela e dos irmãos. O pai, como se sabe, conseguiu fugir da residência antes de ser assassinado.
Todos os sete envolvidos na morte de Jonatas foram identificados pela polícia.
Na decisão de tornar réus os quatro adultos, o juiz Rodrigo Caldas do Valle destacou que o detento, "apesar de se encontrar preso há mais de dez anos, continua comandando o tráfico de drogas na cidade de Barreiros, bem como continua praticando os mais diversos crimes de dentro do sistema penitenciário de Pernambuco, utilizando-se de aparelhos celulares e familiares para realizar comunicação externa".
CRIMES
Os crimes atribuídos ao grupo são homicídio duplamente qualificado (motivo fútil e sem chance de defesa da vítima), tentativa de homicídio (por causa do pai da criança que seria o alvo), associação criminosa, associação para o tráfico e corrupção de menor.
O Ministério Público também solicitou à Justiça a prisão preventiva dos quatro homens. O pedido foi concedido.
Ainda não há data para julgamento dos acusados.
Vale lembrar que os adolescentes respondem por atos infracionais equivalentes aos crimes, como determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Trata-se de um outro processo à parte.