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FLORDELIS foi de estrela gospel a condenada por assassinato; relembre a história dela

Flordelis foi condenada a 50 anos e 28 dias de prisão pela morte do marido

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Everton Macário

Publicado em 14/11/2022 às 15:20 | Atualizado em 14/11/2022 às 16:17
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Com informações da Estadão Conteúdo

A ex-deputada federal Flordelis foi condenada, nesse domingo (13), a 50 anos e 28 dias pela morte do marido, o pastor Anderson do Carmo. O crime foi em 16 de junho de 2019, na casa da família, em Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro. 

Flordelis foi condenada pelos crimes de homícido duplamente qualificado, associação criminosa armada e uso de documento falso. 

O julgamento de Flordelis começou às 9h da última segunda-feira (7), e terminou às 7h20 do domingo (13). 

 

Além da ex-deputada Flordelis, sua filha biológica, Simone do Santos Rodrigues, também foi condenada pela morte do pastor Anderson. 

A decisão foi tomada pela 3ª Vara Criminal de Niterói após mais de seis dias de julgamento em júri popular.

Flordelis foi a responsável por planejar o homicídio do marido, além de ter convencido o executor direto e demais acusados a participarem do crime sob a simulação de ter ocorrido um latrocínio, tendo ainda financiado a compra da arma e avisado sobre a chegada da vítima no local em que foi executado.

Foram Inocentados:

  • A neta Rayane dos Santos
  • Marzy Teixeira e André Luiz de Oliveira, filhos adotivos de Flordelis

As investigações apontadas afirmam que o crime teria sido motivado pelo rigoroso controle das finanças familiares e administrativas, não permitindo tratamento privilegiado às pessoas mais próximas da Flordelis.

Fernando Frazão/Agência Brasil
Flordelis é condenada pela morte do marido - Fernando Frazão/Agência Brasil

FLORDELIS: QUEM ERA A CANTORA QUE FOI MANDANTE DA MORTE DO MARIDO? RELEMBRE A TRAJETÓRIA

Nascida na favela do Jacarezinho, zona norte do Rio, Flordelis começou cedo a cantar em cultos evangélicos, ambiente em que desenvolveu fama e influência. Perdeu o pai e o irmão em um acidente de carro quando tinha 14 anos. 

Flordelis acompanhava a mãe, Carmozina Motta, em uma rotina evangélica, da qual participava cantando e tocando guitarra. Logo começou a realizar cultos. A ex-depautada Completou o ensino médio e trabalhou como balconista em uma padaria e também foi professora de educação infantil.

No início dos anos 1990, ainda no Jacarezinho, Flordelis acolheu dezenas de crianças e adolescentes pobres, ainda que sem processos formais de adoção na Justiça. Certa vez, quando já vivia com Anderson, foram 37 menores, conforme relata, fugidos de uma chacina na Central do Brasil, no centro da cidade.

Mas já na adolescência foi chamada de "a missionária do tráfico", por resgatar menores da marginalidade.

Aos 30 anos, recém-separada do primeiro marido e com três filhos biológicos (Simone, Flávio e Adriano), Flordelis conheceu o pastor Anderson, que na época tinha 14 anos e também era morador da comunidade.

Diferentemente dos jovens que Flordelis acolhia, Anderson não tinha problemas com drogas nem envolvimentos em crimes. Nascido e criado na comunidade, vivia com os pais e estava concluindo o ensino médio no Colégio Pedro II, tradicional escola federal no bairro de São Cristóvão. Também era jovem aprendiz no Banco do Brasil.

Na época, Flordelis e sua mãe já tinham aberto uma igreja, no Jacarezinho. Anderson se tornou líder do grupo de jovens. Não muito depois, e apesar da pouca idade, se tornou uma espécie de administrador da casa de Flordelis, visto como um líder pelos demais.

Dentre os jovens que ela acolheu, um deles - Wagner Andrade Pimenta, o Misael - passou a gravar os cultos ministrados por Flordelis e a fazer cópias em CD e DVD para vender nas igrejas por onde passavam. A parceria de Anderson e da cantora se consolidou enquanto ela pregava e ele transformava em dinheiro as pregações, que vendia pelas ruas.

REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS
Anderson do Carmo e Flordelis - REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS

FLORDELIS E ANDERSON 

Juntos, Flordelis e Anderson fundaram a Comunidade Evangélica Ministério Flordelis, em 1999, no Rocha, zona norte do Rio. Anderson era presidente da instituição. No início dos anos 2000, o ministério foi transferido para São Gonçalo, na região metropolitana do Rio. A igreja chegou a ter cinco filiais.

Em 2007, com a influência florescendo nas igrejas evangélicas que criou, Flordelis fundou o Ifam (Instituto Flordelis de Apoio ao Menor). Seu trabalho de acolhimento estava ficando cada vez mais conhecido enquanto sua carreira como cantora decolava. Ela lançou quatro álbuns independentes -,

Com a carreira como pastora e cantora gospel em franca ascensão, a carioca foi tema do filme Flordelis - Basta uma palavra para mudar, que marcou o auge de sua fama.

A produção teve a participação de atores famosos, como:

  • Marcello Antony (interpretando Anderson)
  • Ana Furtado
  • Leticia Sabatella
  • Alinne Moraes
  • Bruna Marquezine
  • Reynaldo Gianecchini
  • Cauã Reymond 
  • Deborah Secco

Todo o dinheiro arrecadado foi investido na construção de um centro de reabilitação para jovens e na compra de uma casa para a pastora

Um ano depois do filme, graças a articulações de Anderson, Flordelis assinou com a gravadora evangélica MK Music, do senador Arolde de Oliveira, e lançou "Fogo e Unção". 

Em 2112,   Flordelis lançou o seu CD "Questiona ou Adora’', seu maior sucesso, com mais de 80 mil cópias vendidas e um disco de platina. Entre 2014 e 2018, lançou outros dois discos de estúdio, dois EPs (extended play) e um DVD.

No Brasil e no exterior, seus shows eram completamente lotados, ao total de dez apresentações nos EUA e Canadá apresentações com música e pregação.

Flordelis afirmava ser mãe de 55 filhos, a maioria afetivos, e a desburocratização da adoção foi a bandeira que a elegeu deputada federal, pelo PSD, em 2018, na onda bolsonarista.

Foi a quinta mais votada no estado, com 196.959 votos, feito importante para quem havia tentado vaga de vereadora em São Gonçalo, em 2004, recebendo pouco mais de 2 mil votos.

Em 2016,  A cantora havia tentado concorrer à prefeitura de São Gonçalo pelo PMDB e chegou a figurar como pré-candidata. Mas o principal nome da coligação foi o então prefeito Neílton Mulim (PR), que concorreu à reeleição e terminou em terceiro lugar.

Nenhum dos projetos de Flordelis como deputada teve grande impacto nem foi aprovado. Um dos textos define regras para o armazenamento de dados de clientes por operadoras de cartão de crédito e débito. Outro institui um sistema nacional para localização de pessoas desaparecidas e bens subtraídos.

Um terceiro reconhece os direitos do nascituro, inclusive os gerados por meio de estupro. Outro obriga a exibição de mensagens de combate à exploração sexual de crianças e adolescentes por emissoras de rádio e TV antes e após a transmissão de conteúdo sexual.

Em Brasília, Flordelis estava sempre com o marido, que chegou a conseguir um crachá para circular no plenário da Câmara dos Deputados. Anderson fazia as articulações.

Conseguiu que ela fosse recebida pela primeira-dama Michele Bolsonaro, no Palácio da Alvorada e pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli. Também foi do pastor a articulação de um seminário sobre adoção na Câmara dos Deputados, realizado pouco mais de duas semanas antes de sua morte.

O mandato de Flordelis como deputada foi cassado em agosto do ano passado, quando o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou, por 16 a 1, parecer nesse sentido. Depois, acabaria presa, na espiral que tragou o seu sucesso a partir do assassinato de Anderson.


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